quinta-feira, 7 de maio de 2009

Quinta, não muito solitária...


O quarto estava escuro e ela continuava deitada sobre a cama. Não estava dormindo, estava pensando na vida. No tédio que era a sua vida. Levantou. Caminhou, um pouco zonza, até a janela. Abriu-a o suficiente para permitir entrar a brisa da manhã. O dia estava bonito, com um céu claro, limpo e de um azul tão intenso.


-Droga! - resmungou- Como eu queria que você estivesse aqui!


Decidiu ir ao jardim e, ao chegar, andou em direção ao balanço que se sustentava sobre um dos grandes galhos do Ipê Amarelo que ali ficava. Sentada, começou a observar as plantas ao seu redor. Sentiu-se um pouco sufocada no meio de tantas. As orquídeas foram as que mais chamaram sua atenção. Além de seu formato intrigante, elas são delicadas, cheias de detalhes e muito belas. Porém, são muito dependentes. Essa espécie de planta precisa de um suporte para buscar luz. Suas raízes extremamente sensíveis fixam no tronco da árvore sem a prejudicar, de forma a ganhar altura e conseguir o que precisa. Ela não é um parasita, apenas necessita desse auxílio para se manter viva.


-Sou como uma orquídea! - Concluiu olhando uma que se encontrava bem próxima a ela, presa sobre o tronco do próprio Ipê.


Andou em direção à flor e passou, delicadamente, os dedos sobre as formas do pequeno vegetal que ali se encontrava. Inesperadamente, arrancou a planta e a jogou sobre o solo.


-Pronto! -Disse - Agora você parece mais comigo. Sem o apoio que a faz viver. Incapaz. Morta...

2 comentários:

  1. "uma planta sem vaso que não quer saber de suas raízes"... Às vezes, o que se precisa é de um pouco de ar fresco e grama.
    [E saiba que um de seus tronquinhos de árvore estará sempre pronto pra te dar suporte, HÃ.]

    ResponderExcluir
  2. Graça!Graça!
    Nunca duvidei que você seria um dos meus suportes!

    ResponderExcluir