segunda-feira, 29 de junho de 2009

Caro amigo, amigo caro...


Hoje acordei com uma louca vontade de dizer-lhe certas coisas. Coisas que, talvez, eu não saiba como falar, como escrever, mas tenho certeza de que sei expressar. Levantei da cama e dei um longo suspiro. Me arrumei para ir à escola e, no caminho lembrei-me de seu aniversário. Você, longe de mim, não podia ver o sorriso nos meus lábios, o brilho de meus olhos que era intenso só de imaginar este dia especial. Especial para você que é especial para mim. O meu maior desejo era poder passar um momento, horas ou até mesmo minutos, mas um momento com você. Poder lhe abraçar, lhe beijar e te olhar, com os mais puros sentimentos.

É engraçado certas coisas, pensei. Em aproximadamente um mês você se tornou uma pessoa muito especial para mim. Uma amizade que quero cultivar pelo resto de minha vida. Uma amizade onde vejo muitos frutos.

Ontem, conversando contigo, tive uma visão. Em frente ao computador minhas vistas escureceram e me senti cada vez mais longe do meu quarto. Abri os meus olhos. Eu já era adulto, por volta dos meus 26 anos. Era alto. Pesava mais do que peso hoje. Tinha a barba mal-feita. Estava em uma cozinha de um apartamento do qual nunca vi antes. Cortava batatas. Escutei um barulho vindo da sala. A porta de entrada ao apartamento foi aberta. Era você quem entrava. Nos comprimentamos e fomos jantar. Grelhado de carne com batatas assadas. Pude sentir até o cheiro. Voltei ao presente.

Não sei o que éramos. Namorados, amigos, noivos. Não dava para saber. A única coisa que pude constatar é que, independente do que éramos, a nossa relação era muito boa. Era forte, verdadeira, bonita. E isso, para mim, é o que mais importa.

Viver ao seu lado me pareceu ser muito bom. E que meus votos de hoje para você sejam mais do que uma comemoração, mas uma promessa de que, se você quiser, sempre estarei ao seu lado,te escutando, te amparando e, principalmente, te amando.

"Tarde demais o conheci. Por fim, cedo demais, sem conhecê-lo, amei-o" William Shakespeare

"Duvides que as estrelas sejam fogo, duvides que o sol se mova, duvides que a verdade seja mentira, mas não duvides jamais de que te amo."
William Shakespeare

domingo, 28 de junho de 2009

No balanço Dó Ré Mi...

Hoje ela sentia-se leve. Leve como as notas de uma melodia. Às vezes, inclinava o corpo seguindo o ritmo doce da música. Estava sozinha. Ela e o seu eu interior em perfeita sintonia. A calmaria da música misturava aos movimentos suaves que seu corpo fazia. Retorcia a cintura vagarosamente ao mesmo tempo em que, com os braços suspensos no ar, fingia tocar alguma coisa. Como se a música entrasse na pontas de seus dedos e percorresse todo o seu corpo. Estava equilibrada. Havia espaço suficiente para dançar, mas seus passos eram tímidos e leves.

Em certo momento daquela dança o estilo da música mudou. Passou a ser bem mais rápida e menos suave. As batidas eram fortes, exageradas. A moça colocou as mãos nos joelhos e requebrou conforme a música. Estava muito mais solta. Fazia movimentos extravagantes. Seu corpo continuava em sintonia, mas muito perturbado. Dançava bem. O espaço parecia ser insuficiente. Estava bem atraente. A moça gostava da nova mudança. Balançava a cabeça para os lados de modo a volver o cabelo ao seu redor. Requebrava o quadril de maneira violenta e nem um pouco tímida. Ia até o chão. Dava pulos com o ritmo. Sentia a respiração ofegante, mas não tinha vontade de parar. Se arremessou ao chão. Recuperou os sentidos e começou a chorar. Estava confusa. Mudar o ritmo da música é como mudar o ritmo da vida. Saiu da calmaria e timidez para entrar no arriscado, mas diferente. Gostava dos dois. Na vida calma ela tinha conforto, mas na vida arriscada ela tinha a independencia. Descobriu que devia viver no meio termo. Sem muita monotonia, mas sem muita ousadia. Sacou que o certo era, independentemente da música, nunca perder o ritmo. Levantou-se e continuou a dançar...

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Reservado...


- Quando eu crescer vou ser médico!
- Eu quero ser astronauta!
- Réporter!
- Secretária!
- Dentista!
- Ah...Professora!!
- Eu quero ser mecânico!
- Eu quero ser igual ao meu pai!
- Francês!
- Quê?
- É! Eu quero ser francês!
- Mas é impossível!
- Não é!


Desde pequeno existiam esses problemas. Ninguém entendia aquele garoto. Todos ao seu redor tentavam desestimulá-lo de alguma forma. Ele cresceu e estava na fase que o levava a escolher o que realmente seria. Médico, dentista, químico, não importa. Ele tinha que escolher. E para piorar, sempre haviam aqueles que não o apoiávam. Tentavam a qualquer custo destruir os sonhos dele.

