sábado, 30 de maio de 2009

Um terço de sábado...


Acordei. Não levantei da cama. Preferi imaginar o meu dia já planejado. Um dia perfeito. Havia esquematizado cada momento daquele sábado. Me sentia bem. Ia ser maravilhoso. Pensava em cada segundo de pura felicidade. Levantei, por fim. Andei, quase que pulando, até a cozinha e me servi de um lindo café da manhã. O tempo estava frio, do jeito que eu queria que estivesse. Achei mais perfeito ainda. Corri até o jardim e afundei meus pés descalços na grama macia. Olhei para cima, apesar de frio, o céu estava limpo. Respirei fundo. Senti o ar puro da manhã purificar toda a minha alma. Como estava feliz. Voltei para meu quarto com um lindo sorriso estampado no rosto. Resolvi tomar um banho. Acariciei os cachos do meu cabelos carinhosamente debaixo da água morna do chuveiro. Relaxei. Estava em paz. Paz de espírito, tudo porque o dia havia chegado. Ao sair do banho me vesti com muito cuidado, combinando cores e estampas. Escolhi um roupa clara, com cores não muito fortes. Me senti purificado. Me senti leve. Enquanto esperava o telefonema, resolvi assistir um filme. Horas se passaram. Comecei a ficar ansioso. Meus pais começaram a brigar. Comecei a me estressar. Fui incluído na discussão. Brigamos. Voltei para o meu quarto logo em seguida, não tão feliz como antes. Respirei fundo e resolvi me distrair na internet. Horas se passaram. Almoçei. Nada do telefonema. Resolvi ligar. Não me atenderam. Perdi o brilho do olhar. Comecei a perder, também, as esperanças. Passei a tarde inteira na frente do computador. Meu dia perfeito não tinha nada de perfeito. Não estava mais feliz. Nem me importava mais com os raios solares que entravam na minha janela. Deu tudo errado, por fim. Nada do que havia programado aconteceu. Me entristeci.

Refleti: Valia a pena? Valia a pena ficar triste porque não deu certo o programado? Pensei no quão estava feliz mais cedo, e conclui que não valia a pena. As coisas acontecem porquê tem que acontecer. Não devemos nos prender nas ilusões de programações imprecisas. Se há saída, saia. Se há volta, volte. Se há caminho, siga. Mas, nunca pare no meio. Voltei a sorrir. Levantei da cadeira e fui fazer valer a pena aquele resto de sábado. Um resto que, apesar de pequeno, me deu muita felicidade.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Sexta, e as energias...

A água estava fria. Entrei mesmo assim. Era disso que eu precisava...

-Você acredita se eu te falar que já tomei banho de sal grosso?
-Acredito! - Respondi-.
-É muito bom! Lava a alma!
-Eu preciso lavar a minha!
-Você está tão mal assim?
-Você acredita em energias?
-Claro!
-Pois é! Eu sei passar! Sou médium!
-Sensitivo, não é?!
-Talvez...
-Você está com energias negativas, é isso?
-Estou apagado...Sem energias!

Levantei. Lavei o rosto. Me despedi e fui embora. Como faço? Como faço para melhorar? Auto-estima, talvez. A paciência é fundamental, disso eu tenho certeza. Anoiteceu.

-Boa noite!
-Olá! Que bom que você veio!
-Pois é! Me animei de última hora...
-Já comeu empada de chocolate?
-Não!
-Espera... - Disse ao mesmo tempo em que vasculhava dentro da bolsa com o rosto da Marilyn Monroe estampada - Toma!
-Ah! Obrigado!
-Moço! Vamos ver o Fantasma da Ópera?
-Claro! - Respondi dando-lhe um belo sorriso-.

Talvez eu tenha encontrado o remédio: Amigos. Cultive-os, afinal eles são uma bela fonte de alegrias! Me senti melhor. Recarregado...

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Quinta, e uma acidental descoberta...

Era noite. Estava sentado no banco mais alto do ônibus. Localizado bem ao centro deste. Encostado no vidro, pensava na vida e nos últimos acontecimentos.

"Você vai me ver muitas vezes ainda! " -Foram as minhas últimas palavras.

O sono começava a dominar cada pedaço do meu corpo. Distraídamente começei a observar as pessoas ao meu redor. Uma senhora de casaco preto parecia cansada e com vontade de estar em casa, mais à vontade na frente da televisão. Uma jovem de cabelos castanhos ondulados se encontrava em minha frente. Estava muito concentrada no livro que lia. Outra mulher papeava com uma amiga bem ao meu lado, de maneira à combinar um possível passeio no próximo final de semana. Um senhor carregado de sacolas pesadas e cheias cochilava em um canto. A vida pacata e monótona das pessoas começava a dominar o meu eu interior. Meus pensamentos estavam me sufocando. Minha cabeça queria rodar. Não aguentava mais pensar em mim. Inesperadamente, meus pensamentos foram interrompidos por um carro branco que, em alta velocidade veio em direção ao ônibus, colidindo com este de frente de forma a ser arremessado à banca de revistas que se encontrava logo na esquina. O som dos pneus derrapando no asfalto frio misturado com os gritos das pessoas e com o rodopiar do ônibus gerou em mim um filme de menos de 2 segundos de toda a minha vida. Respirei fundo e analisei novamente o ônibus. A senhora de casaco preto segurava a respiração, parecia ter problemas cardíacos. A menina do livro ajudava o senhor das sacolas a catar os pertences arremessados durante a batida. As amigas do fim-de-semana riam assustadas do acontecimento. Tirando o pequeno e insignificante corte em minha boca, ninguém se machucou. Pessoas surgiam das sombras para ver o ocorrido. Permanecia sentado, um pouco assutado, mas bem concentrado no acontecimento. Acredito que não foi um acaso. Senti todo o episódio como uma maneira de me despertar. Despertar dos pensamentos negativos. Vou reviver. Quero reviver!

"Você vai me ver muitas vezes ainda"- repeti mentalmente.

