domingo, 27 de setembro de 2009

Adicione açúcar para enganar...


Ele abria o armário quando ela chegou. Ela encarou-o por uns instantes e foi até a pia. Ele pegou do armário um pote e o depositou sobre a mesa. Abriu-o e retirou de lá umas colheradas do seu conteúdo, acrescentando-as na tigela. Fazia uma torta e o ingrediente adicionado era açúcar. Da pia ela o observava atentamente - ele sempre soubera que ela gostava de tortas de morango-. Ela sorri pra ele, mas ele adiciona limão na receita. Então a moça percebe que a torta não era de morango, era de algo mais azedo e que o açúcar que ele depositara só serveria para disfarçar esse sabor. Ele sabia que ela não gostava de limão. O sorriso apagou aos poucos do rosto da moça. Ela o encarou, e com os olhos perguntava o porquê de tudo aquilo. O porquê ele fazia isso com ela. Ele sorriu secamente e pouco se importou com a lágrima que escorreu timidamente de um dos olhos opacos da moça. Ela desviou sua atenção para o vaso de flor da janela. Ele não percebia o quanto a fazia sofrer e pouco se importava em perceber. Ele não a percebia mais. Não se importava com ela mais. Tentando se manter forte, ela caminhou até a mesa, pegou um limão da sacola que se encontrava ali. Ele parou por um instante. Ela espremeu os limões em um copo. Ele a admirava curioso. Ela adicionou água, misturou por um instante e bebeu o suco sem nem adicionar açúcar. Assustado, ele disse: "Mas você não gosta de limão!". Ela riu um pouco trêmula: " Não gosto?". Ele respondeu: "Não. Você sempre disse que limões azedavam a vida!". Ela acrescentou: " E não é o que você fez com a nossa?!"

domingo, 13 de setembro de 2009


E o amor me faz acreditar que tudo é possível!


Amo e continuarei amando...

Para poucos...


Às vezes eu me pergunto o porquê a vida faz isso com a gente. Mas, sinceramente, pouco importa o que a vida faça, eu continuarei aqui, sentindo, obeservando, ouvindo, vivendo. Vivendo coisas boas ou ruins. Chorando ou rindo. Amando ou sofrendo de amor...O que for, sempre estarei sentindo. Sempre estarei aprendendo.


O erro. O erro faz parte. Temos direito de errar e dever de procurar o acerto. A gente também aprende assim. Não é a melhor maneira, mas funciona. Sabe, erraram comigo. Me fizeram chorar, soluçar, perder o ar, rolar no chão e.

E eu também aprendi. Aprendi que perdoar não é difícil quando se ama. Perdoar um erro é respeitar o direito de errar das pessoas. É acreditar na evolução delas, é crer que elas possuem a capacidade de acertar, por mais doído que tenha sido o erro. Mas, persistir nele é destruir o perdão que, tão sublimemente foi concedido. É ignorar os sentimentos que tão puros envolviam e enalteciam a esperança de um possível acerto. É pisotear em quem, tão puramente amou e perdoou.


"Procuro a Solidão
Como o ar procura o chão
Como a chuva só desmancha
pensamento sem razão
Procuro esconderijo
encontro um novo abrigo
como a arte do seu jeito
e tudo faz sentido
calma pra contar nos dedo
beijo pra ficar aqui
teto para desabar
você para construir
"
(Ana Cañas)

sábado, 5 de setembro de 2009

No balanço da vida...


Direita, esquerda. Esquerda. Esquerda. Esqueça. Virei à esquerda mesmo assim. O balanço do parque estava inabitado e a solidão era o que eu procurava naquele momento. Não que eu gostasse dela, mas necessitava ficar sozinho. Sentado na madeira desgastada do velho balanço me pus a balançar vagarosamente, sem retirar os pés da grama úmida e macia. O dia estava claro e fazia muito calor. Observando os meus dedos descalços amassar a verde grama, ao som do ranger das correntes da gangorra, sentia uma névoa dominar o meu espírito. Não era uma névoa ruim, mas algo que, realmente, despertava os meus sentidos. Fechei os olhos, e ao abrí-los percebi que algo em minha visão mudara. Enxergava mais detalhes, mais cores. Um sentimento estranho de paz, somado com felicidade foi preenchendo o meu corpo. Sonhos renovados e novos vieram em minha mente com toda intensidade, que sentia a realização deles mais possível e próxima. Sentia o ar mais puro e úmido. Enxergava a minha capacidade de construir um futuro que tanto almejei. Sentia a minha vida! Uma vida bela e sem sofrimento.


Derrepente meus olhos se encheram de lágrimas. A felicidade tinha evaporado pelos poros da minha pele como álcool ao ar. A paz se tranformava em conflito e uma briga interna me impediu de ver a cor do dia. Tudo se tranformava em penumbra. Com a mão na boca, abafava os soluços que vinham com o choro. Me sentia impotente. Me sentia fraco. Me sentia inútil. Um frio reinava no meu coração. Minha alma despedaçava. Minguava aos poucos...


No meio de toda aquela solidão sentia uma pitada de esperança. E então a confusão de sensações começava. Ora estava em paz, ora em conflito. Ora ria, ora chorava. Queria morrer, queria viver a eternidade. Meus sentimentos me confundiam. Estavam voláteis. Ora andavam, ora desandavam. Como o balanço no qual permanecia-me. Pra frente, pra trás. Pra frente, pra trás. pra frente...