- Eu quero ser ator!
- Ator?! Você não vai sobreviver com teatro! Filho meu não faz teatro!
- Mas...
- Por que você não tenta Medicina? Tem cara de médico!
- Eu não suporto ver sangue, quanto menos pessoas sentindo dores!
- Frescura! Vire homem!
- Eu não faço Medicina e pronto!
- Faça Engenharia então! Você tem cara de intelectual...Consigo te imaginar de engenheiro!
- Não sei...Talvez eu possa fazer Engenharia Química, mas...
- Então está ótimo! Faça engenharia Química!
- Eu gosto mais de Química do que de Engenharia Química!
- Qual a diferença? Engenharia é mais chique!
- E daí? Não me importo com esse tipo de beleza!
- Mas você gosta de Química, não é?
- Gosto!
- Então!
- Você não acha que eu interpreto bem? Tenho até caras e bocas!
- Eu não gosto de teatro!
- Ah...
- Química tem tudo à ver com você!
- Mas eu também quero o Teatro!
- Humpf... Bem, faça o teatro, mas faça depois! Você tem uma vida inteira Além de que Teatro não dá futuro! Faça-o como hobby!
- Hum... Tá bom... Farei Química - Disse o garoto com um ar de desânimo-.

Química. Ele amava essa matéria. Se sentia quase um Deus ao poder estudar as propriedades das materiais que compõe todo o universo e tentar manipulá-los, mesmo sabendo que são apenas suposições, algumas das quais que não podemos ver ou comprovar que, realmente, existe. Mas, o que o fazia sentir o verdadeiro eu era o teatro. Podia fingir ser o que quisesse, fingir ser o que nunca seria ou será, desde um cachorro até um Rei. Passar por situações engraçadas, difíceis, tristes, tensas,qualquer outra, mas sempre feliz por estar ali. Seria reconhecido ou lembrado por divertir os outros, emocioná-los. Viveria paralelamente em dois mundos: o real onde tudo é mais duro, e o fantasioso, onde suas vontades não tem limites, seus desejos são alcançados.

O menino cansou! Cansou da manipulação, das escolhas insatisfeitas. A partir de agora o que importava para ele era ele mesmo. Sozinho, com ou sem ajuda, não importa, é ele quem tem que construir a própria vida. Nada e nem ninguém irá impedi-lo de lutar pelos seus sonhos! Agora ele estava reservado para si próprio...


sexta-feira, 19 de junho de 2009

Cientificismo do amor...

Sinapse é o local onde as extremidades dos neurônios se encontram - não fisicamente, pois se eles entram em contato direto há a junção das membranas plasmáticas - com o intuito de transmissão de estímulos nervosos, com o auxílio de transmissores químicos (adrenalina, por exemplo). A todo momento é realizado sinapses em nosso corpo. Desde lembrar o nosso nome, até sentir fome. Há certas estruturas neurotransmissores que ligam, nas sinapses, os elétrons entre dois neurônios. Essas estruturas são liberadas de acordo com as nossas sensações. Pensando no grande amor da minha vida, e realizando inúmeras ligações positivas no meu cérebro, meu corpo libera uma quantidade enorme de neurotransmissores do amor. O que me deixa com o coração acelerado, ondas no estômago, olhos brilhantes, e tudo o que há de bom e característico nesse sentimento.

Fecho o livro de biologia e me concentro nas sensações que meu corpo adquiria. Quanto mais eu penso em você, mais apaixonado eu fico. É inevitável...

quarta-feira, 17 de junho de 2009

[Pesa]delo...




Era um corredor escuro. Cheio de janelas e portas, mas todas fechadas. O corredor era enorme e empoeirado. Deviam fazer dias, ou mesmo meses que não ia ninguém ali. Finalmente cheguei ao seu final. Havia uma grande, longa e velha escada de madeira. Caminhei até o corrimão e passando, levemente, o dedo sobre a poeira que ali se encontrava senti um estralo na mente, e me perguntei o que fazia ali, no meio de um prédio aparentemente abandonado. Como eu havia entrado ali? Nem eu sei. Subi, então, as escadas velhas até uma janela que se encontrava no piso intermediário entre o primeiro e segundo andar. Segurei em uma das tábuas que impedia a luz solar entrar por completo naquele ambiente. Arranquei-a e senti uma intensidade enorme de luz preenchendo aquele enorme espaço. Junto com a luz me veio um esclarecimento importante: Eu já estive nesse lugar antes. Este antigo castelo abandonado nada mais é do que minha antiga escola. Um colégio que foi construído em forma de uma réplica de um castelo europeu. A escada de mandeira veio da Espanha. As janelas imitavam os formatos das janelas grega e alemães. Quem o construiu era um padre alemão. Inicialmente era um internato para homens, mas com o passar dos anos se tornou uma instiruição privada de ensino para qualquer sexo, raça ou cor. Mas, hoje a escola estava em pedaços.