E vai. Acredite!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Quarta e a fobia...


A vida continua sendo um cubo. Mas, um cubo cheio de surpresas. Boas ou ruins, não importam. Elas sempre serão bem-vindas.

- Nossa! Hoje eu não estou bem!
- O que você tem, amor?
- Algo dentro do meu peito!
- Dói muito?
- Não muito, incomoda!
- No coração ou nos pulmões?
- Não importa!
- Está sentindo dificuldade para respirar?
- Um pouco...
- São os pulmões!
- Sinto também a pressão baixa...
- Será que são os dois?
- ...
- Quer ir ao médico?
- Quero dormir!
- Você está tonto?
- Você não entende!
- O quê?!

O que eu sinto é um vazio! Um enorme vazio. Por mais que meu cubo de vida esteja se expandindo, continuo apertado. Descobro que não me conheço, e que esta falta de conhecer me excluí de mim mesmo. Fico perdido, então. Não sei o que sinto. Não sei o que quero sentir.

- Me tira daqui?
- De onde?
- Deste cubo!
- Você se refere ao quarto?
- Quero um novo! Um que me aceite como eu sou!

terça-feira, 26 de maio de 2009

Terça e todos contra mim...

-Alan! O que é isso meu filho? - Questionou a mãe-.
-Obriga ele a pagar pai! Quem esse idiota pensa que é? - Intrometeu-se a irmã -.
- Você não tem consciência nenhuma menino! - Disse o pai -.
- Esse retardado não merece nada pai! Briga com ele! Não tem dó nenhuma! - Isistiu a irmã -.
- E menina! Não se intrometa! - Irritou-se a mãe -.
- Aposto que se fosse eu, você tomaria o celular de mim! Toma o dele pai! Ele tem que ser castigado! Agora ele não trabalha?! Obrigue-o a pagar! Não tem dinheiro até para comprar um computador? Que pague a conta! - Retrucou a irmã-.
-Quem você pensa que é menino?! Você já é homem! - Gritou o pai -.
- Não briga com ele Sandro! Ele já te disse que pagará o que gastou! - Indgnou-se a mãe-.
- Pára de defender seu filho! Esse menino acha que a vida é colorida! Mal sabe o que é o mundo lá fora! Mal sabe o que é dar duro no trabalho! - Resmungou o pai -.
- Seu idiota! - Zombou a irmã -.

Ouvia tudo calado. Não adiantava retrucar. Eles nunca me ouviriam. Às vezes, tropeçamos e erramos feio na vida, mas a maioria das pessoas não aceita esse nosso erro. Não há nada que se possa fazer, infelizmente. Devemos, sozinhos, nos levantar e enfrentar as consequências. Nem tudo em um erro é negativo. Nesse meu caso, por exemplo, pude analisar os membros da minha família e concluir que posso confiar em minha mãe e saber que ela sempre estará por perto para me ajudar a solucionar ou amenizar as consequências de algum obstáculo em minha vida. Ao contrário da minha irmã, que disputando comigo, - algo que não quero disputar - prefere que eu me prejudique para suavizar um erro semelhante cometido por ela. Meu pai, por sua vez, vê em alguns erros meus, erros bem parecidos com os dele, tentando me passar uma lição que nunca funcionou consigo.

-Retardado! Bem feito para você!

Bem feito para mim...

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Segunda, um pouco pessimista

Eu não acredito em inferno. Não no inferno como um lugar localizado nas profundezas do planeta Terra, onde mora um ser demoníaco e todas as criaturas pecadoras desse mesmo planeta. Mentira inventada pela igreja do período medieval, com o intuito de manipular as pessoas, impedindo-as de serem contra a imposição desta. Mas, acredito em outro tipo de inferno. No inferno que vive dentro do coração dos homens. A vida e o mundo se tornam um verdadeiro desastre, quando o colocamos para fora do coração. Vivemos cercados de ódio em pequenas e/ou grandes coisas. Se soubéssemos destruir esse lado negativo interior, talvez consigamos melhorar essa nossa vida e o nosso mundo. Não adianta. Conheço pessoas que acham que sentir ódio é extremamente necessário. Procuro destruir o meu inferno e o ódio que posso possuir, mas acabo sofrendo, porque o sistema me desestimula a ser assim! Não sei o que fazer...

sábado, 23 de maio de 2009

Sábado, e uma nova colheita...


-Olá
-Ahh! Oi!
-Eu sei que você nem me conhece, mas gosta de morango?
-Morango? Por que morango?
-Gosta?
-Bem...Eu amo, muito, morango!
-Toma! É para você! - Disse me entregando um pequeno vaso com uma mudinha de morango plantada.
-Nossa! Que lindo! Mas, por que você está me dando?
-Para nunca faltar em sua vida!
-Que graça! Vamos para aquela cafeteria ali conversar um pouco- disse apontando para a esquina, não muito movimentada -
-Claro!

E assim foi feito. Ficamos horas sentados naquela mesa, conversando. Amizade é assim: vem como de surpresa. Às vezes, manipulamos uma coisinha aqui e outra ali, mas o resultado é sempre surpreendente. Não o conhecia por completo, mas sabia que gostava daquilo. O destino é engraçado. Ele coloca pessoas e situações em nossa vida de repente. Me confunde, às vezes, mas eu gosto. É sempre bom ter em quem confiar, ter com quem partilhar. E ali, sentado naquela mesa de cafeteria eu sentia nascer uma nova amizade, como um lindo pé de morango.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Sexta, nem tanto afetuosa...


- Bom dia Dona Lina!
- Bom dia meu filho!

E assim começava mais uma sexta-feira. Eu e meus pensamentos. Eu e a minha solidão.

- Escuta, meu filho. Vou terminar de arrumar aqui em baixo e logo eu subo para arrumar os quartos, tá bom?
- Claro! Não se preocupe!

Subi as escadas e fui até meu quarto. Esperei-a subir. Peguei meu computador e desci até a sala.

