quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Pequeno príncipe




-Você já leu O pequeno Príncipe?
- Já, há muito tempo.
- E você gosta?
-Ah...Sim! Por que?

Um frio na barriga, uma ansiedade crescente. Meu Deus, vou chegar atrasado. Começava a escurecer. O comércio encerrava suas tarefas do dia. As pessoas passavam por mim cansadas, pela rotina exaustiva que provavelmente tiveram. Os carros, em perfeita sintonia, seguiam seus trajetos no sentido contrário ao meu. Meus passos me guiavam na ritmicidade do meu coração. A respiração começava a ficar ofegante, resultando numa tonteira agradável. Cheguei. A casa estava cheia de gente. Uma harmonia inquebrável, vibrante. Do meu jeito, do meu modo observei com compaixão as novas pessoas que toparam na minha vida. Particularidade inquestionável, conhecimento adquirido, convivência em prática. Você me olhava de certa forma que sem perceber, me desarmava por completo. Estendeu a mão. Segurou, discretamente, um pedaço de mim que vibrava nos meus dedos e que queriam, com uma vontade louca, sentir acolhido por toda aquela energia eloquente que você possui. Caminhamos até a varanda. Como você fica mais lindo ainda com o reflexo da lua nos seus olhos. Olhares profundos, tão particular seu que me envolvia por completo como um refrão de uma música incessante. Eu estava muito feliz. Sentia o vento da aurora batendo no meu rosto, trazendo aquele cheiro de noite que completava toda aquela cena iconográfica que a gente construiu juntos ali. Eu me sentia puro, meu coração vivo,minha alma serena. O engraçado é que a proporção da minha admiração por você crescia a cada momento em que eu te conhecia mais. Eu gosto do que eu sinto por você. Da primeira impressão, dos primeiros beijos, dos primeiros olhares, das primeiras risadas, dos primeiros momentos. Você foi marcante, você é marcante. Mesmo que a gente não se veja mais, que as circunstâncias nos afaste, nos leve a caminhos opostos eu posso dizer que você me marcou. Nossos momentos foram intensos e te cativar em mim é a recompensa de tudo o que você me proporcionou, proporciona. Olhei pro céu sem estrelas. Você olhou pra mim.
- O que foi? -disse.
- A noite está tão bonita. Vejo duas estrelas...
- Onde?
- Bem perto. Bem especial, bem iluminadas.

(silêncio)


-Você já leu O pequeno Príncipe?
- Já, há muito tempo.
- E você gosta?
-Ah...Sim! Por que?
- Por causa de algumas frases!
- Quais?
- "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
- Por que?
- Porque: "A gente só conhece bem as coisas que cativou." E, antes que me pergunte mais alguma coisa. " Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos!"

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Morangos mofados

A manhã daquele sábado começou bem propícia pras emoções que ocorreriam no seu tardar. O sol tímido por entre as nuvens, o chacoalhar das folhas das árvores da rua pelo vento forte que trazia até mim aquele misto de cheiro de chuva e terra úmida. Mais tarde, de fato, choveria.

