segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

No meio das flores...

O coração, às vezes, quer nos dizer certas coisas e nos fazer sentir outras. Encontrando ou até pensando em determinadas pessoas que fazem parte da minha vida uma fechadura se destranca dentro de mim, libertando, para que o mundo veja, tudo o que eu sinto e não cabe em mim e que é proporcionado por essas pessoas. Uma dessas coisas é o amor. E eu não meço amores, simplesmente amo. Amo amores diferentes, sinto coisas diferentes.

- Preciso falar com você...
- O que foi, meu amor? Pode dizer, estou te ouvindo! - respondi sentando no banco ao lado dele. Apoiei as mãos nos joelhos, encarei-o nos olhos e dei um doce e macio sorriso esperando-o dizer o que tinha para falar.
- Eu tenho achado que...er...estamos um pouco...um pouco estranhos - desviou o olhar e disse um pouco desconsertado. Encarando uma formiga que carregava com dificuldade um pedaço de folha um pouco maior do que ela, acrescentou: Acho melhor a gente terminar!
- Terminar? Mas, não tem nada de errado! A gente se ama, não é?
- É que...
- Eu te amo! Você duvida?
- De maneira alguma! Não duvido do seu amor!
- Então o que é? - disse enquanto me esforçava para controlar os soluços que vinham como uma onda de baixo para cima do meu tórax e me esforçando para que as lágrimas, que embaçavam a minha visão, permitissem encarar com seriedade os olhos dele.
- Sou eu - levantou-se do banco, lançou-me um olhar de piedade e acrescentou: acho que não te amo mais. Não da forma como amava, não queria terminar assim, mas...
- Mas? - As lágrimas já desciam queimando pelo meu rosto. - Mas? Diga!
- Encontrei outra pessoa! Sinto muito... - passou rapidamente a mão na minha cabeça que agora se encontrava entre os meus joelhos e saiu andando para o velho e enferrujado portão de grades.

Inclinei a cabeça de forma a permitir que apenas os meus olhos saíssem do refúgio dos meus joeolhos e me vi abandonado, sozinho, entre as flores do grande jardim.

Eu não meço amores, simplesmente amo. E foi amando assim que, um dia, eu achei que havia encontrado o grande amor da minha vida. Doce ilusão, nem todo mundo está preparado para receber essa intensidade de amor que dispomos. E isso pode ter feito com que eu, de início, desconfiasse do amor. Da capacidade de amar. Da capacidade de ser amado. Mas, três meses se passaram, três meses de intensa dor no peito. E eu me encontrava, novamente, no canteiro das flores regadas com minhas lágrimas. E, ao contrário do que eu esperava, eu me sentia leve, tranquilo e em paz. Então percebi que o coração pode ser forte, que ele pode amar novamente. Senti amor pelas flores, amor pelo jardim, amor pela vida. Conclui que, mesmo o tombo sendo grande, a dor insuportável, o amor pela vida, o amor verdadeiro me renovou e eu estava pronto para amar novamente. Pronto para ser amado. Pronto para deixar esse sentimento que tanto me preenche dominar o meu eu. Mesmo sabendo que posso me decepcionar novamente, não desacreditarei no amor, porque o que eu senti foi verdadeiro. Eu amei de verdade. E se me perguntarem se há vantagens em ser romântico, eu direi que sim. Mais vantagens do que desvantagens. Ser romântico é sim sofrer, às vezes, com desilusões. Mas, a vantagem de ser romântico é manter o coração sempre puro e intacto. E amar com intensidade as coisas da vida, pra vida inteira. É sofrer e se recuperar. Ser romântico é amar a cada segundo tudo de bom que o mundo tem a oferecer, e criar força do fundo do poço para continuar amando. É acreditar no amor mesmo que te provem que ele não existe. Sem amor, a vida fica sem graça. Sem amor, a vida perde o brilho. Sem amor, a vida perde o sentido. E o romântico tem sempre um motivo pra continuar vivendo: o amor.

Pássaros cantavam próximo à fonte de pedra, onde a água caía em ritmo suave. Uma pequena joaninha pousava sobre a margarida que eu segurava entre os dedos. E então eu percebi que o jardim vivia...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Chuva de primavera


A chuva, fina, caía lentamente sobre o negro asfalto, realçando ainda mais a sua cor. Escorria por entre as pedras e rolava rua abaixo. Ouvia-se o som das gotas tocando as folhas das árvores e lataria dos carros como uma sinfonia naturalmente arranjada. Passos apressados esmagavam poças, ricocheteando a água para todos os lados. Eu estava parado no meio da rua admirando o meu reflexo no escuro e molhado asfalto, atento para a luz refletida pela água superficial daquele solo. As gotas que caíam do céu rolavam por entre os cachos do meu cabelo até atingir a superfície frágil da minha cabeça. Umedeciam lentamente a minha roupa e o meu corpo. Frio. Aquele cheiro de chuva impregnava as minhas narinas. As gotas agora viravam filetes de água que escorriam pela minha face até se acumular no queixo em uma grande gota e cair sobre o meu colo. Cada gota que se desprendia de mim levava consigo uma mágoa, uma dor, um passado. A chuva lavava o meu corpo, mas principalmente a minha alma. A água que fluia no meu rosto se confundia com as lágrimas que saíam dos meus olhos. E chorei como um menino. O menino que cresceu, mas que ainda tinha um brilho de inocência nos olhos e um gostinho salgado na boca.

domingo, 15 de novembro de 2009

Confabulando comigo mesmo...

Mais uma vez ele estava sozinho em casa. Seus pais e irmã haviam saído e ele ficara solitário em seu quarto. Levantou da cama e abriu a janela para deixar o sol e o ar fresco da manhã entrar e tocar o seu rosto. Logo em seguida ligou o som e colocou The Cranberries para tocar. Adorava ouvir música sozinho, sentir as notas envolvendo o seu corpo num ritmo frenético que o fazia se sentir mais leve, mais solto. Sua alma adquiria um estado de frenesi e tudo de nagativo e ruim que havia em sua vida era, por uma fração de tempo, esquecida. Estava em equilíbro espiritual. Arremessou-se na cama, e de lá adimirou a porção de céu que via pela janela: limpo, claro, puro.

Hoje ele queria ser ator, queria ser médico, queria ser advogado, queria ser psicólogo, queria ser químico. Não, ele não queria ser tudo isso, queria apenas ser poeta.