- Vou ficar lá em baixo para não te atrapalhar!
- Quê isso! Só vou arrumar aqui e você já poderá subir!
- Não se preocupe!

Fiquei a manhã inteira navegando na internet. Droga. Eu tinha que estudar! O vestibular está chegando e se eu não passar, meu pai coloca a culpa em minha mãe dizendo que ela me mimou. Sofre. Minha mãe sofre muito. Não quero ser mais um peso e aumentar seu sofrimento. Não me perdoaria nunca. Tenho que estudar. Gosto de estudar. Quero estudar. Mas, falta inspiração. Onde encontrá-la? Como encontrá-la? Não sei...

- Você quer que eu faça alguma coisa para você almoçar, meu filho?
- Não se preocupe Dona Lina! Eu estou indo para o dentista agora! - Disse, ao mesmo tempo em que desligava o computador e preparava para sair.
- E você vai de barriga vazia?
- Eu já comi alguma coisa mais cedo. Estou sem fome. Vou só lavar essas vasilhas...
- Não precisa! Deixa que eu lavo!
- Mas...
- Pode deixar, meu filho!
-Tá bom!

Subi as escadas correndo. Deixei o computador sobre a escrivaninha. Escovei os dentes apressadamente e, logo em seguida, troquei de roupa. Peguei minha mochila e no caminho do portão disse:

- Dona Lina! Eu já estou indo!
- Tudo bem! Vai com Deus!
- Se minha mãe ligar, você avisa que fui ao dentista, por favor?
- Claro!
- Muito obrigado! Estou indo!
- Vai com Deus, meu filho!
- Fica com Deus a senhora!

Não demorei muito. Apenas duas horas, como de costume. Ao chegar, caminhei até o meu quarto, mas no caminho encontrei a Dona Lina:

- Estou de volta!
- Chegou cedo, filho!
- Mas já estou de saída outra vez!

Peguei umas coisas em meu quarto. Não demorei muito e desci. Dona Lina estava lavando vasilhas quando eu disse:

- Bem, vou ir pra casa de minha avó! Faz dias que não a vejo e ela já reclama de minha falta...
- Faz você muito bem! Aproveite sua avó! Ela é como uma segunda mãe!
- Claro!
- Sabe meu filho, eu fui criada por uma avó minha. Minha mãe nunca gostou de mim. Nunca cuidou de mim. Mas, minha avó é quem foi minha verdadeira mãe. Ela me protegia, me amava. Porém, quando tinha 59 anos ela morreu, e eu, estava com meus seis para sete anos. E foi desde aí que começei a trabalhar na casa dos outros. Hoje eu tenho 55 anos. Sabe, se minha avó estivesse viva até hoje eu, com certeza, não teria essa vida que levo...
- Me dá um abraço?
- Ô meu filho! Eu estou toda suada!
- Não importa! Me dá um abraço?!
- Ô meu filho! - Emocionou-se a mulher. Largou as vasilhas na pia e virou-se para receber um abraço - Esse é o melhor abraço que eu já recebi em toda a minha vida!

Abracei-a forte. Depositei muito afeto e muita energia positiva naquele pequeno gesto.

- Bem...Estou indo, então!
- Muito obrigada meu filho! Muito obrigada! Vai com Deus e aproveita!
- De nada! Fica com Deus a senhora!
- Muito obrigada!
- Tchau, tchau!
- Tchau!

Saí pelo portão indgnado. Não posso mudar o mundo, eu sei. Mas, posso fazer minha parte. Reclamo de minha vida, da minha falta de inspiração para com os estudos. Não tem porquê reclamar. Tive muita sorte nessa vida. Não acho certo desperdiçar essa oportunidade que tenho com coisas banais, tenho que aproveitar e estudar, dedicar essa oportunidade que o destino me deu para construir um futuro melhor, e fazer minha parte para, ao menos tentar, mudar o mundo. Indgnado porque só pude dar um abraço enquanto queria ter dado muito mais...

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Quarta, nem tanto assustadora...




- Corre!

- Por quê?

- Depressa! Ele vai nos alcançar!

- Quem?

- Não pára! Continue a correr!

- Mas...Por quê?

- Depois te explico! Não pare! Corre! Corre!

- De que tem medo?


De que tenho medo? Por que tenho medo? Droga. Não gosto disso! O medo me deixa elétrico, impaciente. Posso afimar que hoje sou menos medroso do que antigamente. Mas, continua as perguntas: De que tenho medo? Por que tenho medo? Não sei. É tudo muito vago.

- Em? Você não me respondeu! O que te aflige?
- Não percebe?
- Não me diga que foi o filme de espíritos que a gente viu ontem!
- Acho que não. Os espíritos para mim existem mas, acredito que eles não possuem a capacidade de nos machucar, da mesma forma como não os atingimos. Portanto, não são eles a causa do meu medo.
- Entendo. Então, o que pode ser?
- Algo que, realmente, nos atinja, nos prejudique e nos faça sofrer.
- Seja mais específico! Quem vai nos alcançar?
- Pense você! Estamos em uma encruzilhada, é inivitável! Querendo ou não querendo estamos sujeito a esse medo, a esse mal.
- Então não é uma pessoa?
- Não, são várias!
- Não entendo!
- Como não? É tão simples! Aqueles que me assustam não são fulanos, homens ou mulheres, mas sim o ser humano como um todo! Cada dia que passa me surpreendo com as ações dos nossos semelhantes. Como pode o ser mais inteligente agir de forma ignorante e cruel? Medo. Medo de como será a vida de meus filhos daqui pra frente, ou até de como eles serão. Não se sabe. Sabe-se, apenas, que se assim continuar, o mundo não vai durar por muito tempo. A tendência é piorar. E só cabe a nós decidirmoso rumo do nosso futuro. Tenho medo. Muito medo.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Terça, nem muito confusa...