Com muita curiosidade, continuei a subir as escadas até o último andar. Como em um filme, me veio todas as lembranças das manhãs em que eu subia, devidamente uniformizado, até aquele andar e virava à esquerda, onde entrava na primeira sala, também do lado esquerdo da parede. "Número 317" - Lembrava bem!-. Caminhei até essa sala e ao abri-la, pude observar um ambiente com cadeiras amontoadas em um canto, janelas fechadas e escondidas atrás de cortinas altamente empoeiradas e velhas. O quadro estava manchado. Havia um dos quatros ventiladores jogado ao chão. O teto, que era de "isopor"- Pois era revestido de um material sintético que se assemelhava muito ao isopor, então na minha época, os meus colegas de classe usavam essa denominação-, estava destruído e sujo, dando para ver o telhado. A minha janela preferida estava ao fundo. A última. Gostava dela por, quase nunca, possuir um aluno ao seu lado. Além de que, um dos meus melhores momentos se passou ali, olhando para o céu através dela. Resolvi ter, mais uma vez, a imagem que tanto me confortava daquele ambiente. Ao chegar perto, um cheiro forte e característico dominou o ar. Senti náuseas, mas continuei em frente. Ao puxar a cortina me deparei com um corpo humano, apodrecendo, esticado sobre a carteira ao lado da janela. Senti minhas pernas bambas e um nojo enorme. Antes de virar e sair dali à procura de ar fresco pude perceber um detalhe que me paralizou. Arregalei os olhos e senti um frio interno. Caí de joelhos ao chão e com as mãos na garganta não consegui mais respirar. As lágrimas corriam pelo meu rosto, e junto a elas, mil pensamentos em minha mente. Não pude acreditar, não quis acreditar, mas eu via. Via que o defunto era eu. Eu havia morrido sobre a janela que tanto me confortava. Eu estava morto provavelmente há anos! Anos de vida dependente. Anos à procura de conforto; conforto este, que nunca procurei em mim. Talvez por não acreditar em mim. Talvez por não saber viver. Será que há alguma maneira de ser eu mesmo? Será que é tarde? Será que tenho como reparar meu erro? Nesse momento uma faixa negra se formou no chão onde pisava me circundando. Corri até a janela para fugir dessa agonia e me atirei. Não sentia dor, prazer, nada. Apenas um vazio...


Acordei. Ainda com aquele pesadelo em mente e com o cheiro podre no nariz , pensei: "Não é tarde!". Levantei e fui para o colégio...

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Chocolate quente, quente amor...


Havia uma leiteira. Ela era alaranjada do lado de fora e branca por dentro. Possuía pequenos vestígios de ferrugem no prego que segurava sua alça. Não era muito bonita. Mas, era bem útil. Um líquido estava sendo despejado dentro dela. Era leite. Junto com ele, foram adicionados uma colher de chá de café solúvel e duas colheres de sopa de chocolate em pó. Ligaram o fogão. Misturaram aquela solução e esperaram mornar. Antes de começar a ferver o leite, apagaram o fogo e, segurando a leiteira despejaram todo o seu conteúdo em uma xícara de porcelana. Caminhei até a mesa onde me servi de alguns biscoitos de fui em direção à sala. Sentei no sofá, cubri meu corpo, dos pés à cintura com o edredon que se encontrava ali. Liguei a televisão e comendo biscoitos, tomando chocolate quente, e protegido do frio comecei a passar o tempo, arranjando meios de me distrair, esquecendo as coisas ao meu redor. A distração foi maior do que o esperado. Olhando para a xícara e acompanhando o movimento da fumaça que saía do chocolate quente, comecei a pensar nas coisas que me confortavam, assim como eu estava agora. Não coisas materiais, mas lugares, situações e pessoas.
Eu tenho um jeito de ser muito bizarro. Tenho um olho a mais. Não um olho que enxerga apenas o que podemos tocar. Um natural de todo ser humano. Mas, um olho subjetivo, indiscritível, que não se encontra na testa, ou na face, nuca, etc. Um que não pode ser visto, nem mesmo tocado. É uma característica muito especial para mim. Não sei quem eu seria sem ela. Talvez, a fumaça do chocolate, que vai a cada segundo se esvaindo e misturando no meio das impurezas do ar. Enfim, este olho é o que se encontra em minha alma, que está diretamente ligado ao meu coração. É um olhar que não vê riqueza material, que não vê cor dos cabelos, cor da pele, estatura, massa corpórea, opção sexual, etc. É um olhar muito mais amplo. Que vê e analisa a verdadeira essência de cada um. A alma. O coração. E é com esse tipo de olhar que eu procuro sempre ver as pessoas. Criar laços, sentimentos. E foi, assim que me apaixonei. Me apaixonei por um coração puro. Com muitas cicatrizes. Umas novas, outras velhas, algumas abertas, outras fechadas. Um coração simples, mas muito bonito. Sua alma é pura, sensível, inocente, frágil, encantadora. Me perdi no meio de tantas qualidades. Não nego que vejo confusões, ignorâncias, precipitações, defeitos. Mas creio que são características inferiores, e compensadas pelas tantas belezas. Que não são poucas. Diria que encontrei nesse coração um tesouro, o qual não quero deixar perder. Faria e farei de tudo para proteger essa aura, que jamais deve ser tocada pelo veneno, magoada pela ignorância, machucada pela escuridão. Escuridão, esta, que não permitirei ser atingida. Na falta de luzes, brilharei intensamente, fazendo o que for preciso para trazer a alegria de volta. Amo intensamente, e me apaixono mais ainda com o passar dos dias, à medida que exploro os túneis nunca atingidos pelo amor. Te quero bem, o melhor possível. Você me traz conforto, paz. Assim como o chocolate quente em um dia frio como hoje. Assim como um chocolate quente...

domingo, 14 de junho de 2009

Sábado e mais uma descoberta...