De frente ao portão guardava em mim apenas a ansiedade em te reencontrar depois dos dias sem te ver. Apertei o 205 e, com o dedo ainda na gradinha do interfone, ouvi o clássico "quem é?"seco e frio de alguém que desconhece a face do outrem que o convoca."Sou eu", respondi. Tão clássico quanto o primeiro, que de tão impassível de definições, é capaz de identificar exatamente seu interlocutor. Entrei sem menos. Ao passar pela garagem lembro de ter pensado que era sim possível jogar badminton sem esbarrar nos carros, ao contrário do que você me dissera certa vez. Subi as escadas como se conhecesse exatamente aquele lugar que poucas vezes visitei. Ao chegar no seu apartamento a porta já estava aberta e ouvi sua voz me chamando da cozinha. Tranquei a porta e fui ao seu encontro com os olhos na espera de algo que tanto os saciava: sua imagem. Quando te vi minha alma se alegrou e meu coração sorriu tanto que, mesmo que minha boca se manteve perplexa, dava pra ver as veias pulsando no meu pescoço, como um apelo do coração que estava ali, pedindo atenção. Como você é lindo. Não disse, mas pensei do momento que te vi até muito depois. Você estava simples, centrado nas suas obrigações domésticas. Suas roupas estavam lavadas e as únicas peças que sobraram compunham seu traje naquele instante. Aflito em terminar tudo o mais rápido possível e poder se ocupar com outras coisas transpareciam em suas ações quase todas muito rápidas. Trocamos algumas palavras, alguns sorrisos, roubei-lhe alguns beijos e o tempo passou sem que eu havia notado. Como você é lindo, repetia sempre em pensamento.
Terminada as tarefas domésticas, você pode enfim relaxar. Mas sabemos que você não pára. Com pensamentos a mil, vontade de decidir o futuro, programar as próximas horas, agilizar o máximo para melhor aproveitar fim do dia, você quase não sentiu minha presença ali. Até que, por fim, agarrei seu pé e fingi lhe fazer uma massagem. Sentados no chão, você de frente pra mim, com o pé esquerdo esticado sobre minha perna, fechava os olhos e conversava sobre o faríamos aquele dia, sobre nossos amigos e quem veríamos em breve. Segurei seu pé com minhas duas mãos. Os meus dedos comprovavam o contorno do seu pé que meus olhos desenhavam. Admirei de perto cada pedacinho daquele pé que ninguém, talvez nem você mesmo tenha reparado tanto. A sensação que senti foi única. Eu estava apaixonado. Tocava ali em algo muito mais do que um pé esquerdo, mas em um pedaço de você, em uma parte sua que me remetia ao todo. Todo esse que eu tanto amava. Eu te amava. Eu te amo. A sensação da proximidade que eu tinha de você durante aquela massagem me fez ter a certeza de que você me fazia bem. Em pensamentos, relembrei do nosso primeiro beijo. O beijo sabor morango. O beijo que como todos os outros me encantou, me tranquilizou. Olhei para você com os olhos brilhando, meu coração pulava de tanta euforia dentro de mim, senti o estômago revirar. Te metralhei com o olhar doce e carregado de amor que eu fixei em você. Você me olhou de volta e eu sorri timidamente. Retirou o pé e levantou de supetão dizendo que tomaria um banho. Você sequer notou em toda a singularidade dos meus gestos que diziam o tempo todo a importância que você tinha pra mim.

As horas foram se passando. Eu insistia em te querer. E você insistia em não perceber. Encontramos nossos amigos, saímos pra beber, nos divertimos, jogamos conversas fora. Várias foram as vezes que secretamente te encarei com certa furtividade. Como se meus olhares roubassem da sua imagem pra saciar a vontade que eu tinha de você. Mas você se afastava, não percebia, não se importava. O tempo continuava correndo. E você corria com ele. Corria pra longe de mim e eu quieto, observava tudo. Apenas percebia você passando por mim, te tirando de mim. Dos meus olhares, dos meus beijos, do meu contato, do meu coração. Você fugia. Você foge. Seria eu uma ameaça? Seria uma arma o meu amor? Não sei. Apenas vi, sem saber o que fazer, você se distanciar de mim. E assim ficou, até que mais tarde, enquanto todos dormiam, você completamente apático e indiferente me disse que não dava mais. "Não dá mais o que?! Você quer terminar, é isso?!", disse eu com o coração nas mãos. Você, incapaz de dizer que sim ou não, apenas gesticulou positivamente com a cabeça. Por que era tão difícil falar?!