Haviam três vasos. Três flores. Três amores. A tulipa era a planta mais antiga dali, no vaso mais velho. Não chegou a nascer - para falar a verdade - e acho que nem vai. Porém, a semente continua debaixo da terra. E o jardineiro, continua a regá-la. Quando plantada, foi tratada com muito cuidado e carinho. Foi selecionado para ela a melhor terra, o melhor vaso e o melhor lugar, o mais ventilado. Havia total dedicação para com aquela planta. Porém, por mais que o jardineiro observasse se o sol a machucave, ou se ela reclamava da falta de água, a semente não se tornou planta. Chegou à criar raízes, mas não se desenvolveu. Hoje, por mais que ela não dê folhas e flores, não a deixou de lado. Regou-a todos os dias, sem permitir que ela morra.

O segundo vaso é um pouco mais novo. Nele há uma orquídea. Também não se desenvolveu. O jardineiro não a tratava com grande dedicação, que nem fazia com a tulipa. Na verdade, essa planta foi cultivada para esquecer o erro que foi a primeira. Não deu certo. O pH do solo era muito ácido, e a semente não tinha vontade nenhuma de criar raízes. Não as criou. Talvez, se ele se empenhasse mais com essa simples planta, ela viria a nascer. Mas não tinha vontade. Não queria se decepcionar novamente.

A terceira e última veio como de surpresa. Jogou a semente em qualquer lugar e nem depositou esperanças. Nasceu um lindo Lírio. Ele se desenvolveu por completo. Entusiasmado o jardineiro o colocou em um vaso e começou a cuidar dele. Entretanto, a planta suicidava-se. Rejeitava à agua e os carinhos que o pobre homem a dava. Sem saber o que fazer, regava-a sem deixá-la morrer. Era tudo o que podia fazer...

Na minha vida há três vasos. Três amores. Uma Tulipa, uma Orquídea e um Lírio.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Segunda, nem muito reflexiva...

- Me conta uma história?
- Qual?
- Ah! Escolhe uma você!
- Vou inventar, então!
- Está bom!
- Em uma fazenda, não muito longe daqui, morava uma garota apaixonante, simpática, meiga, sensível, e de muito bom-humor. Ela era alta, magra e de pele clara e macia, o que lhe dava muita voluptuosidade. Possuía longos cabelos castanhos e brilhantes como um raio solar em uma gota d'água. Jéssica era o seu nome.
- E ela tinha um cavalo? - Questinou, interessada, a garota
- Claro! A menina já vivia seus dezessete anos e o que mais gostava de fazer era cavalgar. Não possuía muitas amigas e nunca namorou. Sentia-se rejeitada. Apesar de bela, nunca aparentou ser uma menina "interessante", digo, digna de uma investida.
- Que crueldade! Como podem julgar alguém assim?!
- Pois é! E o pior é que ela sofria muito com isso...

Como sofria! Achava que ninguém me queria. Eu observava os cavalos e cheguei à conclusão de que o amor é como uma grande cavalgada. Primeiro encontramos o cavalo certo, afinal será ele a base do relacionamento. Pode ser um cavalo bonito, ou bravo, ou calmo de mais, ou até mesmo uma mula. Somos nós quem escolhemos o motor da relação. Logo em seguida, montamos nele, ou ao menos tentamos montar. Pode ser que levemos um coice e que o cavalo não seja o certo para nós. Entretanto, se conseguirmos equilibrar, arriscamos o primeiro passo. E nos deixamos levar pelo embalo da cavalgada. Sentimos a doce brisa da manhã a volver os cabelos e o ar puro do campo a entrar nos pulmões. Ficamos felizes, satisfeitos e leves. Todavia, devemos tomar cuidado com o caminho, poderemos encontrar pedras nele, poderá haver uma árvore bem no meio, mas não podemos deixar que isso nos pare, pois temos capacidade de desviar e se recuperar dos tropeções. Além disso, devemos entrar em consenso à respeito da direção que queremos levar o relacionamento, pois se puxamos o cavalo para lados opostos, entraremos em choque e poderemos cair. E o tombo em movimento é bem mais grave e machuca muito mais. Quando se ama, não sentimos medo dos riscos e superamos qualquer topada...

- Ela amava alguém? - perguntou, intrigada, a garota.
- Com certeza! O que ela mais procurava era alguém que a amasse. Amou várias vezes, e sempre foi rejeitada...

Rejeitada com um coice de quem nunca cavalgou. Eu andava a procura de meu cavalo, e quando achava que finalmente o tinha encontrado, voava ao chão com toda velocidade e sentia o impacto da queda sobre os meus ossos, de forma a esmagá-los com a intensidade da rejeição somado à gravidade. Várias foram as vezes em que caí. Nem cheguei à dar o primeiro passo, pra ser sincera. Mas nunca, nunca desisti de continuar tentando. Cheguei até a pensar que não tinha nascido para cavalgar. E, mesmo com esse ar de perdedora, eu ainda acharei quem me fará feliz. Não tenho dúvidas.

- Ahh não! Se essa história não possuir um final feliz eu nem quero que você termine!
-Mas, a história nem começou!
- Mesmo assim! Não gosto de finais tristes!
- Somos nós quem montamos o final de nossas histórias. Tristeza e felicidade são relativos. O rumo que a nossa vida toma é escolhido por nós mesmos...

sábado, 16 de maio de 2009

Sábado, sem muita luxúria...


O tempo corre. O menino gritava. As mulheres gemiam. O homem disse:
-Trouxe a identidade?
-Claro - Disse o garoto enquanto enfiava a mão no bolso esquerdo da frente das calças jeans à procura de sua carteira -.
-Hum...Carlo Alfredo...Belo nome!
-Er...Obrigado!
-Quantos anos? -Perguntou a mulher que se encontrava próxima-.
-Dezessete - respondeu o garoto-.
-Hum...Que pena! - Disse o homem devolvendo a identidade com olhar de malícia-.