- Um, dois, três e...
- Xis!
- Prontinho!
- E aí? Como ficou?
- Hum... Ângulo perfeito, mas o foco...
- Tenta tirar sem o zoom! Quem saiba ajude...
- Posso tentar! Vai pegar mais cenário, você se importa?
- De maneira alguma!

Posicionei a câmera nas mãos. Focalizei, cautelosamente, a mulher ao centro. Havia uma bela e árvore atrás dela. Era uma mangueira, mas sem mangas, não era época ainda. Quando diminui o zoom a foto foi perdendo sua intensidade. A moça foi engolida pelo cenário enorme do campo que a cercava. A árvore, por exemplo, chamava muito mais a atenção do que aquela mortal que nem parecia ter importância para a foto. Respirei fundo e..."Click". Tudo congelou. Pássaros que sobrevoavam a árvore estavam imóveis no ar. Os cabelos levados pelo vento da pobre criatura da foto flutuavam, também imóveis. Algumas folhas, que instantes antes de retirar a fotografia, haviam se soltado da árvore estavam suspensas no espaço, não demonstrando nenhuma força gravitacional as atingindo. Tudo estava em perfeito equilíbrio, mas imóvel. Tudo estava em repouso, com excessão a mim, que observava, perplexo, todo o meu redor. É como se o tempo do mundo parasse e o meu não. Não entendi o que se passava. Não fiz nada de mais, apenas o meu trabalho. Que é congelar cenas para se recordar durante a vida. Lugares que fomos, pessoas que encontramos, roupas que usamos, cabelos que pintamos, comemorações que fizemos! Para se ter lembrança de como fomos um dia, mais jovens. Nada de mais. Foi aí que, sem sentir a luz solar tocar minha pele me veio uma conclusão. Minha vida estava completamente assim: parada! Me confortei com o zoom, quando, na verdade, o mundo é muito maior do que cabia na fotografia. Estou perdido, sem caminho, desamparado. Passei uma vida toda sem perceber que o mundo é muito maior do que eu imaginava. Como a árvore. Eu sabia que ela existia, mas não percebia que o seu tamanho me ocultava. Tenho que observar mais as coisas ao meu redor. Tenho que pensar mais em mim, perceber quem me faz bem e quem me influência nessa vida. Se não eu fico assim, congelado no tempo. Sem viver minha vida e viver as dos outros. Percebi. Não vou errar mais. Vou continuar sendo eu mesmo, mas não permitirei ver ninguém me fazer mal. Não mesmo!

O vento soprou forte. Levei as mãos aos olhos para me proteger dos ciscos. Não enxerguei nada.

- E aí? Ficou boa?
- An? Ah! Espera! Deixa eu ver!
Parece que tudo voltou ao normal. Peguei a câmera e analisei a foto. Como eu imaginava. O cenário realmente destacou a imagem. Mas, algo me chamou atenção. A moça estava com um lindo sorriso estampado no rosto, com uma cara limpa e pura. Sim, há como ser feliz!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Dia dos Namo... quê?

Dez e meia da manhã, indicava o relógio. Levantei, abri a janela e deixei o sol entrar no quarto. "Hoje é dia dos namorados", pensei. Não tenho com que passar esse perfeito dia. Quem seria ideal está longe. O dia passou rápido e eu nem o senti passar. Não saí de casa um minuto se quer. E não encontrei nenhuma alma viva. Acordei sozinho, tomei café-da-manhã sozinho, brinquei com os cachorros sozinho, vi televisão sozinho, entrei na internet sozinho, fiz o almoço sozinho, arrumei a casa sozinho, tomei banho sozinho, escutei música sozinho, tirei foto sozinho, olhei o céu sozinho, dançei sozinho, ri sozinho, pensei sozinho, me estressei sozinho, jantei sozinho, li um livro sozinho, desenhei sozinho, comi doce sozinho, sonhei acordado sozinho, fiz tudo sozinho. Eu e minha companhia! Foi um dia completamente excluído da sociedade! Me senti o único indivíduo da minha espécie no mundo! Muito bizarro, mas nem um pouco legal! Mas, ao final do dia, as coisas melhoraram! Encontrei quem me fazia bem do outro lado do monitor. Não era a maneira ideal que eu queria a encontrar, mas não tinha outra...Pelo menos eu a encontrei, não tinha que reclamar. Foi o melhor presente neste dia! Conversar com que me faz bem! Com quem me deixa feliz...

quinta-feira, 11 de junho de 2009

O doce sabor de nosso amor...