O seu gesto covarde entrou pelos meus olhos que mais cedo havia te admirado com imensa paixão e desestruturou tudo em mim. Senti o chão ficar cada vez mais macio. Meu estômago revirava. Eu ia vomitar. Sem nem me importar com o resto, com a distância, com você, com quem visse, com quem ouvisse, com quem acordasse, eu corri até o banheiro onde vomitei. Vomitei todos os sapos que um dia você me fez engolir. Todas as palavras que eu segurei para não te dizer um dia. Todos os insultos que tentaram uma vez sair de mim. Todas as verdades que preferi não dizer. Todos os sonhos que ousei em ter. Vomitei todos os morangos do seu beijo. Vomitei tudo. E como se não bastasse, ainda ouvi você dizer que toda vez era assim, dessa forma e que já estava cansado dessa situação. Levantei do chão do banheiro e lavei o rosto com a água fria da pia e as lágrimas quentes do meu coração ferido. Te encarei mais uma vez. A última vez. E a única coisa que consegui dizer foi o tradicional, mas sincero "esperava mais de você". Chegamos no fim. Os morangos mofaram.

E, naquele sábado, por fim, choveu.

terça-feira, 15 de março de 2011

Colorindo sentimentos




A mão quente apertava bem aquele pedaço de madeira recheado. O recheio sólido do material de madeira era largado para trás no pedaço do papel à medida que a mão dançava no ar. O branco deixava de ser branco. A cor ia dominando todo aquele espaço pré-determinado, dando ao papel outro significado, um contorno, um desenho. A mão largou o lápis e pegou outro de recheio diferente. Quanto mais a mão dançava, mais as cores se misturavam. A intenção daquilo tudo estava se tornando, à medida do tempo, mais evidente, sublime. A representação de algo começava a se despertar no papel. Creck! A ponta daquela magia toda foi arremessada há uns 20 centímetros de onde estava a mão. A força do recheio que traz cor ao papel foi tão grande sobre o mesmo que, ao mesmo tempo em que possuíam tanta afinidade, possuíram enorme repulsa. O papel cansou do lápis. O lápis cansou do papel. O desenho estava inacabado e também estava pronto. Não havia mais nada que se pudesse fazer. Até que: Rock, rock, rock. Um material plástico quadrado usava de toda a sua dinâmica para restabelecer a mágica do pedaço de madeira. Parecia milagre, mas não era. Tudo tem um preço: À medida que haviam crises entre o papel e o recheio mágico, menor ficava o lápis, até chegar o dia em que escoaria toda aquela magia de colorir as coisas.


Esse era o retrato que dominou meus pensamentos durante a tarde. A arte do colorido funciona assim. De maneira análoga funciona a dinâmica da vida. A mão seria os ideais, o lápis o amor, o papel o amante e o apontador os obstáculos. É preciso cautela e sintonia para que tudo termine num belo desenho, para que o tempo possa construir e colorir as coisas, de forma que o desenho se finalize sem a necessidade de se extinguir o lápis. Essa é a arte da vida, a arte do amor.


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Confissões em um Divã

Sobre coisas que não devem ser ditas, mas feitas.