A porta se escancarava. Surgiam três critaturas muito estranhas. Uma mulher no meio segurando duas coleiras que prendiam as outras duas pessoas, um homem e outra mulher. Sexo. Era esse o tema da peça. O teatro estava lotado. Os atores simulavam orgasmos e no meio de muitas orgias a trama era desenrolada.
"Tudo que se move é erótico".
Essa frase ficou em minha mente. O tempo não pára, portanto, seguindo essa lógica, o tempo é erótico. Além dessa descoberta, refleti sobre a necessidade de sexo que os seres humanos possuem. Poxa, todo o tempo tem pessoas fazendo ou pensando em sexo. Impossível existir alguém que não possua desejos e atrações sexuais, principalmente porque possuímos os cinco sentidos: tato, olfato, paladar, visão e audição. Sem essas características seria impossível sentir o próximo, bem como desejos sexuais. Cores, assim como formas ajudam no campo da visão. Sensibilidade somado à textura auxiliam o tato. O cheiro próprio de cada um dão características ao olfato. Os sons, barulhos, ou até musicalidades compõem o campo da audição. E, por fim, os sabores descrevem o paladar. Todos, interligados, compõe, de maneira dinâmica, os prazeres sexuais. E, este prazer está presente em todas as pessoas, o tempo todo. Mas, cuidado, a vida não deve ser promíscua, fato.

-Sossegue coração, ainda não é agora. A confusão prossegue sonhos afora. Calma, calma. Logo mais a gente goza. Perto do osso a carne é mais gostosa! - Disse um dos atores ao recitar esses versos de Paulo Leminsky-.

O público ficava de pé. Aplausos e mais aplausos.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Sexta, sem muita retrospectiva.

Li em um mangá, um dia, algo que nunca esquecerei. Algo que comparava as pessoas com um onigri. Um onigri com ameixa japonesa nas costas. E justamente por essa ameixa estar nas costas, nós não a vemos e nos achamos insignificantes, que não possuíamos uma, e para piorar, sempre observamos a dos outros, achando que eles são mais especiais do que nós, porém, podemos possuir uma grande ameixa, que cause inveja e que nos dê muitas qualidades. Eu vejo a tua, ela é muito bela, enorme e mesmo que você não a veja, nunca duvide de sua beleza!
"Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim: que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo, repito sete vezes para dar sorte: que seja doce, que seja doce, que seja doce, e assim por diante.Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se não fosse nada."Caio Fernando Abreu
O que é doce para você? -Não vale açúcar!-.A vida é doce, quando sabemos viver. O amor é doce quando sabemos amar. Parece difícil, mas não é. Não devemos dar ouvidos às tentações. Quando sabemos viver somos criticados por aqueles que não sabem, apenas porque seremos diferentes. Me lembrou um conto. Lá vai mais Caio Fernando:
"Um dia tu vais compreender que não existe nenhuma pessoa totalmente má, nenhuma pessoa completamente boa. Tu vais ver que todos nós somos apenas humanos. E sofrerás muito quando resolveres dizer só aquilo que pensas e fazer só aquilo que gostas. Aí sim, todos te virarão as costas e te acharão mau por não quereres entrar na ciranda deles, compreendes?"
Viva a sua vida da maneira que achar correto, e ponto-chave: Não deixe que ninguém te aborreça, estresse ou te entristeça. A sua felicidade é um fruto exclusivo teu. E ninguém tem o direito de tirá-la de ti. Cuidado com as pessoas, infelizmente a quantidade delas que querem que você exploda é muito maior das que querem você bem. A palavra amizade foi muito banalizada no mundo. Há poucos amigos que realmente se importam com você . Há poucos amigos que entram no fundo do poço só para te ajudar a sair de lá. Amigos verdadeiros, pra mim, são aqueles que não fazem tanta questão de estar ao seu lado nos momentos alegres, mas que sempre estarão nos momentos tristes. Amizade, para mim, não é apenas troca de favores, mas sim troca de conselhos. O verdadeiro amigo não tem medo de ser dedo-duro, principalmente se for pra evitar algum erro nosso.
" O jardineiro só colhia rosas ao anoitecer porque durante o sono elas não sentiam o aço frio da tesoura. Uma noite ele sonhou que cortava as hastes de manhã , em pleno sol, as rosas despertas , gritando e sangrando na altura do corte das cabeças decepadas. Quando ele acordou, viu que estava com as mãos sujas de sangue."
Lygia Fagundes Telles
Seja você mesma, sempre. Se descubra. Não sinta medo das coisas. Analise as conseqüências de seus atos, e não tenha medo de enfrentá-las. Siga em frente sempre sorrindo. Progrida. Nunca pare, nunca pare.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Doces recordações...

Era uma vez, em uma terra não muito distante, um menino inteligente e sonhador. Um menino que vivia sozinho por mais que estivesse cercado de amigos, e que sempre buscou o amor verdadeiro. Este projétil de ser humano sempre se sentiu diferente dos outros, mas gostava disso, era uma característica que não permitia a comparação dele com o ser mais ignorante da Terra. Um menino que virava homem. Um homem que se revoltava com o mundo. Um mundo que o desesperançava. O que fazer? Se conformar. Era o que ele mais fazia. Aceitava tudo o que acontecia. E quanto ao amor? Nunca encontrou quem realmente o amasse, achava até que não tinha nascido para ser amado. Talvez por ser diferente, talvez por ser sincero.
Era um sábado. Sábado comum para todas as pessoas, exceto para ele. Ao chegar da escola, caminhou até o quarto no segundo andar e depositou cuidadosamente seus livros sobre a cama. Sentou-se, como de costume, na velha escrivaninha e ligou, cautelosamente, o computador que ali foi colocado. Distraído, começou a navegar no fantástico mundo virtual, sem saber que, minutos depois sua vida mudaria. Pegou um pedaço de papel e escreveu alguma coisa, olhou rapidamente para a tarde que se iniciava do outro lado da janela, até que, involuntariamente, iniciou uma conversa com um desconhecido que, futuramente, revolucionaria sua vida. Deixou se envolver e nem viu o tempo passar. Havia momentos em que se destraía com o som da fonte no jardim, ou com uma lapiseira que o fazia escrever coisas no caderno. O tempo passava e , ainda na monotonia, o menino continuava a se relacionar com o desconhecido não mais desconhecido. Se tornaram amigos. Ele foi deixando se envolver por essa amizade, até que, de uma maneira ilógica e sem explicação, sentiu-se apaixonado. Os dias se passaram e a relação entre os dois foi se tornando cada vez mais forte, e a paixão, tornando-se cada vez mais recíproca. Nascia ali a esperança de um amor verdadeiro. Ambos se compreendiam, ambos se completavam.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Quarta, nem tanto enrolada!