É noite. O tempo está frio. Nenhuma estrela no céu. Deitado na cama tento, inutilmente com as mãos, esquentar os pés frios. Um frio intenso que se iniciava na ponta dos dedos, perdendo sua intensidade à medida que se aproximava do calcanhar. Ainda deitado resolvo me encolher, dobrando as pernas, segurando-as próximo aos joelhos com os braços. Inclino a cabeça lentamente para cima fitando, assim, o rádio relógio que estava posicionado em cima do meu criado mudo. Onze horas e quarenta e dois minutos, indicava. Levanto. Dou alguns passos em sentido aleatório no meu quarto. Abro a janela cuidadosamente, de forma a não fazer nenhum ruído para não correr o risco de acordar meus pais. O céu está totalmente escuro, sem nenhum ponto luminoso que o dá vida durante à noite. Não me importei. Mesmo não querendo se mostrar, eu sabia que o Cruzeiro do Sul, as Três Marias, a própria Lua, entre outras estrelas, estavam ali. No mesmo lugar de sempre. Fechei os olhos, respirei fundo, de forma a aspirar todo o ar gélido da noite possível. Parei de respirar por um instante, sentindo todo aquele ar, anteriormente absorvido, congelar cada alvéolo dos meus pulmões. Beijei o nada. Senti meu corpo rodopiar. Abri os olhos assutado e vi toda aquela imensidão escura do céu entrar pela janela e invadir o meu quarto. Senti cada pedacinho do meu corpo sendo preenchido pela escuridão da noite, me levando para outro tipo de dimensão.


Era um lugar lindo. Havia uma gigantesca plantação de morango. O cheiro dos morangos dominava o ar. Caminhei, admirado, até o pé mais próximo de mim, e arranquei, cuidadosamente, uma fruta. Ao mordê-la pude sentir seu gosto doce completando minha vida. Uma faixa do saboroso líquido armazenado na fruta escorreu pelo meu queixo, onde foi se acumulando até pingar no solo. Me sinto mais leve a cada mordida que dou no pedaço daquele suculoso vegetal que se encontrava entre meus dedos. Ainda em estado profundo de prazer percebo que não estava sozinho. Do outro lado do corredor de pés de morango, próximo a uma árvore, não muito longe de mim se encontrava uma pessoa. Uma pessoa que me admirava curiosamente. Quando ela percebeu que eu havia notado sua presença, veio andando em minha direção. A cada passo dado, meu coração pulsava intensamente, quase a explodir. Até que, finalmente, ela se enontrava ao alcance de meus braços. Admirei cada traço de seu rosto. Eu a conhecia. Era a minha doce e amável paixão. Peguei mais um morango e coloquei em minha boca, de forma a segurá-lo com os lábios. A pessoa não exitou, passou as mãos em meus cabelos, estacionando-as em minha nuca, de forma a segurá-la, e aproximando-se, mordeu o morango que se encontrava prensado em minha boca. Nossos lábios se tocaram. Passei meus braços sobre seus ombros e me deixei levar por esse beijo que tanto sonhei. O gosto de sua boca misturado ao doce do morango me levou à loucura. Estava conhecendo naquele momento um pedaço do paraíso. Não sentia mais o chão embaixo dos meus pés. Nossos lábios, enfim se separaram e eu ainda sobre o efeito do beijo agarrei seu corpo de forma a dar um longo abraço apertado. Sentindo o cheiro de seus cabelos e o seu coração pulsar sobre o meu. Inclinei, levemente, a cabeça para cima e me deparei com um Sol imenso a nos iluminar. O céu estava claro e perfeito. Mas, algo estava estranho. A estrela solar estava, a cada segundo, aumentando o seu tamanho, até que, preencheu todo o espaço da plantação. Não pude ver mais nada, a não ser um clarão que dominava todo o meu eu. O clarão estava diminuindo e, com ele o cheiro dos morangos. O sol se transformou em lua. A pessoa havia desaparecido, assim como o campo perfeito onde eu a encontrei. Estava, novamente, no meu quarto. O céu continuava nublado, mas com uma diferença: agora a lua estava visível! Fechei a janela e me deitei satisfeito na cama, indo, enfim, dormir e viver mais um doce sonho.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Quarta mais apaixonado


Hoje eu senti um desespero fora do comum. É como se conversar com você fosse essencial para mim. As coisas começam a acontecer comigo de uma maneira tão bizarra e tão inesperada que, sem jeito eu me vejo envolvido, altamente envolvido no meio de todo esse sentimento. Sentimento esse, que não busquei, mas veio até mim. Sei que posso estar pensando precipitadamente, mas é como eu disse, veio até mim. Não acho ruim essa situação, muito pelo contrário, me sinto livre, leve e muito satisfeito.

-Mas você nem conhece direito! - Indagou minha amiga preocupada-.
-Ah! Mas conversamos muito!
-Dois dias é muito?!
-Doze horas seguidas!
-Mesmo assim! Acho que você se expõe de mais!

