quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Acordou como se fosse anjo
Sentiu como se fosse novo
Sorriu como se fosse eterno
Desejou como se fosse tudo
Programou como se fosse possível
Esperou como se fosse rápido
Ansiou como se fosse necessário
Escreveu como se fosse vivido
Sonhou como se fosse realizável
Agonizou como se fosse impossível
Acreditou como se fosse real
Chorou como se fosse incompleto
Explodiu como se fosse comleto
Leu como se fosse tocado
Olhou como se fosse sentido
Isolou como se fosse a saída
Sofreu como se fosse o fim
Amou como se fosse único


E independente do que tenha acontecido ou aconteça:


Viveu como se fosse eterno.

Dia de chuva qualquer

Uma rua. Um céu cinza. Um pouco de chuva. Dois guarda-chuvas. Um cachorro molhado e uma bota de plástico. Nada se ouvia além dos passos esmagando a água das poças, as gotas tentando perfurar a malha do guarda-chuva e o cachorro ronronando depois de, inutilmente, tentar se esconder da chuva.


Uma rua. Um céu cinza. Um pouco de chuva. Dois guarda-chuvas. Um cachorro molhado. Uma bota de plástico e, agora, um pouco de vento. A menina abraçava firmemente o cabo gelado do guarda-chuva para impedir que o vento o levasse. O menino olhava a menina com bastante curiosidade. A menina, tão focada no cabo da sombrinha, tropeçou na bota de plástico abandonada na rua, caíndo de joelhos em uma das poças. O menino abafou um risinho. O cachorro assustou-se e correu desnorteado em busca de outro abrigo. O vento soprou mais forte ainda virando ao avesso a sombrinha da menina, quando ela tentava, desconsertadamente, se levantar. O menino riu mais alto. A menina ficou irritada. O menino disfarçava a risada. A menina chutou a bota. A bota voou no cachorro. O cachorro assustou-se novamente e correu sem rumo. O menino parou de rir. A menina ficou com vergonha. O menino olhou a menina. A menina olhou o menino. O tempo parou.


Uma rua. Um céu cinza. Um pouco de chuva. Dois guarda-chuvas. Dois olhares se cruzando. Um notando a existência do outro. Um diálogo. O menino irá conhecer a menina. A menina irá se apaixonar pelo menino. Um dia de chuva . O início de um futuro entrelaçado. Com o passar dos anos, dos tempos, o dia de chuva qualquer e a bota de plástico esquecida serão lembranças do nascimento de um novo relacionamento na vida deles: o amor.