-Qual a sua cor favorita?
-Oi?
-Eu disse: Quantas horas?
-Meio dia e quize minutos!
-Quê?
-Você gosta de chocolate?
-Não muito...
-Como?
-Sou alérgico!
-Entendi...
-...
-Tudo bem com você?
-Tudo sim!
-Oi?
-Não! Estou péssimo!
-O que aconteceu?
-Meus pais brigaram comigo e...
-Sério?
-Não! Briguei com minha melhor amiga!
-Nossa! Que ruim! Você deve estar mal!
-Como?
-Quer tomar um sorvete e tentar esquecer os problemas?
-Não, muito obrigado. Sorvete engorda!
-Mas você é tão...
-Sou diabético!
-Quê?
-Alergia à derivados do leite, entende?
-Hum...Quer ir ao cinema?
-Que filme?
-Pode ser uma praça também, que tal?
-De alimentação?
-Ou não!
-Tá! Escolhe uma você!
-Eu?
-Que tal a Praça da Liberdade?
-Mas...Eu...Não era...Ahh...Ok!
-Desculpa!
-Por quê?
-Esse tempo todo eu só queria ter te chamado pra sair!
-E chamou, não?
-Sou desajeitado! Muito desajeitado!
-O que disse?
-Te amo!

terça-feira, 12 de maio de 2009

Um lindo chapéu!


-Como fico com esse chapéu? - Disse parando em frente à prateleira de chapéus e colocando um sobre sua cabeça, ao mesmo tempo em que a inclinava para frente do espelho-.
-Nossa! Ficou ótimo! Combina com você?
-Mesmo?
-Sim! Realça os seus cachos de uma forma elegante, gostei!
-Hum...
-Você ficou tão lindo!
-Eu?! Mas sou horroroso!
-Você é bonito!
-Péssimo gosto o seu!
-Eu te acho muito bonito!
-Besta!
-Vai levar?
-Acho que sim! Também gostei...

Belo e feio. O que é belo? O que é feio? Por que as pessoas se importam tanto com a beleza?Droga. Não vou mudar o mundo. E nem quero. Mas, não compreendo! Por que as pessoas se fascinam com o que veem? Por que as pessoas querem ser o que acham que os outros vão gostar nelas? Não sei. Nada sei. Aliás, de uma coisa sei. Não possuo somente esse tipo de olhar. Esse olhar que nos faz apaixonar com a beleza física, com as cores, com as formas e com tudo o que acaba nesse mundo. Não, não tenho só essa visão. Me apaixono pelo que as pessoas são. Mas é um ser diferente, e não o ser alto ou baixo, magro ou gordo, loiro ou moreno, mas sim um ser inteligente, honesto, sincero, humilde, e, principalmente, que possua o dom de amar. Ah... Esse ser de que falo é eterno. E não é fácil de ver, pois o corpo nos ilude, ocultando quem realmente somos. Eu me amo do jeito que sou e não procuro seguir essa idéia de simulacro que só serve para deprimir os homens que não se encaixam no padrão de beleza. Eu não me importo com esse padrão. Ele não diz quem eu realmente sou, fato.

-Eu te amo!
-Eu também te amo! Muito!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Segunda, nem um pouco carente...

-Pai, preciso falar contigo
-Diga
-Tudo bem?
-Sim
-Bem...er...Como foi o seu dia?
-Foi bom
-Pai?
-Que é?!
-Eu te amo, tá?
-Tá
-Tá?!
-Eu disse tá!
-Aqui...Er...o boletim chegou e...
-E?!
-Nenhuma recuperação!
-Hum...Parabéns!
-Obrigado!
-...
-Bem, eu estava pensando de...tipo...da gente...sei lá!
-Se for dinheiro, agora eu não tenho!
-Não...er...também, mas...Eu vi um chapéu bem legal em uma loja, e pensei...
-Você só conversa comigo para pedir dinheiro! Acha que eu sou o quê? Um banco?
-Não. Não é verdade...é que...desculpa!
-...
-Bem...vou pro meu quarto. Tenho que estudar e fazer os deveres da escola...
-Sái da frente da TV! Aproveita e fecha a porta daquele quarto, sua mãe faz um barulho com aquela máquina de costura que nem dá para ouvir a TV direito!
-Tá bom...
-Ah! Leva esse prato pra cozinha também, já que você está de pé!
-Tá...Boa noite...
-Hum...

E assim termina mais um dia. Um dia em que meu pai se encontrava de bom humor comigo. Não tenho nada para reclamar, podia ser pior, fato.

sábado, 9 de maio de 2009

Sábado, nem muito feliz...

O garoto corria. Não sabia se ia na direção correta, mas não parava de correr. Tinha medo. Virou à primeira esquina que encontrou e desceu a avenida com toda velocidade. Ao chegar no final da descida, já não possuia mais fôlego. Decidiu parar. Tirou das costas a mochila azul com duas listras pretas nas laterias. Abriu-a e vasculhou por uns instantes até que, finalmente, retirou uma garrafa de água. Bebeu-a quase toda. Sentou no meio-fio e esperou o seu corpo se recuperar da rápida caminhada. Passado alguns segundos decidiu continuar a correr, pois não tinha tempo. Ainda faltava muito para chegar e ele não podia se atrasar, não se perdoaria por isso. O seu futuro dependia desse encontro. Ele não parava. Já havia corrido dez quarteirões. Começou a chorar. Não ia dar tempo...Chegou!