Pode ser. Pode ser que eu me exponha de mais. Mas, ela não vai entender, assim como ninguém entenderia. Apesar da distância, a pessoa que me despertou esse sentimento é alguem com quem me identifico, de alguma forma. A sua presença me conforta, nossos assuntos me tranquilizam. Talvez, o fato de me fazer tão bem seja o principal motivo desse sentimento. Mesmo não nos conhecendo pessoalmente, sinto sua aura pura, sinto inteligência e principalmente sinto o seu coração. O mais importante eu já conheço e estou conhecendo. O físico, o corpo, a carne não importam. São todos elementos que se corroem com o tempo, que acaba um dia, ao contrário da essência, que se mantém a mesma, forte e limpa. E foi por essa essência que me apaixonei e estou me apaixonando.

Ontem, na internet digitei trechos dos livros de Caio Fernando Abreu para umas pessoas alatórias que não conheço recebendo, em troca, outros trechos. As pessoas tentaram me descrever. Descrever meus sentimentos através de fragmentos escreitos por Caio. Recebi um que dizia: "...um único homem perdido na noite, afundado nesse aquário de águas sujas refletindo o brilho de neon. Peixe cego ignorante de meu caminho inevitável em direção ao outro que contemplo de longe, olhos molhados, sem coragem de tocá-lo. Alto de noite, certa loucura, algum álcool e muita solidão.'' Refleti bastante em cima disso. Era exatamente assim que me sinto: solitário. Perdido no meio de uma solidão positiva, que me faz refletir sobre o mundo, aguentar tudo em silêncio, o silêncio que foi tema de outro trecho: "Quanta tranqüilidade, quanto silencio. Ah essa coisa sagrada, o silencio. Onde habitam os anjos. No mais perfeito e absoluto silêncio".
Mas, a solidão acabou. Talvez, por ter encontrado um semelhante. Alguém que se encontrava na mesma situação, na mesma solidão. Um outro peixe que emite luz neon no meio da água suja, que nem diria Abreu. Portanto, nós dois, juntos, podemos ajudar um ao outro. Completar um ao outro. Doce impressão, doce sonho...

terça-feira, 9 de junho de 2009

Terça apaixonante...


A felicidade dominava todo o meu ser quando acordei. Não pensava em nada a não ser no motivo o qual me deixava assim! Sentia tremores na barriga, ondas no peito, o corpo leve como se pudesse levitar e um enorme prazer em sentir aquilo tudo.

- Bela! Tenho que te contar!
- Contar o que?
- Isso! - Disse apontando para meu lado esquerdo do peito, indicando meu coração que pulsava incasavelmente, agora dominado pela sensação da paixão-.
- Ahh!! Eu quero saber! Vamos lá para o fundo! - Disse ela, ao mesmo tempo em que levantava da carteira e me puxava pelo braço, até um dos cantos não movimentados da sala -Pronto, agora conta!
- Você já viu o céu hoje? Olha como está perfeito!
- Está bem bonito!
- Eu preciso tirar uma foto disso! - Disse pegando o celular do bolso e fotografando a janela e a paisagem que mais me impressionava-.
- ...
- O céu nos aproxima. Nós dois, cada um em sua cidade, admira essa imensidão lembrando um do outro. De vez em quando, eu peço para as nuvens madarem um recado carinhoso. Peço para o sol iluminar o seu caminho e imploro que o vento beije suas faces e toque o seu cabelo por mim...
- Que graçinha!
- Eu estou completamente apaixonado, fato.
- Que fofo!

É muito bom sentir o que sinto por alguém assim. Cheguei em casa desesperado. Almoçei rapidamente e sem nem pensar duas vezes peguei o telefone e liguei para a pessoa que me causava todas essas emoções. Conclui: Vou aproveitar o feriado que se aproxima e viajarei para a cidade que abriga meu doce amor. Luz, é o nome da cidade. Talvez nesse lugar, não muito falado, eu encontre um brilho a mais em minha vida. O nome já sugere isso. Conforto de espírito e amor dilacerante. Vamos com calma! Mal abri a porta do coração, e esse sentimento já circula por todo o meu corpo, como o sangue nas veias.

- Como não?! - Disse indgnado -
- Desculpe meu filho, mas o preço não compensa! É muito caro para passar apenas um dia!
- Tem razão mãe! Desculpa...

Reformulando: Viajar não vai dar certo. Mas não tem importância. A distância só servirá para aumentar esse sentimento. Não sei quanto tempo aguentarei sem poder ver ou sentir a presença dessa pessoa, mas em breve chego em minha maior idade, e com a licensa para dirigir, não terá distância que nos separe nesse país imenso. Enquanto isso, é só esperar. Esperar e sonhar com um doce e carinhoso beijo teu.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Segunda entre as nuvens...


