sexta-feira, 16 de julho de 2010

Abstrato de mim mesmo




Eu queria que as coisas fossem mais claras. Ou que, pelo menos, não fossem tão absurdamente indecifráveis. Fico perdido no ponto da inconstância sem saber em qual linha se desenrrolará o que eu realmente quero. Mas meu querer também é inconstante, como se não houvessem linhas ou pontos, entende? É o tudo dentro do nada ou o nada dentro do tudo. Tem diferença? No fim das contas é tudo e nada.

Hoje eu quero, amanhã eu não quero. Depois eu me arrependo e logo eu supero. Será que estou andando em círculos, ou simplesmente não andando? Eu acho que estou aprendendo. Mas achar é não ter certeza. E não ter certeza é inconstante. Ah! Podia ser mais fácil essa coisa de achar e sentir. Tudo gira em torno de significados. Vocês sabe o que é ter significado? O que significa ter significado? Qual o meu significado pra você? Eu significo alguma coisa? Perguntas... Tudo termina em perguntas. E as respostas? - Viu? Outra pergunta!-. As respostas são incertas. Mas se são incertas não podem ser respostas. Então, por que são? Talvez porque no meio das incertezas elas sejam as que mais se aproximam ou justificam as perguntas. Mas, se são verdades...Ah! Verdades também são mitos ou aparentam serem utópicas. Não quero falar disso. Me sinto mais preso no círculo de mim mesmo.


Eu posso concluir, ou achar que se trata de uma conclusão, sem saber, ao certo, o que realmente é, que eu sei o que eu sinto, mas no fundo não sei o que eu quero. Talvez porque não sei o que você sente, e se realmente sente, e muito menos o que quer. Então eu arrisco. Arrisco continuar sentindo. Arrisco acreditar no que você diz que sente, porque a vida também é inconstante. E quem não se arrisca, não se aproxima, nem que por um pouco, dos significados, das verdades e das certezas do quer realmente queremos. É tudo e nada. Tudo ou nada.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Sabor morango...

Sorrisos, olhares tímidos, suspiros, cochichos. Sentados em mesas bem próximas, vez ou outra nossos olhares se cruzavam. Interessante. Olhos castanhos claros que, ao enxergarem os meus acelerava meus batimentos cardíacos. As mãos tremiam, um misto de prazer e medo. Queria chamar pra conversar, perguntar o nome. Me faltou coragem. Minhas pernas me expulsavam a me prendiam à cadeira, de forma bem paradoxal. O nervosismo tomava conta. E se for fruto da minha imaginação? Quem me garante que estava mesmo sendo notado? Levantei por fim, mas não fui em direção à mesa que, talvez, me convidava. Fui em direção ao banheiro.

Ao voltar, lá estava. No mesmo lugar, com o mesmo olhar. Ah! A vontade de conhecer preenchia o meu eu. Queria conversar e descobrir, pelo menos o nome de quem possuía aqueles olhares tão furtivos que me atraíam incomensurávelmente. Lindos olhares. Discretamente me pus a admirar os traços daquele rosto. Sobrancelhas expressivas que davam todo o poder à aqueles olhos tão translúcidos. O sorriso grande que preenchia aqueles lábios bem desenhados. Ah! Que lindo. Lindo rosto.

Nossos olhares, então, se cruzaram mais uma vez. Ficamos uns segundos nos encarando e eu não consegui me conter. Despreendeu-se dos meus lábios um sorriso tímido. Como resposta, retribuiu meu sorriso e ergueu as sobrancelhas amavelmente. Ah! Fiquei abobado. Enquanto, naquele instante, uma estranha alegria dominava meu eu. Aqueles olhares acompanhados de um lindo sorriso vinham em minha direção.
- Posso me sentar? - disse.
- Claro! - respondi.

Puxou uma cadeira e sentou-se ao meu lado. Nos admiramos discretamente à medida que o diálogo ia se desprendendo. Que agradável. A naturalidade como tudo aconteceu, os assuntos das conversas, as músicas de fundo, tudo. Tudo estava em harmonia com a companhia, adorável companhia que estava sentada ao meu lado.
Novamente, porém dessa vez mais próximos, nossos olhares se econtraram. Nossos lábios encerraram o assunto para, enfim, se tocarem. Beijamos. Ah! Que beijo bom. Minha boca em contato com a sua parecia se completar. Um beijo na medida, em perfeito equilíbrio harmônico. Mal sabia eu que, seu doce beijo não saíria da minha cabeça. Um beijo com gosto de morango. Sei que você mascava um Trident com este sabor, mas não importa, ele sempre vai ter gosto de morango pra mim. Todas as vezes que eu te beijei depois deste primeiro. Todas as vezes, até hoje, o seu beijo sempre teve gosto de morango.
Foi assim que eu te conheci, foi assim que você começou a me marcar. O rumo que nossa história vai tomar é cedo de mais pra precisar. Mas uma coisa eu tenho certeza, independente do que aconteça, nunca esqucerei do seu belo sorriso, do seu olhar marcante e do seu beijo sabor morango. Porque são essas pequenas coisas, esses pequenos significados que constituem e marcam o meu pequeno grande coração.