Há uma coisa em mim que me perturba. Ontem mesmo eu estava no divã relatando os acontecimentos da minha vida quando minha terapeuta puxou esse assunto. É algo intrínseco, que influi muito no meu jeito de sentir as coisas e que varia de pessoa pra pessoa. Não, o sexo não tem importância, nem mesmo a orientação sexual. O engraçado é que li em um livro dias atrás que todos nós possuímos uma parte masculina e uma parte feminina. E, dependendo das nossas ações e dos fatos, o equilíbrio desses lados se quebra e agimos ora mais "femininos" e ora mais "masculinos". Já disse que não tem haver com sexualidade! A ciência explica que o lado feminino é um lado mais sentimental, afetuoso e já o lado masculino, um lado mais racional, frio. Agora entendeu? Então, retomando: Eu disse que ontem, quando estava no divã minha terapeuta me fez enxergar que meu lado "feminino" é mais evidente nas minhas relações afetivas. Talvez esse meu lado afetuoso, carinhoso que demonstra meu sentimento tão explicitamente gera uma procura de afeto. Não, não sei se se trata de carência. É uma sede insaciável de demonstrar afeto, de sentir amado, de mostrar amar. Enfim, loucura, pensei. Não gente, não é errado ser afetuoso, nem certo. Na verdade não existe um porque nem um motivo, simplesmente sou assim, algumas pessoas são assim. Não adianta eu pensar em como solucionar isso, acredito que tenho que aprender a melhor forma de conviver com isso, sem que me prejudique tanto e que prejudique quem está envolvido comigo, entende? Eu sei! Claro que eu sei que as pessoas são diferentes! Mas conviver com as diferenças não é apenas respeitar, é sobreviver! Não não, eu sei que não sou perfeito. É óbvio! Mas o que custa eu tentar mudar os meus defeitos? Aprender com os erros. Sei que eu sou dessa forma e isso pode ser errado, eu tenho que me aceitar assim, mas eu não posso ignorar e continuar errando, compreende? E justamente por não ser perfeito eu tenho limites, não consigo aceitar tudo. Não, não estou falando de você, estou falando de mim. O nosso namoro? O que que tem? É a minha forma de encarar isso, tente entender. Você não precisa ser igual a mim, só precisa ser um pouco mais compreensiva, acredito. Você não está me entendendo?Eu tava querendo dizer que...Não! Não se estresse! Por que você tá gritando? Eu só precisava desabafar...Eu sei! Ai, não complica! Mudar de assunto? Olha, realmente você não é minha terapeuta! Ignorante, eu? Você está irritada, não vou falar mais disso com você dessa forma. Uhum. O que tem minha terapeuta? Não ela não coloca coisas na minha cabeça, me ajuda a entendê-las. Não meu bem, não disse que é você quem coloca...Olha. Amor. Amor, me escuta. Tá, entendi. Amor, amor me escuta. Olha eu entendi que você faz de tudo pelo meu bem. Entendi que você me ama, eu também te amo. Não, não! Não estou querendo achar motivos para a gente brigar não. Olha, vamos fazer o seguinte, você vai pra casa, descansa, tenta ser um pouco mais compreensiva. E eu? Onde que eu vou? Ahh..preocupa não, vou na minha terapeuta! Aliás, já estou atrasado!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Um diálogo, uma conclusão, coração partido e chuva

A: Estou numa corda bamba.
B: Por que?
A: Entre o cair e o equilibrar-se.
B: Mas em relação a que?
A: Por causa daquela palavra de 4 letras que tem um tamanho incálculável
B: Amor?
A: É, a-m-o-r... Faz parte. Mas já estou aprendendo. Já aprendi muito ontem e hoje.
B: O que tem acontecido?
A: Pena que tem algumas consequências, né?!
B: Tudo tem consequências.
A: É aí que eu questiono a capacidade das pessoas de realmente amar. Amar é perdoar, não é?
B: Sim, meu bem. Mas, o que tem havido?
A: Tem ocorrido erros, que geram dores. A gente intensifica em sofrimento e que, por fim, cega o amor.
B: Hum...
A: Daí, a casa que estava sendo construída recebe aquela intimação de desmoronamento, mas a gente não sabe se quer e se vai realmente acatar a intimação, entende? Enfim... Descobri hoje um novo conceito de amar.
B: Ah é?
A: Que eu já sabia, mas não praticava. Daí eu percebi: é tão difícil amar!
B: Mas...E qual é esse conceito, moço?
A: Amar é libertar ( e isso também pode doer). Amar é não exigir ( e isso faz falta). Amar é respeitar ( e a gente esqueçe). Amar é construir ( e isso é o mais difícil de enxergar). Às vezes a gente confunde amor com dependência e isso é perigoso.
B: Que bom que você percebe isso, meu bem.
A: Será que é tarde? Será que é tarde o amor num relacionamento quase destruido pela falta dele?
B: Não sei, querido.
A: Eu também não.
B: Eu acho que depende tanto do relacionamento e dos relacionados
A: E do amor de cada um?
B: Do que cada um tem por amor, na verdade
A: É...Eu tenho que lutar por mim!
B: Tem sim, meu bem. Todos temos, e só nós podemos fazer isso.
A: Tá chovendo muito, não acha?
B: Tá mesmo. Não pára nem por um instante. Foi assim o dia todo.
A: Os céus choram comigo hoje.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Felizes para sempre( lê-se enquanto dure)

Ele estava seco, de poucas palavras. Ela estava preocupada, com o coração pulsando.