Um dia, aparentemente, normal. Levantei da cama com um belo ar de satisfação e alegria. Estava atrasado, mas não me importava. Tomei banho e fui, já de uniforme, até a cozinha onde tomei meu café da manhã. Logo após, já satisfeito, escovei os dentes e caminhei em direção ao portão. Ao abrir a porta do jardim deparei com um dia nublado, um céu completamente acinzentado. Não desanimei, apesar de não gostar de dias assim. Nada, absolutamente nada seria capaz de tirar essa doce sensação do meu corpo. Abondonei este devaneio quando senti algo se movendo por cima dos meus pés. Abaixei a cabeça e observei uma miniatura de um animal, bem semelhante a um urso polar, em cima dos meus pés. Aquela bola de pêlos viva estava arranhando minhas calças jeans, pedindo minha atenção. Acariciei sorridente meu pequeno cachorrinho e fui, mais satisfeito ainda para a escola. Nada vai dar errado!

- Você está bem?
- Sim, estou ótimo!
- Mesmo?
- Sim! Por que?
- Você está muito pensativo!
- Não consigo parar de pensar em alguém...
- Quem?
- Ah...Um alguém aí!
- Deve ser coisa boa, você está muito sorridente
- Realmente! É uma coisa muito boa!

Passei a manhã inteira contando as horas para poder pegar no telefone e ligar para esse "alguém"! Liguei! E depois de pouco conversar fiquei mais ansioso e mais feliz ainda! Sem contar na satisfação que foi enorme! Voltei à sala de aula, e sentado perto da janela, que me fazia refletir, coloquei meus fones de ouvido e procurei uma música linda para tocar. Como estava confuso, como estava perdido. Afinal, o que é isso que estou sentindo? Por que não passa? Olhei para as pessoas no pátio e, derrepente, aquela visão somada com as notas musicais da canção que eu ouvia me gerou um prazer enorme! Foi um dos meus melhores momentos! Como eu estava satisfeito!

- Tem certeza que você está bem? - Interrompeu minha amiga que surgiu do nada perto de mim.
- Nossa! Que susto! Nem vi você chegando!
- Ainda pensando no "alguém"?
- Por que? Está tão óbvio?
- Bem, eu acabo de chegar e me deparo com você, sentado na última carteira da sala. Vejo que está olhando fixamente para fora da janela, mas me surpreendo com seu doce sorriso direcionado ao nada. Decidi vim ver o que está acontecendo!
- Não é nada de mais! Estava olhando o céu!
- Mas ele está nublado!
- Não perto de mim! Olha que bizarro: este pedaço, bem em cima da janela, está sem nuvens. Está azul. Um azul celeste tão intenso que me contagia!
- Nossa! É verdade!
- Não é lindo?!
- O que você está sentindo afinal?
- Por que?
- Você está tão bobo e tão fofinho!
- Não sei o que estou sentindo ao certo, mas creio que o céu me dirá! Ele me diz muitas coisas! Olha, ele já disse que tenho esperanças!
- Disse?
- Esqueceu do azul brotando do cinza?!
- É verdade!

Senti uma brisa fria e gostosa que veio da janela e passou por entre meus cabelos, contornando toda a minha cabeça. Senti como se o céu quisesse me beijar! Descobri! Descobri o que sentia!

- Acho que estou...
- Está?
- Acho que estou me apaixonando!
- Sério?!
- Sim!
-...!
- Vê aquele pássaro voando bem alto, entre as nuvens?
- Sim. O que tem ele?
- Assim que estou agora! E assim que vou ficar! Voar alto! Viver esse sonho! Deixar esse sentimento me levar aonde ele for parar...

sábado, 6 de junho de 2009

Sábado e uma supresa.com.br

-Pai, mãe, estou saindo!
-Aonde você vai a essa hora da manhã, meu filho? - Perguntou minha mãe com a voz rouca de sono-.
-Para a aula mãe! Já são 6:30!
-Mas, hoje é sábado!
-Pois é! Tenho simulado, esqueceu?
-Ah! Então tá! Boa prova pra você!
-Obrigado! Beijo!
-Tchau!

E assim foi. Cheguei ao colégio, fiz a prova e quando estava voltando para casa lembrei que, como de costume, o destino sempre me reservava pessoas novas em dias de simulado. Pode parecer mentira, mas eu acreditava nessa superstição. Sempre acontecia comigo. Talvez, por acreditar nisso, eu acabe procurando meios para o tornar realidade. É, com certeza é isso...

As horas se passaram e navegando na internet, encontrei uma pessoa -na verdade, encontrei várias, mas apenas uma me interessou-. Começamos a conversar e nos conhecer...Poxa, foi a melhor coisa que me aconteceu na internet. Nunca acreditei que dava para fazer amigos nisso, sempre suspeitei. Mas, fiz. E o meu novo amigo era agora um cúmplice, talvez por saber o meu maior segredo, talvez por que, agora, eu gostava dele. Pode parecer imaturidade pensar assim, eu sei. Imaturidade sentir alguma coisa em relação à um recém conhecido, nem tão conhecido assim. Mas, eu sinto. E gosto de sentir. Sinto um carinho enorme por esse amigo, sou assim. É inevitável. Talvez por isso minhas amigas me chamam de "fofinho". Confio nas pessoas e sou muito sensível em relação aos sentimentos. Não tenho medo nem vergonha de assumir isso. Sentimentos fazem parte da vida humana. A amizade está nascendo entre a gente, e não será o medo e as incertezas que a alimentará, mas sim os sentimentos verdadeiros que adquirimos conhecendo a verdadeira essência um do outro. E isso, só com diálogos, convivências... Não custa tentar! Não vou desistir! É, a supertição funcionou, melhor do que o esperado...