" We used to be so free
We were living for the love we had and
Living not for reality

Just my imagination
Just my imagination
Just my imagination
It was..."

sábado, 7 de novembro de 2009

Relato pessoal

Confesso que a vida passa a ter sentido quando a gente saí da teoria e começa com a prática! Confesso que eu ficava na teoria e esquecia realmente de viver! Talvez por medo de errar, talvez por medo de experimentar. Chega! Estava errando em não me deixar arriscar. Não vou continuar no erro. Tenho que viver, sentir e construir meus próprios conceitos! Minha própria base! Teoria nenhuma é capaz de dizer com exatidão o que ocorre com a experiência. Não posso ter medo em receber um "não". O "não" eu já tenho, eu preciso é arriscar receber um "sim"! Preciso arriscar viver! Tenho o direito de errar e o dever de procurar acertar.
E o sofrimento, por mais que ele exista e que seja difícil combatê-lo, nunca deixarei de ser alegre! A alegria é a porta pra felicidade!
Estou sendo otimista, pois é otimismo que eu quero pra minha vida!

domingo, 1 de novembro de 2009

De mim para eu mesmo.

Abre a gaveta, pega um papel, canetas e começa a escrever uma carta. Ele não gostava muito de escrever, mas nesse dia o que mais tinha era inspiração:

Na longa estrada da vida encontramos de tudo, pedras, árvores, lugares mais bonitos, lugares mais feios, lugares movimentados, lugares desertos. Encontramos quem nos machuca e quem nos cura, encontramos cruzamentos, encontramos de tudo.

Posso pedir-lhe para participar da sua estrada e seguir um caminho ao seu lado? Te amparando quendo você precisar, te divertindo quando a alegria faltar? Posso fazer parte da sua vida e você da minha?

Vamos ser irmãos e levar a vida como uma grande brincadeira, onde não cansamos de brincar? Estou pronto pra te carregar no meio das pedras, te proteger da chuva. Te quero mais do que bem, te quero assim, sempre feliz! Sempre você mesmo!

Dobrou o papel. Levou-o até a boca. Beijou-o. Fechou os olhos. Sentiu o cheiro da folha. Abriu os olhos logo em seguida. Caminhou em direção à cama, colocou o papel dobrado debaixo do travesseiro. Deitou-se e sussurou: "Mande essa carta pros meus sonhos, por favor!". Adormeceu.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Pra que serve?

Segurava um copo. No copo, gelo. A garota que enfrentava a grande metamorfose da vida admirava as gotículas de água que se formava do lado externo do copo. Mas, apesar de olhar o copo, não o enxergava. Sua visão estava perdida no meio das confusões internas que aquele coraçãozinho explosivo enfrentava. Hormônios e mais hormônios caiam na sua corrente sanguínea. Momento epifânico? Sim, aquele gelo a pertubava em alguma coisa...

- Suco ou refigerante?
- Acho que...Tem água?
- Mas...água? Experimenta o suco! É de amora, tá docinho, docinho!
- Tudo bem!

Enquanto a amável senhora despejava carinhosamente o conteúdo róseo com alta concentração de polpa de fruta e muito açúcar no copo com gelo, a garota percebia o quanto se incomodava por dentro. "O gelo vai acabar dissolvido! E ele não pode se misturar com esse líquido! São coisas diferentes, composições diferentes!", pensava. Não, não era o fato do gelo se misturar que a incomodava, mas sim o fato de perdê-lo no meio do suco. De perder aquilo que tanto despertava a sua curiosidade. "Pra que serve um gelo, senão pra gelar? Não serve pra nada!".

- Que carinha é essa? Está tristinha! - Questionou à menina-.
- Pensativa...
- No que pensas? No amor?
- Talvez...Você acha que...acha que as pessoas sabem amar?
- Querida, cada pessoa tem um jeito próprio de amar! Amores diferentes! O amor é tão subjetivo!
- Mas, eu tenho medo! E se não perceberem que eu amo? E se não me amarem?
- Você já sofreu por amor?
- Sim... - respondeu cabisbaixa-.
- O que aconteceu? Conte pra tia!
- Me deixei envolver, deixei o coração dizer tudo o que queria sentir. Deixei minha boca falar tudo o que o meu coração batia em código morse. Deixei o amor dominar meu corpo, controlar minha vida...Mas, quando tudo parecia céu, veio o tombo. Decepções atrás de decepções. Senti o sangue arder, o coração se suicidar. Não queria mais amar. E, hoje eu tenho medo de tentar...
- Mas você não pode ver as coisas com tanto sofrimento! Ele existe, é claro, mas a felicidade também. Se você é feliz, é porque você se permitiu ser feliz, e se você sofre, é porque você se permitiu sofrer! Não deixa! Viva, sinta, caia, canse, ria, levante e continue andando!
- Mas, e o coração?
- Ele sente dor, ele tem feridas, mas ele se recupera! O remédio pro coração chama-se tempo. E se você está disposta a não sofrer, o tempo pode ser bem menor. Não deixe de viver, de sentir, de ser feliz por causa de alguém que te fez feridas. Releve, apague e recomeçe! Tente absorver os pontos positivos das coisas. Se existe o negativo, existe o positivo também! Tudo tende ao equilíbrio!
- Mas, eu ainda tenho um medo! Medo de não ser percebida, vista, amada...
- Ora ora, esteja pronta, esteja aberta, esteja leve e as oportunidades virão. Não tenha pressa, apenas sinta, sinta cada momento...Cada coisa no seu tempo!

Voltou a atenção para o copo de suco. Grande parte do gelo havia derretido e o suco, é claro, gelado. "Pra que serve o gelo, senão pra gelar? Pra que serve o coração, senão pra amar?" pensou.

sábado, 10 de outubro de 2009

Nosso catedral

Por Lívia Miranda e Carlo Lanzetta



"Olha filho! O avião está fazendo um círculo!", disse a mulher de meia idade apontando para cima. "Não é um círculo, mamãe. É o elo que liga as pessoas distantes. É o portal encantado que une corações através da imensidão azul. É onde encontramos os sentimentos puros!".

A mãe olhou atenta para o garotinho que agora caminhava em direção a árvore e disse: "Onde você vai?". O menino virou o rosto e com um largo sorriso na face respondeu: "Vou sentir esse momento com mais perfeição. Quero respirar ar puro. Quero me sentir leve. Por que você não vem comigo? Há espaço no céu e no coração!".

A mãe pensa dois segundos e diz: "Filhote, um dia você vai perceber que há coisas que deves fazer sozinho. 'Dois às vezes é um número demasiado grande. Só você pode por ar em seus pulmões. Posso soprá-lo para você, mas vais inspirá-lo por si só".

Os olhos oblíquos do pequeno agora brilhavam intensamente. O vento que soprava seus cabelos empurrava sua alma. O ar levemente úmido purificava o seu coração. O menino se embebedava em esperança quando disse: "Eu sou livre! Sou livre para amar. Livre para viver!".

Uma criança, pensou a mãe, tão pequeno e tão meu. Não. Não é meu. "Sim, meu bem você é livre!", suspirou. Ela também podia sentir a Esperança naquele momento. Como se o toque do vento revigorasse. Talvez, mais que isso, como se o toque do vento curasse as feridas que, por conhecer, gostaria de evitar que seu frágil amor sentisse. Poderia ela?