Ela: O que foi?
Ele: Nada.
Ela: Você está estranho. Aconteceu alguma coisa?
Ele: Não.
Ela: Você está triste? Eu te fiz alguma coisa?
Ele: Não, amor.

"Amor". Foi um amor tão duro e seco que trincou o coração que ela segurava nas mãos.

Ela: Você está estranho comigo!

Ele se virou pra ela sem nenhuma expressão desenhada na face. Pegou a escova de dentes e o creme dental esperando ela dar continuidade à sua insistência de que algo acontecia.

Ela continuou: Você está seco, frio!
Ele: A gente precisa conversar.

Ela se sentou na cama, próxima a porta do banheiro. Ele guardava o creme dental depois de usá-lo. Ela esperava com o coração nas mãos, mais aflito do que nunca.

Ele começou: Você é muito intensa. Você ama demais.
Ela apertou o coração entre os dedos: Isso é ruim?
Ele continuou: Amor demais é exagero. Tudo em excesso estraga.
O coração sangrava.
Ele: Não sei se eu estou certo, ou se é você quem está. Mas a gente é muito diferente. Você é muito sensível. Sente demais as coisas. Talvez eu não consiga te corresponder.
Os olhos dela enchiam de lágrimas. E ela segurava pra não chorar.

Ele: Você tem que ser forte, sabe? Parar de sonhar demais. O futuro é tão incerto. Eu acho que eu preciso...ficar sozinho, entende?
Ela abraçou as pernas, segurou as lágrimas o mais forte que pode e viu seu coração deteriorar-se em suas mãos.
Ele: Eu te amo, juro que te amo. Mas eu...eu acho que namorar não seja tão apropriado pra mim. Não que eu não queira. Mas eu preciso de um tempo sozinho...
Com os olhos turvos de lágrimas ela encarou-o. Ele continuava sem nenhuma expressão desenhada no rosto. Nem de amor, nem de pena. Expressão de nada.
Ele: O que a gente faz?
Ela sussurrou pra si mesma: desculpa coração. Desculpa por te decepcionar tanto assim. Mais uma dor, mais uma ferida, mais uma cicatriz. Desculpa, desculpa...

O coração jorrava sangue até não poder mais. As mãos dela não suportavam de tanta agonia. O sofrimento era terrível. A dor, inevitável.

Ele repetiu: O que a gente faz?
A frieza também dominava a sua voz.
Ela com muito esforço e sabendo que iria se arrepender, disse: É melhor a gente parar por aqui.
Ele nem um tanto surpreso: Você acha?
Ele se virou e voltou a escovar os dentes.
Ela disse segurando as lágrimas com toda a força que tinha: É melhor, pra eu não sofrer mais, pra você não sofrer. Pra evitar problemas posteriores, evitar que a bola de neve cresça...
Ele encarou-a, e com o rosto intacto, sem nenhuma manifestação sentimental disse: Então me abraça.
Aquilo a matou. O coração escorregou das suas mãos. Ela não tinha mais forças pra segurar as lágrimas e, chorando, rejeitou o abraço e disse: Por favor, agora não. Sério, me desculpa...
Ele sentou, calçou o tênis, olhou-a sem expressão nenhuma. Finalmente ela viu uma gota quase seca de lágrima correndo na cara intacta dele.
Ele a amava. Mas tinha medo do amor, das consequências de quem se entrega ao amor.