-Com licença...
-Pois não?
-Você poderia me informar se o ônibus para São Paulo já saiu?
-Ele está quase saindo, se o senhor correr talvez consiga pegá-lo. O senhor já comprou a passagem?
-Muito obrigado! - gritou já de costas para a atendente -
-...?

Correu mais rápido ainda até o ponto de embarque e desembarque. Chegando lá, procurou uma pessoa. Não encontrou. Começou a desesperar. Sentou em um dos bancos e respirando fundo, tentou se acalmar.

-Marcos?
-Júlia!
-Marcos! O que você faz aqui?
-Preciso falar mais uma coisa com você!
-Mas, nós já conversamos tudo, não é?
-Nem tudo! Você precisa ouvir mais uma coisa...
-Desculpa, mas agora é tarde, tenho que ir...
-Não, não é tarde. Nunca é tarde. Você pode partir, mas tem que escutar o que eu tenho para te dizer. Você pode? É só isso que eu lhe peço!
-Está bem. Mas seja breve, tenho que embarcar.
-Júlia, veja aquela senhora de suéter verde com listras vemelhas. Veja como ela é sozinha. Ninguém a faz companhia. Ela está morrendo de solidão por dentro. Seus olhos nem brilham mais. Sua cara murcha e rugosa não consegue exprimir felicidade,nem um simples sorriso. Se é que ela lembra o que é sorrir.
-Onde você quer chegar?
-Olha aquele adolescente com seus irmãos menores. Ele se sente diferente. Ele se sente excluído. Sofre. Queria ser um jovem normal. Se preocupar com os estudos e sair com os amigos nos tempos livres. Não pode. Tem que tomar conta dos irmãos. Sua vida gira em torno disso. Não possui mais pais. Ele é deprimido.
-...
-Todos aqui sofrem. Todos foram descritos por uma caracterítica marcante. Uma característica, esta, que pode ser mudada, mas, no momento, está engalfinhada no interior de cada um, se sobrepondo. Apesar de tudo, essas pessoas são feitas de razões que as fazem sofrer e as fazem ser felizes. E eu não sou muito diferente disso. Queria que você soubesse, que eu não posso permitir deixar a razão que me faz feliz entrar naquele ônibus e sumir, indefinidamente, da minha vida. Eu te amo. Eu te quero. Vamos ser felizes juntos?

As portas do ônibus se fechavam. A rodoviária estava muito movimentada. As pessoas se cruzavam, esbarravam, gritavam, corriam, mas isso não importava para o casal que estava no centro daquele salão. O ônibus partiu.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Sexta, nem tanto independente...


Era um lugar bem alto. Sem fronteiras. Eu estava em cima de um bloco de azuleijos cinzas. À medida que eu andava sobre este bloco, o meu chão sumia. Como mágica. Até que, finalmente, só me restava um único pedaço do solo. Não dava mais para andar. Eu ia cair. Sentia que ia cair. Quando...acordei.


-E o que aconteceu?
-Como?!
-O que aconteceu ontem com a Ana? Ela está diferente!
-Está?! Não percebi...
-Sim! Ela não conversa mais com a gente. Não fala com as amigas. Não sai mais do quarto. E nem dos estudos ela quer saber!
-Talvez esteja cansada!
-Não, não está. Andei bisbilhotando. Ela não faz nada. Fica o dia inteiro fingindo de boa moça. Abre um livro e logo desiste da leitura. Senta na janela e fica olhando o céu o dia inteiro...
-E se...
-Eduardo, até porcarias ela deu pra comer! A menina não come uma fruta! Só quer saber dos biscoitos recheados! Esconde um bocado deles dentro da gaveta da cômoda.
-Por que você não conversa com ela e descobre o que está acontecendo?
-É isso mesmo que vou fazer!


Droga. As coisas estão começando a mudar. Ninguém me entende! Meus pais não acreditam mais em mim. Não sei o que fazer...Droga, mil vezes droga!


-Olha aquele Beija-flor!
-O que tem?
-Sabia que ele bate as asas 80 vezes por segundo?
-Sério?!
-Sim! Não é engraçado observar como ele brinca com as flores?
-Ana!
-Oi?
-O que está havendo com você? Fala pra mamãe!
-Olha como ele é rápido e livre!
-Não muda de assunto Ana!
-Não estou mudando mãe! Observe! É como o Beija-flor! Por mais que ele seja livre, solto, sempre tem alguém o observando, o admirando, tentando entendê-lo...
-...
-Mãe! Os Beija-flores são muito interessantes. Eles são independentes! Vivem sozinhos desde quando abandonam o ninho. Nem por isso deixam de ser bonitos e felizes. Quando estão mantidos em cativeiro a vida perde a graça pra eles.
-Não te entendo!
-Não sou mais uma menina, mãe! Já está na hora de você me permitir voar para longe do ninho, e não me colocar em uma gaiola! Estou perdendo espaço. E, se for tarde de mais, minhas asas atrofiarão, então, não terei coragem de sair desse espaço criado por você, e aqui eu não aprendeirei sobre o mundo. Sobre como é a vida lá fora. Quero que você me entenda mãe! Não me vigie, apenas observe! Me deixa ser livre!


A noite começava a cair, as primeiras estrelas surgiam no céu. O silêncio dominava aquele espaço. A menina se sentia mais leve.


-Quero ser livre! Quero, muito, ser livre -Repetia em pensamento-.


O último azuleijo do chão estava ficando transparente. Meu coração disparou. Sabia que ia cair. Sabia que ia cair. Caí...

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Quinta, não muito solitária...


O quarto estava escuro e ela continuava deitada sobre a cama. Não estava dormindo, estava pensando na vida. No tédio que era a sua vida. Levantou. Caminhou, um pouco zonza, até a janela. Abriu-a o suficiente para permitir entrar a brisa da manhã. O dia estava bonito, com um céu claro, limpo e de um azul tão intenso.


-Droga! - resmungou- Como eu queria que você estivesse aqui!