Aquela sensação desencadeou um estranho momento epifânico naquela mulher. Com os olhares apagados para o mundo externo e radiantes para o seu interior, ela traduzia cada setimento seu que passou a vida inteira escondendo. Era como se os raios dos olhos iluminasse as trevas que impregnavam aquele pobre coração. Respirava profundamente. Cada vez que inspirava ela dava em seguida uma expirada que levava para fora dela mais do que monóxido de carbono, levava mágoas que antes estavam aprisionadas em cicatrizes internas.

Cicatrizes. Uma vez ouvira que cicatrizes são como marca-páginas: se houver um, você sempre vai saber por onde recomeçar. Diante disso, respondeu sua própria pergunta. Não. Não poderia evitar. Ele já sentia a Liberdade e para provar dela deveria cair. E se machucar. E levantar sangrando. Mas até o sangue cessa. "Que lindo campo! Vou correr! Me deixa correr? Só hoje?! Só agora! Prometo não ir longe!"

"Você sempre pode. Voe." E em seguida com as pernas bambas, lágrimas nos olhos e respiração ofegante, a mulher corria à toda velocidade por aquele perfeito campo. Corria com passos largos e fundos que amassavam a grama fofa deixando para trás a sombra de um rastro de alguém que já sentiu o amor, que já sentiu as dores do amor e que agora, mais do que nunca, sentia a vida. E era em busca de seus sonhos que ela corria. Ia em direção ao portal encantado que unia corações: o amor verdadeiro.

domingo, 27 de setembro de 2009

Adicione açúcar para enganar...


Ele abria o armário quando ela chegou. Ela encarou-o por uns instantes e foi até a pia. Ele pegou do armário um pote e o depositou sobre a mesa. Abriu-o e retirou de lá umas colheradas do seu conteúdo, acrescentando-as na tigela. Fazia uma torta e o ingrediente adicionado era açúcar. Da pia ela o observava atentamente - ele sempre soubera que ela gostava de tortas de morango-. Ela sorri pra ele, mas ele adiciona limão na receita. Então a moça percebe que a torta não era de morango, era de algo mais azedo e que o açúcar que ele depositara só serveria para disfarçar esse sabor. Ele sabia que ela não gostava de limão. O sorriso apagou aos poucos do rosto da moça. Ela o encarou, e com os olhos perguntava o porquê de tudo aquilo. O porquê ele fazia isso com ela. Ele sorriu secamente e pouco se importou com a lágrima que escorreu timidamente de um dos olhos opacos da moça. Ela desviou sua atenção para o vaso de flor da janela. Ele não percebia o quanto a fazia sofrer e pouco se importava em perceber. Ele não a percebia mais. Não se importava com ela mais. Tentando se manter forte, ela caminhou até a mesa, pegou um limão da sacola que se encontrava ali. Ele parou por um instante. Ela espremeu os limões em um copo. Ele a admirava curioso. Ela adicionou água, misturou por um instante e bebeu o suco sem nem adicionar açúcar. Assustado, ele disse: "Mas você não gosta de limão!". Ela riu um pouco trêmula: " Não gosto?". Ele respondeu: "Não. Você sempre disse que limões azedavam a vida!". Ela acrescentou: " E não é o que você fez com a nossa?!"

domingo, 13 de setembro de 2009


E o amor me faz acreditar que tudo é possível!


Amo e continuarei amando...

Para poucos...


Às vezes eu me pergunto o porquê a vida faz isso com a gente. Mas, sinceramente, pouco importa o que a vida faça, eu continuarei aqui, sentindo, obeservando, ouvindo, vivendo. Vivendo coisas boas ou ruins. Chorando ou rindo. Amando ou sofrendo de amor...O que for, sempre estarei sentindo. Sempre estarei aprendendo.


O erro. O erro faz parte. Temos direito de errar e dever de procurar o acerto. A gente também aprende assim. Não é a melhor maneira, mas funciona. Sabe, erraram comigo. Me fizeram chorar, soluçar, perder o ar, rolar no chão e.

E eu também aprendi. Aprendi que perdoar não é difícil quando se ama. Perdoar um erro é respeitar o direito de errar das pessoas. É acreditar na evolução delas, é crer que elas possuem a capacidade de acertar, por mais doído que tenha sido o erro. Mas, persistir nele é destruir o perdão que, tão sublimemente foi concedido. É ignorar os sentimentos que tão puros envolviam e enalteciam a esperança de um possível acerto. É pisotear em quem, tão puramente amou e perdoou.


"Procuro a Solidão
Como o ar procura o chão
Como a chuva só desmancha
pensamento sem razão
Procuro esconderijo
encontro um novo abrigo
como a arte do seu jeito
e tudo faz sentido
calma pra contar nos dedo
beijo pra ficar aqui
teto para desabar
você para construir
"
(Ana Cañas)

sábado, 5 de setembro de 2009

No balanço da vida...


Direita, esquerda. Esquerda. Esquerda. Esqueça. Virei à esquerda mesmo assim. O balanço do parque estava inabitado e a solidão era o que eu procurava naquele momento. Não que eu gostasse dela, mas necessitava ficar sozinho. Sentado na madeira desgastada do velho balanço me pus a balançar vagarosamente, sem retirar os pés da grama úmida e macia. O dia estava claro e fazia muito calor. Observando os meus dedos descalços amassar a verde grama, ao som do ranger das correntes da gangorra, sentia uma névoa dominar o meu espírito. Não era uma névoa ruim, mas algo que, realmente, despertava os meus sentidos. Fechei os olhos, e ao abrí-los percebi que algo em minha visão mudara. Enxergava mais detalhes, mais cores. Um sentimento estranho de paz, somado com felicidade foi preenchendo o meu corpo. Sonhos renovados e novos vieram em minha mente com toda intensidade, que sentia a realização deles mais possível e próxima. Sentia o ar mais puro e úmido. Enxergava a minha capacidade de construir um futuro que tanto almejei. Sentia a minha vida! Uma vida bela e sem sofrimento.


Derrepente meus olhos se encheram de lágrimas. A felicidade tinha evaporado pelos poros da minha pele como álcool ao ar. A paz se tranformava em conflito e uma briga interna me impediu de ver a cor do dia. Tudo se tranformava em penumbra. Com a mão na boca, abafava os soluços que vinham com o choro. Me sentia impotente. Me sentia fraco. Me sentia inútil. Um frio reinava no meu coração. Minha alma despedaçava. Minguava aos poucos...


No meio de toda aquela solidão sentia uma pitada de esperança. E então a confusão de sensações começava. Ora estava em paz, ora em conflito. Ora ria, ora chorava. Queria morrer, queria viver a eternidade. Meus sentimentos me confundiam. Estavam voláteis. Ora andavam, ora desandavam. Como o balanço no qual permanecia-me. Pra frente, pra trás. Pra frente, pra trás. pra frente...

sábado, 29 de agosto de 2009

Para um grande amor...