-Oi!
-Oi! E ai? Como você está?
-Muito bem, e você?
-Também!
-Quero muito ser seu amigo!
-Eu já te considero um amigo!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Quarta e um pouco de expressão...


O tempo corria. E os minutos de prova iam se esgotando.


- Se o trânsito foi hierarquizado, significa que alguém tem certa superioridade, então, sabendo que os que dirigem se sentem superior aos que andam à pé, podemos afirmar que o texto faz uma reflexão sobre a ação da sociedade como interferência no trânsito. Então vai dar letra "a"!


O tempo continua correndo e eu continuo concentrado nas minhas provas.


- Se a coluna 6A contém os elementos Halogênios, então a 7A só pode ser os Calcogênios! Ah! Ficou fácil! Eles são elementos representativos, que é a resposta da letra "c". E pra responder a letra "d" basta olharmos a massa atômica, juntamente com o período e coluna para conseguirmos fazer a distribuição eletrônica.


Concentração. É a principal ajuda. Mas, há algo errado. Apesar de concentrado agora, não me foco durante os estudos. Tarde de mais, já estou nas provas. Estudar para mim era tão fácil, o que será que vem acontecendo? Por que será que não consigo mais? Desestímulo, talvez. Droga. Não gosto disso! Se eu quero um futuro brilhante para mim, eu tenho que estudar! Ser o diferencial. Enquanto ainda me falta esse estímulo, vou continuar tentando sair dessa penumbra. Vou voltar a ser o que eu era. Eu quero isso.


-1s² 2s² 2p³ = Carbono (C)... a) Oração coordenada sindética conclusiva... De acordo com o modelo atômico de Böhr... O menino não comia, pois já tinha almoçado...Então, os alcalinos terrosos representam...O fato de uma mosca ora pousar na mesa, ora pousar na pia... O que não condiz com Dalton, que acreditava que... A morte foi causada porque a menina comeu maionese com salmonela...Com isso, Rutherford descobriu o verdadeiro significado das... Orações subordinadas!...Justificando, assim, a importância da química...no português!


"Quatro e meia", dizia a mulher, indicando o final de mais uma tarde de prova. Lá estava eu, confuso com minhas respostas, mas certo de que não deixarei a chama do conhecimento se apagar de minha vida. Não mesmo!

terça-feira, 2 de junho de 2009

Terça e mais uma reflexão...


Observo atentamente ao meu redor. Alunos, amigos, colegas...Pessoas que viveram boa parte vida junto a mim. Olho pela janela e vejo as crianças do ensino fundamental nas filas esperando a professora vir apanhá-las. As mesmas filas de quando eu estagiava ali. Lembro da minha infância. Tenho saudade, mas não tenho vontade de voltar aquela idade. Era ingênuo, imaturo, mas feliz. Não que hoje eu não seja, mas jutamente por desconhecer a verdadeira realidade eu me sentia muito melhor. Volto a olhar a minha sala. Estou no meu último ano escolar. É engraçado pensar em uma vida depois da escola, ao mesmo tempo em que tenta lembrar o início nesse ambiente. Minha vida começa agora e não sei se estou preparado o suficiente para enfrentar esse mundo. Sair da teoria e começar na prática. Observo as pessoas mais velhas. Quantas decepções, quantos sonhos arruinados, quantas vitórias, quantas alegrias. Que medo de enfrentar a vida. Sei que consigo. Olho para o céu. O tão famoso sonho de andar com as próprias pernas me aflige tanto que nem a imensidão azul me conforma. Volto o olhar para as pessoas. Muitas não me fazem falta. Outras são altamente necessárias em minha vida. Quantas ainda virão? Quantas serão indispensáveis? Droga. Não gosto de pensar no meu futuro. Me imagino um homem estranho, inteligente. Um homem que apesar do sucesso se sente fracassado. Fracassado porque tentou, inutilmente mudar o mundo, e tentou mais inutilmente ainda tentar não se importar com isso. Apesar disso, sinto um grande conforto em me imaginar vivendo sozinho. Sendo auto-suficiente. E vou fazer de tudo para que esse lado do meu devaneio aconteça. Sonhos. Possuo muitos sonhos. Quem não possui? O maior desafio é realizá-los. Acredito que começar direcionando um foco é o principal. Cansei. Levantei da carteira e andei em direção à porta da sala. Comprimentei, com um sorriso e uma cara amassada de sono, umas pessoas que cruzaram meu caminho. O sinal tocou, indicando que era hora de voltar, para a sala e para a vida de sempre...