Decidiu ir ao jardim e, ao chegar, andou em direção ao balanço que se sustentava sobre um dos grandes galhos do Ipê Amarelo que ali ficava. Sentada, começou a observar as plantas ao seu redor. Sentiu-se um pouco sufocada no meio de tantas. As orquídeas foram as que mais chamaram sua atenção. Além de seu formato intrigante, elas são delicadas, cheias de detalhes e muito belas. Porém, são muito dependentes. Essa espécie de planta precisa de um suporte para buscar luz. Suas raízes extremamente sensíveis fixam no tronco da árvore sem a prejudicar, de forma a ganhar altura e conseguir o que precisa. Ela não é um parasita, apenas necessita desse auxílio para se manter viva.


-Sou como uma orquídea! - Concluiu olhando uma que se encontrava bem próxima a ela, presa sobre o tronco do próprio Ipê.


Andou em direção à flor e passou, delicadamente, os dedos sobre as formas do pequeno vegetal que ali se encontrava. Inesperadamente, arrancou a planta e a jogou sobre o solo.


-Pronto! -Disse - Agora você parece mais comigo. Sem o apoio que a faz viver. Incapaz. Morta...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Xeque-mate...

Certa vez me perguntei o porquê pensava tanto na vida. É tudo tão subjetivo. Tem gente que acha que ela é um jogo, como o de xadrez. Existem pessoas peões, pessoas torres, pessoas bispos, pessoas cavalos e o seu grande amado(rei) ou amada(rainha). O objetivo do jogo é acabar com o rei adversário, então pergunto para essas pessoas: O objetivo de viver é acabar com a vida dos outros, ganhando quem se sobrepõe? Cuidado com esse tipo de gente, eles não sabem o verdadeiro significado da vida, dica.

Quarta, não muito romântica...

-Oi!
-Bom dia!
-Er...Davi, posso te fazer uma pergunta?
-Claro!
-Bem...Qual...Qual é a sua cor preferida?
-Era essa a pergunta?
-Na verdade não. Eu queria mesmo perguntar se...Você...Você gosta de Lírios?
-Acho bonito, mas prefiro...
-Desculpa!
-Desculpa por quê?
-Não era isso que eu queria dizer...
-Então diga! Sem delongas!
-Olha como o céu está bonito!
-Realmente - disse curvando-se para cima - Mas, suas bochechas vermelhas me chamam mais atenção!
-Eu estou vermelho?!
-Ha ha! Você está com vergonha!!
-Claro que não!...Er...Só um pouco!
-Por quê?! Nós nos conhecemos há tanto tempo. Somos amigos, não é?
-Claro!...É que...Eu queria dizer que...
-Sim?
-...
-Olha, faz o seguinte: Me dê suas mãos, feche os seus olhos, confie em mim e em nossa amizade e diga tudo, naturalmente.
-Ok!
-Agora fale. Estou pronto para ouvir!
-É que...Eu...Eu te amo!

E nesse momento um cachorro, não muito longe dali, latia, um carro, parado logo na porta, buzinava e os lábios se tocavam.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Terça, nem tanto desagradável...

As árvores refletem o sol, de uma maneira tão intensa, que o verde que elas possuem, brilhante, se espelha na poça d'água ao lado dos pombos que ciscam qualquer coisa no chão. Observo tudo isso do banco da praça que, provavelmente, já foi ocupado por mendigos com frio, casais apaixonados, idosos exaustos da pequena caminhada, mães com seus filhos no colo, ou até um empresário que decidiu sentar para procurar um papel em sua pasta. Mas agora sou eu. Um simples adolescente com seus problemas juvenis. Percebo que, às vezes, submerso em meus devaneios, congelo no tempo. Vivo devaneando. Penso na minha vida. A maioria dos problemas de jovens são considerados tão banais para as pessoas de mais experiência. Quem somos nós para classificar problemas alheios? Não importa. Inevitavelmente, eles continuarão a existir. Droga! Gosto de aprender a viver, e se não fosse esses embates da vida, como aprenderíamos? Não existe outra forma de o ser humano aprender sem tomar base no sofrimento, fato. Se não fossemos estúpidos o suficiente, não erraríamos e não sofreríamos, percebe? Pois é sofrendo que aprendemos a não errar. Trágico. Esse fato me leva a pensar se, realmente, somos os animais mais inteligentes. Talvez.

Às vezes sinto que estou sozinho no mundo e que não tenho em quem confiar. Procuro a saída desse abismo que se chama Terra e descubro que não entendo os homens. O ser humano é tão cruel com seu igual que, às vezes, me dá certa repugnância em ser um. Ainda bem que existem exceções, afinal, são elas que ajudam a equilibrar esse planeta. Poxa, há tantas pessoas que eu gosto nessa vida. Pessoas que você daria o sangue, sabe? Mas, nem sempre somos valorizados, o que leva, alguns, a desistir de continuar tentando. Não desisto - apesar de já ter me ferrado muito por causa disso -. Porém, infelizmente, não são todas as pessoas que merecem esse nosso esforço, compreende? Você pode até ajudar, mas a decepção pode ser maior. Nem todas querem ajuda. E o que você faz? Ajude a si mesmo. Como? Respeitando, tolerando e dando o tempo que for necessário para que aquela pessoa possa receber sua ajuda. Não crie inimigos. E nem seja um. Aprenda a perdoar, ou, às vezes, a ignorar.

Nesse momento passa um garoto de bicicleta que surpreende os pombos os fazendo voar por cima de mim. Assusto com a cena e me desligo do devaneio. Restabelecida a calma, apóio a cabeça no encosto do banco e observo a grande nuvem que navegava na imensidão azul. Me permito mais um pensamento e, quase que imediatamente, me vejo cercado de feras. Estas com as suas línguas venenosas, loucas para me lamber. Nem tudo está perdido, o céu continua azul celeste e o sol a brilhar me convidando para flutuar entre as nuvens e ser feliz. Acho que vou...