O destino já foi traçado,
Mesmo assim, pode ser mudado,
Mas essa não é a minha vontade
Já que encontrei a felicidade;


Um amor que tão rápido nasceu
E que, hoje, domina todo o meu eu
Um sentimento sem vaidade
Que durará a eternidade


Na distância de dois corpos
Na proximidade de dois corações
Meus pensamentos em você
Estão cercados de sensações.

sábado, 22 de agosto de 2009

Medo?


-Do que você tem medo?

Simples e objetiva foi a pergunta. Minha resposta, no entanto, não foi tão objetiva...

- Não creio que seja apenas medo. O medo nos impede de ir em frente, mas já fui muito adiante. Uma agonia, talvez. Agonia em consequência a essa caminhada que não sei se foi certa ou errada. O medo, provavelmente, está relacionado com a indecisão. Indecisão que me impede de ir em frente ou voltar e procurar uma nova estrada.
- Medo de errar?
- Não. O erro não me assusta mais. Talvez o que me aflige é o fato de persistir no erro. Sei que estou perdido, não sei em qual dos dois caminhos eu sofro mais. Continuo andando, ou volto e mudo de estrada?
- Mas existem maneiras de fugir do sofrimento. Nem todos os caminhos nos levam a ele. Basta analisar bem e se esforçar ao máximo para não ser influenciado.
- Não quando se trata do amor. Não quando se está desestimulado em relação ao conceito desse sentimento para muitas pessoas. Será que existe alguém que saiba realmente lidar com o sentimento puro e sincero que domina todo o meu corpo? Será que existe alguém preparado para receber o meu mais doce sentimento sem se confortar de mais nele e esquecer que existem outros sentimentos em uma pessoa? Será que é capaz de haver algum indivíduo que saiba realmente que o respeito e o amor andam juntos? Não sei...com o passar dos anos tenho acreditado menos nisso, e o mundo só me comprova de que o amor dos homens não é o amor que eu quero pra mim.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Banho das violetas


O céu escurecia. Não era a noite que se anunciava, mas uma nuvem cinza gigantesca dominava todo o espaço azul por cima da Chácara. O vento chacoalhava as folhas das grandes árvores daquele jardim, emitindo um zumbido característico. Nina se encontrava perto do canteiro de violetas. As flores eram o seu refúgio. No meio delas Nina se descobria. Via as flores e via seu coração. Sentia o cheiro e sentia-se viva. Sentou-se na terra macia sem se importar em sujar o vestido. Ficaria ali indeterminavelmente, não se importava com o tempo que fechava. Tocava, delicadamente, as pétalas da flor como se carinhasse um coração aveludado. Fechava os olhos de forma a sentir mais presente aquele sentimento. "Violetas são tão delicadas e sensíveis quanto a senhora, Nina", dizia o jardineiro.

O céu se encontrava completamente cinza. Trovões pertubavam o silêncio que habitava aquela região da Chácara. As primeiras gotas começavam a se desprender das nuvens. E, em tão pouco tempo a chuva tomava vida. Nina, no entanto, continuava sentada perto das violetas. Betty, a governanta da casa, chamou-a várias vezes, receando a possibilidade de sua patroa pegar um resfriado. Mas ela não ouvia, ou não queria ouvir.

Ainda com os dedos entre as flores, Nina ergueu sua cabeça para cima de forma a permitir que a chuva molhasse diretamente o seu rosto, como as flores que eram lavadas com tanta intensidade. Não queria sair dali. Estava mais do que se molhando, estava lavando a alma.

sábado, 25 de julho de 2009

Por que você gosta de ler?


Certa vez, deitado sobre a cama com um livro nos braços eu tentava me distrair. Abri a capa sem demonstrar muito interesse no que, possívelmente, encontraria depois dela. Pulei a introdução, o prefácio e tudo mais que barrava o início da narrativa. Começei a ler. As cenas, os personagens, os movimentos, as expressões, tudo. Tudo parecia sair do livro e preencher meu espaço. Meus olhos corriam pelas frases com a mesma velocidade que meu cérebro e minha imaginação montavam os cenários. Conseguia sentir as vozes dos personagens nos meus ouvidos. Criava laços de amizades e companherismo com os seres irreais que compunham a história. Passava pelos dramas e situações com o mesmo desespero e sentimento que eles. Me sentia dentro do livro. Ou sentia o livro dentro de mim.

Leio um capítulo, dois, três, dez. Sem pressa de chegar ao final. A vida não deve ser corrida, nem a nossa, nem a inventada. Sorrio para a mais amigável personagem - Às vezes, até a convido para tomar um café. - Congelo o tempo de vez em quando - Sabe aquela cena maravilhosa que você imagina e nunca esquece? Então, fico a admirá-la. - Vivo aventuras que sei que nunca viveria no mundo real. Aprendo coisas, crio opniões, faço fatos. Tudo graças à esse mundo paralelo.

Ler me completa. Ler constrói meu espírito. Desde o pior romance à melhor crônica. Impossível não absorver nada. Os livros me ajudam a construir meu mundo paralelo. É divertido misturar personalidades de personagens diferentes e de hitórias diferentes de autores diferentes, criando o seu próprio personagem - Como misturar os devaneios de Amélie Poulain aos sonhos e inteligência de Virgínia de Ciranda de Pedra (Lygia Fagundes Telles)-. Esses meus amigos contruídos à partir dos livros ficam guardados no meu subconsciente, e às vezes, me recorro a eles para contruir uma idéia. Os personagens fazem parte de mim. Me representam.

Último capítulo: Me emociono com o desfecho - mesmo não sendo o melhor de todos -. A história e as pessoas dali fizeram e fazem parte da minha vida. Estarão guardadas dentro de mim. Lição tirada, fecho o livro. Volto à minha realidade e agradeço a mais uma base para construir a minha história.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Brincando...


Um, dois, três, quatro...

Tarde de sábado. Sentado no meio-fio me pus a esperá-la. O dia estava claro, sem nenhuma nuvem no céu. O sol intenso aumentava o brilho das folhas verdes das árvores. O asfalto fervia. Inclinei minha cabeça de forma a possibilitar-me admirar discretamente as crianças que brincavam na rua. A menorzinha - cerca de 6 anos e pouco - era explorada pelas mais velhas. Era sempre ela a que ficava com a parte mais chata da brincadeira.

- Vamos brincar de cesta de frutas?
- Como é isso? - Indagou um dos meninos -.
- É simples. Cada um recebe o nome de uma fruta. Depois um de nós é sorteado para começar. O sorteado escolhe a fruta que fará par com ele. Depois a gente faz um grande pega-pega de frutas, mas só os casais participam.
- Mas não tem par para todo mundo! Sobra um!
- Por isso a gente vai revezando!
- Então tá bom!

Me interessei pela brincadeira e analisei passo à passo do que elas faziam.

- Você será o mamão! - Disse uma dos meninos apontando para a primeira criança da fila-.
- Você será a Uva!
- Abacaxi!
- Morango!
- Maracujá!
- Limão!
- Amora!
- Pêssego!
- E eu? - Disse a pequenina-.
- Você será o tomate!
- Tomate? Mas tomate não é fruta!
- É sim! E você será o tomate, ou não brinca!

A brincadeira começou e ninguém gritou Tomate. A menina ficava sentada observando seus amiguinhos se divertirem, louca para ser chamada. Mal sabia ela que o tomate, apesar de fruto, nunca fará parte de uma cesta de frutas. Passaram-se longos minutos e a garota continuava sentada esperando ser chamada. Até que surgiu uma cabeça no portão gritando:
- Criançada! Está na hora de acabar com a brincadeira! Vamos todos entrar para fazer um lanche!
- Eba! - Apoiaram a maioria-.

E a menininha continuava sentada. Olhou cabisbaixa para os lados e viu que eu a observava, então disse:

- Moço, posso te fazer uma pergunta?
- Claro!
- Você acha que os tomates são especiais?

sábado, 18 de julho de 2009

Sopa de idéias...

Hoje acordei leve. Pensei nos diversos diálogos que tivemos - Me conforta saber que tenho você -. Olhei para o travesseiro que estava entre os meus braços. É, travesseiros não cobrem vazios.

Sabe de uma coisa? Amar, meu amigo, é lindo! A gente fica bobo e não tem vontade de fazer mais nada. Mas, amor verdadeiro não é fácil de se arranjar. Nada nessa vida é fácil de mais, não é mesmo? Os obstáculos fazem parte. E nos faz crescer!

Nosso amor, apesar de jovem, é tão maduro, tão bonito, tão essêncial. Como o sol numa tarde fria de inverno, entende? Nossos obstáculos parecem me sufocar, mas ao mesmo tempo me fortalecem, porque sei que não há barreira que nos pare. Nosso amor é intenso e forte.

-Acredita em Alma Gêmea?
-Não acreditava

Nossa relação é muito mais do que amor. É amizade, é paternal, é fraternal, é cumplicidade, é apoio, é tudo. É lindo e me faz forte!

Quero te dar as mãos e seguir ao seu lado na estrada da vida.

11:30 indicava o relógio. Levantei.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Má Ring Ahh!

Deito em minha banheira e começo a brincar com as bolhas. A cada momento em que elas estouravam eu refletia. Refletia sentimentos que me confundiam como o sabão no meio da água.

Como pode um sentimento, em um simples momento se tornar tão intenso?
Como pode um amigo ser muito querido à todo momento?
Como pode a distância, em qualquer circunstância, separar os que amam?
E como faço agora, para não pensar você toda hora?
Como faço então, para não mudar de tom e ter você?
É só esperar, não esquecer de sonhar para que um dia possa se realizar!

Ploc Ploc Ploc - responderam-me as bolhas -.

[Tradutor de bolhas: Siga o seu coração e seja feliz!]

Seguirei bolhas, seguirei!


sábado, 11 de julho de 2009

Risque e rabisque...



O lápis dançava sobre o papel deliciosamente, de forma a deixar seus rastros por onde passava. Todo aquele movimento clássico seguido de rabiscos suaves geravam no papel o mais perfeito desenho. Não era um desenho qualquer, ou copiado. Era algo original. Inspirado em toda a vontade de se expressar. Expressar de forma metafórica todo o sentimento que o desenhista possuia.

E, com paciência, tempo e delicadeza a obra-prima estava pronta. Não era apenas um desenho. Era um portal. Um portal para o subconsciente de um ser, para um mundo onde a imaginação não tem limites.

Possuir um mundo nosso não é difícil. Imaginar e fantasiar é o que mais fazemos. Cada pessoa tem um universo só seu, e é neste lugar onde a maioria delas se refugiam. O desenho, o teatro, a arte em geral é a forma de trazer um pouco desse mundo individual para o mundo real. Mas, poucas as pessoas gostam de se expor.

Apesar de tudo isso vejo um defeito no ato de fantasiar. Um único defeito, mas de grande proporção. Algumas pessoas ficam muito envolvidas neste refúgio, obnubilando-se da verdadeira realidade. Viver nas nuvéns é bom, mas manter os pés no chão é importante.

Abuse deste seu dom, mas não se prenda a ele, há outros que você deixa de adquirir devido a essa pseudo auto-suficiência.

Crack!

E a ponta do lápis é arremessada, à toda velocidade, para longe do papel.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Alô?


Quatro pessoas. Haviam quatro pessoas naquela casa. Era noite e, em plena quinta-feira, os integrantes daquela família realizavam, de forma rotineira, suas tarefas. A mãe costurava em seu quarto de costura, o pai assistia televisão, a filha mais nova se entretinha na frente do computador, e o filho mais velho jantava na cozinha. Aquele silêncio interno e clima do qual todos alí estavam submetidos deveria ter sido quebrado no momento em que o telefone tocou. Mas, não aconteceu. No quarto de costura a mãe se concentrava tanto no que fazia e não permitiu que nada a dispersasse. Na sala o pai resmungava e, cercado de raiva, permitiu que o orgulho não deixasse seu braço se esticar para retirar do gancho o aparelho e, com isso, cessar todo aquele barulho provocado pelo sinal de ligação feita no telefone. A filha, movida pela preguiça e falta de interesse não sentiu vontade de descobrir quem estava do outro lado da linha e com quem queriam falar. E finalmente o garoto que, disperso no meio de seus devaneios e concentrado em sua refeição, não dava muita importância para o telefone que chamava incessavelmente. Minutos se passaram e ninguém atendeu.

Trimm Trimm Trimm Trimm Trimm Trimm

- Alô?
- Boa noite!
- Boa noite! O Senhor Francisco se encontra?
- Sim, só um minuto...
- Ok
- ...
- ...
- Alô?
- Senhor Francisco?
- Sim, ele mesmo...
- Boa noite!
- Boa noite, quem fala?
- Bem, a empresa de telefonia Ding está oferecendo para você um pacote de assinante incrível! Caso o senhor esteja interessado eu...
- Desculpe-me mas no momento eu não estou muito interessado!
- Mas a Ding oferece para o senhor um pacote chamado " Ding pra Você" que inclui Ding Acelerador, Ding Mail, Ding Wi-Fi Conta ou Ding Wi-Fi Cartão, Ding Internet Banda Larga e ainda Ding Fixo!
- Err... Desculpe-me mas no momento...
- Quem sabe o senhor não se interessa em participar da promoção " Ding Conta Total", onde o senhor estará ganhando vinte reais por mês em torpedos no seu Ding móvel!
- Olha, no momento eu não estou disponível e interessado! Volte outra hora!


Trimm Trimm Trimm Trimm Trimm Trimm


- Alô?!
- "Você ligou para a casa da 'Beth', 'Lucas', 'Antônio' e Clara e no momento não podemos te atender, ligue mais tarde ou deixe recado após sinal"....Beeeeeeeeeep!


Trimm Trimm Trimm Trimm Trimm Trimm


- Oi!
- Alô?
- Com quem eu falo?
- É da casa da Júlia?
- Não tem essa pessoa aqui não!
- O telefone é 3657-8990?
- Sim! Mas não tem Júlia aqui não, você deve ter anotado errado!
- É... Desculpa!
- Nada...


Trimm Trimm Trimm Trimm Trimm Trimm


- Tanana! Tanana! A Telemar informa, não é possível completar a sua chamada, o número discado encontra-se desligado ou fora da àrea de cobertura! Thururu!


Trimm Trimm Trimm Trimm Trimm Trimm

- Disca-Disca-Disca-Disca.
- Diiip... Diiip... Diiip... Diiip... Tu Tu Tu Tu Tu Tu Tu...


Trimm Trimm Trimm Trimm Trimm Trimm

Não importa quantas vezes o telefone chame, no momento é assim que me sinto: incomunicável. Como se tudo ao meu redor me estressasse de alguma forma. O desconforto é o que mais me incomoda. Mas, achei a solução: Simplesmente peguei o telefone que dá acesso a todos os fatores que me chateiam e o tirei do gancho. Agora estou incomunicável...Incomunicável...

terça-feira, 7 de julho de 2009

Em que mundo?


"Celular vendo, troco e desbloqueio celular!"
"Mega-sena acumulada pra hoje! Dez milhões a mega-sena pra hoje!"
"Compro ouro!"
"Alça de silicone para sutiã"

O centro da cidade estava vivo. Pessoas corriam atrás do sustento para cada dia. Uns atropelavam os mais lerdos, outros disputavam aos berros os seus anúncios. Quem, apenas, passava ali corria na calçada sem se importar com o que diziam. As lojas esmagavam os consumidores com anúncios e ofertas de seus produtos. Outras procuravam chamar atenção com músicas ou um locutor dos preços no microfone. Homens e mulheres carregados de sacolas e preocupações. Alguns comentavam da vida alheia, outros do cansaço no trabalho, e ainda tinham aqueles que, apressados, nem se quer abriam a boca. A cidade fervia. O desespero econômico de país subdesenvolvido misturado com a heterogeneidade social dominava todo aquela área comercial. Todos os seres humanos ali presentes estavam em sintonia.

Sintonia com a euforia consumista e capitalista. Todos, exceto um.

Um que observava tudo, silenciosamente, sem se incluir no meio de toda aquela aflição. Talvez ele tenha sido o único, no meio de tanta gente, que reparou atentamente no passarinho que procurava alimento perto do carrinho de pipocas, estacionado em frente ao ponto de ônibus, para alimentar seus filhotes no ninho que se encontrava no alto da árvore logo ali em frente. Talvez era o único que não permitia todo aquele agito perturbar a sua serenidade interna. Ele estava em paz e de bem com a vida. Olhava para o nada e sorria pra ninguém. Pisava levemente no solo como se fosse algodão. Sentia o ar mais fresco e puro. Balançava o corpo como se não existisse atrito. Por mais rodeado de poluição sonora que fosse, escutava apenas o silêncio ou a voz do coração, da alma.

Olhou carinhosamente para os lados antes de atravessar a avenida, e sentindo o ritmo de suas pisadas na faixa de pedestre nem reparou no ônibus que atravessou o sinal vermelho indo se chocar de frente consigo, não sentindo nem a dor da morte.

Assim o sistema quer funcionar: excluir aqueles indivíduos que fogem das regras e eliminar, por seleção natural, os menos adaptados à esse sistema. Mas, sabemos que há formas de alcançar a, até então, utópica felicidade sem precisar fazer parte deste método: " Faça o que o mundo manda, mas não seja o que o mundo é!"
Viva da maneira que achar correto, buscando sempre a sua felicidade, mas sem prejudicar a dos outros.

"Celular vendo, troco e desbloqueio celular!"
"Mega-sena acumulada pra hoje! Dez milhões a mega-sena pra hoje!"
"Compro ouro!"
"Vendo alça de silicone para sutiã"

sábado, 4 de julho de 2009

Gostaria?


Sexta, 10 de Maio

Recebi sua mensagem com o aviso de que viria me ver. Ansiosamente contei as horas a tua espera. Sabia que recusaria o meu convite de se hospedar em meu apartamento, mas o arrumei mesmo assim. Ajeitei o melhor quartinho ( aquele que tem uma vista maravilhosa para a praça em frente ao meu prédio). Faxinei toda a casa. Fui ao supermercado e comprei coisas gostosas para preparar no jantar pra quando você chegar. Comprei, também, uma boa garrafa de vinho. Aluguei uns filmes legais para assistirmos juntos. Pronto. Estava tudo arrumado aguardando a sua chegada. O apartamento e eu.

Sábado, 11 de Maio

Acordei cedo. Tomei meu café, troquei de roupa e fui dar uma passada no Shopping para comprar um presente para você. Escolhi um filhote de cachorro. Era da raça Beagle. Uma fêmea. Voltei correndo para o apartamento. Ajeitei a cachorrinha no quartinho vazio e espaçoso que se encontrava nos fundos, junto com seus acessórios: cestinha de dormir, vasilha de água, ração e os demais brinquedos. Almoçei e tomei um banho. Me arrumei e fui até a rodoviária. Ceguei uma hora e meia adiantado, então comprei uma revista e me dispus a lê-la. Passado algum tempo, você finalmente chegou. Ficamos alguns minutos abraçados. Sem dizer uma palavra. Nossos corações pulsavam em harmonia, um sobre o outro, e isso já dizia tudo. O momento foi interrompido por uma senhora que caiu no chão ao tropeçar na alça da grande mala que carregava. Depois de ajudá-la a se recompor, dirigimo-nos até o meu carro, onde fomos até o meu apartamento. Chamei-o para entrar, para conversar comigo e ele disse que não podia demorar, pois ainda não tinha olhado lugar para se hospedar. Disse que poderia ficar em meu apartamento e, como esperado, ele recusou. Não insisti e entramos no prédio. Abrindo a porta da sala, perguntei-o se gostaria de tomar alguma coisa e disse que havia preparado sanduiches para o lanche. Ele aprovou a idéia e, quando eu caminhava até a cozinha para buscá-los disse para ficar à vontade se quisesse tomar um banho. Enquanto tomava banho, liguei o som e preparei da forma mais aconchegante possível o espaço da sala de estar. Quando ele saiu do banho, não pude deixar de notar no forte cheiro de sabonete que impregnava a sua pele. Ele veio até o meu encontro e disse que não aguentava mais esperar. Agarrou-me pelos braços e me deu um longo beijo. Ficamos juntos a tarde toda e nem vimos o tempo passar. Era noite quando ele levantou correndo do sofá dizendo que devia procurar um lugar para passar os dias. Disse novamente que podia passar no meu apartamento. Ele me fitou com uma cara um pouco desconcertada e eu implorei que aceitasse passar pelo menos aquela noite, pois já estava tarde para procurar um lugar. Ele concordou. Me empolguei e disse que iria preparar o jantar. Ele me ajudou e preparamos um delicioso salmão. Enquanto assava, disse que havia uma surpresa e corri ao quarto para buscar a cadelinha.
- Fecha os olhos - gritei lá do quarto-.
- Tá bom!
- Pode abrir!- disse quando já me encontrava à frente dele-.

Ao abrir os olhos ele deparou com aquela cachorrinha pequenininha que, ao colocá-la nos braços o lambia e latia de felicidade.

- Que gracinha!
- E ela gostou de você!
- Qual o nome?
- Não sei! Escolhe um, afinal ela é sua!
- Que tal Mary?
- Lindo nome!

Ele colocou, cuidadosamente, a Mary no chão e me deu um longo beijo. Jantamos, assistimos filmes, conversamos, rimos, beijamos, abraçamos, brincamos e nos divertimos a noite toda. Eu, ele e a pequena Mary.


Domingo, 12 de Maio

Dormimos de "conchinha", abraçadinhos um com o outro, nos colchões que colocamos na sala. Levantamos e tomamos o café-da-manhã super empolgados.

- Você poderia me passar a geléia, por favor?
- Claro!

Peguei a geléia com a faca e passei-a sobre os braço mais próximo dele.

- Ei! O que você está fazendo?
- Passando a geléia!
- Sua boba!
- Bobo é você! - Disse rindo -.
- Agora vou ficar todo melecado de geléia!
- Dou um jeito! - Disse lambendo o braço dele!
- Ou!
- Hum... Saboroso!
- Besta!
- ... - Dei um belo sorriso -.
- Te amo!
- Eu também te amo, muito!
- Nossa, já está tarde, tenho que procurar o hotel!
- Gostaria de ficar para o almoço?
- Você é irresistível!
- Você quem é! Fique aqui no meu apartamento, por favor!
- Está bom! Fico só porque é muito bom está aqui ao seu lado!
- Gostaria de ficar pra sempre?

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Olhar doce...


- Ei!
- Célia! Boa noite!
- Boa Noite! E aí, como você está?
- Ah!Estou indo...
- O que aconteceu?
- Eu sou burra e...
- De maneira alguma!
- Ah! Sou sim! Não me saí bem no teste que tanto estudei!
- Não pense assim! Você só não estava devidamente preparada!
- Mas eu estudo, estudo, estudo e não me saio bem!
- Estudar não é o suficiente. Seu cérebro é igual e tem as mesmas funções que o meu, que o do presidente, que o do seu cantor preferido, que o do cara mais inteligente do mundo, a diferença ocorre na maneira como as idéias são organizadas. Talvez você não as organize da maneira como seu cérebro as guarde.E isto não é burrice, é apenas falta de auto-conhecimento.
- Não sei...Como eu descubro?
- Primeiro confie em si mesma. Delete de sua mente todos os pensamentos negativos a seu respeito.
- Vou tentar!
- Vai conseguir! Você será uma grande vencedora na vida se tiver auto-confiança, e para consegui-la você deve querer mudar, ter perseverança, paciência e não permitir que ninguém te menospreze!
- Você me faz tão bem!
- Eu a amo e estarei sempre ao teu lado, em qualquer momento e decisão de sua vida! Te respeito e te aceito como você é, independentemente!


O conhecimento é algo tão subjetivo que de maneira mágica e inexplicável nosso cérebro armazena. Muitas pessoas dizem que o conhecimento se dá, efetivamente, através da curiosidade, mas não creio ser apenas este fator. No meu ver, o principal motivo é o prazer. Sem o prazer pelas coisas básicas que compõe o saber, não vejo informações que durem de maneira efetiva no nosso cérebro que não tenham sido fundamentadas nos gostos e nas sensações.

Conhecer é algo tão abrangente que não envolve apenas matérias escolares, envolve a vida. Acredito que devemos ter um olhar mais doce para com as coisas que nos cerca, pois elas influirão de maneira efetiva em nossa vida, proporcionando um conhecer muito mais específico e penetrante. As decisões, os caminhos, as opções, tudo isso é baseado em conhecimento, tanto prévio quanto futuro.

- Um olhar doce em relação a você, a sua vida, as coisas que te compõe e as coisas que te cercam te ajudarão, efetivamente, a conhecer o mundo, a conhecer as coisas do mundo e, principalmente a conhecer você mesma!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Quer ser meu amigo?


Ventava. A praça estava cheia de pessoas entretidas em seus compromissos individuais ou coletivos. Amigas conversando em direção ao restaurante da esquina, crianças trocando figurinhas perto da fonte, casais namorando sob a sombra das árvores e eu sentado no banco de madeira, desgastado pelo tempo, a espera de meus amigos. Não demora muito e eles chegam.

- Poxa Larissa! Eu, sinceramente, não consigo te entender!- Exclamou Gabriela -.
- Nossa gente! Boa tarde para vocês, também!- Intometi na conversa-.
- Olá Júlio! - Disse-me Carlos-.
- O que aconteceu com essas duas? - Questionei-.
- O problema é que a Larissa não consegue guardar segredo, e ela não admite que contou para os outros! - Bufou Gabriela-.
- Ah! Mas ela é muito mentirosa! - Brinquei-.
- Sou mesma!
- Estou brincando!
- Mas eu não! - Disse-me completamente convicta e certa do que dizia-.

Desvio minha atenção para a água da fonte. Me concentro no som que as gotas produzem ao se encontrarem com a água ou com as pedras do fundo. Ainda olhando para a fonte começo a pensar nos meus amigos. Começo a pensar no valor da amizade.

Possuo vários tipos de amigos: Amigos camaradas, amigos conselheiros, baladeiros, de momento, não importa. O que importa é que os verdadeiros amigos não se incluem em classificações como estas. O que me faz pensar mais ainda, pois a verdadeira amizade é algo que sempre buscamos, achamos que encontramos e logo nos decepcionamos. Verdadeiros amigos são raros, mas não são utópicos. Eu possuo verdadeiros amigos. Amizades contadas nos dedos. Não enchem nem uma mão. Talvez um ou dois dedos, mas menos de cinco, com certeza.

Penso também que não adianta apenas querer amigos verdadeiros se não fazemos o papel de um. Tento ser o mais verdadeiro possível para com quem realmente importa para mim, mas, talvez, não seja. Não na concepeção de "verdadeiro" deles. É tudo tão subjetivo.

Às vezes tenho vontade de ficar sozinho. Morar sozinho, viver sozinho. Mas, outras vezes sinto a necessidade de abraçar quem eu gosto. Passar um dia inteiro com esse amigo. Conversar, rir, chorar, receber e dar conselhos, não importa. Sempre estarei feliz em tê-lo ali, perto de mim. Estarei mais ainda em fazer o possível e o impossível para vê-lo bem, alegre. Defeitos e qualidades todos possuem. Não faço questão de ressaltar os defeitos das pessoas. São os fatores mais relevantes e fáceis de serem mudados presente na essência de cada indivíduo, portanto, pouco os caracterizam. As qualidades constituem a verdadeira essência. Elas realmente definem o caráter, são eternas. Talvez este seja o objetivo da vida: Consertar os defeitos e ressaltar as qualidades. E os amigos são fundamentais para alcançar esta meta. Com eles aprendemos a perdoar, esquecer, respeitar todos os defeitos que nos tenha magoado e, aprendemos, observamos e copiamos as qualidades de cada um. Mas, para que tudo isso aconteça devemos saber amar, o que poucos nesse mundo realmente sabem...


- Vocês vão contiuar emburradas uma com a outra? - Perguntou Carlos-.
- ...
- ...
- Mas, vocês são amigas a tanto tempo, porque não relevam?- Disse-
- Porque ela não muda!
- E nem vou mudar,fato.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Caro amigo, amigo caro...


Hoje acordei com uma louca vontade de dizer-lhe certas coisas. Coisas que, talvez, eu não saiba como falar, como escrever, mas tenho certeza de que sei expressar. Levantei da cama e dei um longo suspiro. Me arrumei para ir à escola e, no caminho lembrei-me de seu aniversário. Você, longe de mim, não podia ver o sorriso nos meus lábios, o brilho de meus olhos que era intenso só de imaginar este dia especial. Especial para você que é especial para mim. O meu maior desejo era poder passar um momento, horas ou até mesmo minutos, mas um momento com você. Poder lhe abraçar, lhe beijar e te olhar, com os mais puros sentimentos.

É engraçado certas coisas, pensei. Em aproximadamente um mês você se tornou uma pessoa muito especial para mim. Uma amizade que quero cultivar pelo resto de minha vida. Uma amizade onde vejo muitos frutos.

Ontem, conversando contigo, tive uma visão. Em frente ao computador minhas vistas escureceram e me senti cada vez mais longe do meu quarto. Abri os meus olhos. Eu já era adulto, por volta dos meus 26 anos. Era alto. Pesava mais do que peso hoje. Tinha a barba mal-feita. Estava em uma cozinha de um apartamento do qual nunca vi antes. Cortava batatas. Escutei um barulho vindo da sala. A porta de entrada ao apartamento foi aberta. Era você quem entrava. Nos comprimentamos e fomos jantar. Grelhado de carne com batatas assadas. Pude sentir até o cheiro. Voltei ao presente.

Não sei o que éramos. Namorados, amigos, noivos. Não dava para saber. A única coisa que pude constatar é que, independente do que éramos, a nossa relação era muito boa. Era forte, verdadeira, bonita. E isso, para mim, é o que mais importa.

Viver ao seu lado me pareceu ser muito bom. E que meus votos de hoje para você sejam mais do que uma comemoração, mas uma promessa de que, se você quiser, sempre estarei ao seu lado,te escutando, te amparando e, principalmente, te amando.

"Tarde demais o conheci. Por fim, cedo demais, sem conhecê-lo, amei-o" William Shakespeare

"Duvides que as estrelas sejam fogo, duvides que o sol se mova, duvides que a verdade seja mentira, mas não duvides jamais de que te amo."
William Shakespeare

domingo, 28 de junho de 2009

No balanço Dó Ré Mi...

Hoje ela sentia-se leve. Leve como as notas de uma melodia. Às vezes, inclinava o corpo seguindo o ritmo doce da música. Estava sozinha. Ela e o seu eu interior em perfeita sintonia. A calmaria da música misturava aos movimentos suaves que seu corpo fazia. Retorcia a cintura vagarosamente ao mesmo tempo em que, com os braços suspensos no ar, fingia tocar alguma coisa. Como se a música entrasse na pontas de seus dedos e percorresse todo o seu corpo. Estava equilibrada. Havia espaço suficiente para dançar, mas seus passos eram tímidos e leves.

Em certo momento daquela dança o estilo da música mudou. Passou a ser bem mais rápida e menos suave. As batidas eram fortes, exageradas. A moça colocou as mãos nos joelhos e requebrou conforme a música. Estava muito mais solta. Fazia movimentos extravagantes. Seu corpo continuava em sintonia, mas muito perturbado. Dançava bem. O espaço parecia ser insuficiente. Estava bem atraente. A moça gostava da nova mudança. Balançava a cabeça para os lados de modo a volver o cabelo ao seu redor. Requebrava o quadril de maneira violenta e nem um pouco tímida. Ia até o chão. Dava pulos com o ritmo. Sentia a respiração ofegante, mas não tinha vontade de parar. Se arremessou ao chão. Recuperou os sentidos e começou a chorar. Estava confusa. Mudar o ritmo da música é como mudar o ritmo da vida. Saiu da calmaria e timidez para entrar no arriscado, mas diferente. Gostava dos dois. Na vida calma ela tinha conforto, mas na vida arriscada ela tinha a independencia. Descobriu que devia viver no meio termo. Sem muita monotonia, mas sem muita ousadia. Sacou que o certo era, independentemente da música, nunca perder o ritmo. Levantou-se e continuou a dançar...

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Reservado...


- Quando eu crescer vou ser médico!
- Eu quero ser astronauta!
- Réporter!
- Secretária!
- Dentista!
- Ah...Professora!!
- Eu quero ser mecânico!
- Eu quero ser igual ao meu pai!
- Francês!
- Quê?
- É! Eu quero ser francês!
- Mas é impossível!
- Não é!


Desde pequeno existiam esses problemas. Ninguém entendia aquele garoto. Todos ao seu redor tentavam desestimulá-lo de alguma forma. Ele cresceu e estava na fase que o levava a escolher o que realmente seria. Médico, dentista, químico, não importa. Ele tinha que escolher. E para piorar, sempre haviam aqueles que não o apoiávam. Tentavam a qualquer custo destruir os sonhos dele.

- Eu quero ser ator!
- Ator?! Você não vai sobreviver com teatro! Filho meu não faz teatro!
- Mas...
- Por que você não tenta Medicina? Tem cara de médico!
- Eu não suporto ver sangue, quanto menos pessoas sentindo dores!
- Frescura! Vire homem!
- Eu não faço Medicina e pronto!
- Faça Engenharia então! Você tem cara de intelectual...Consigo te imaginar de engenheiro!
- Não sei...Talvez eu possa fazer Engenharia Química, mas...
- Então está ótimo! Faça engenharia Química!
- Eu gosto mais de Química do que de Engenharia Química!
- Qual a diferença? Engenharia é mais chique!
- E daí? Não me importo com esse tipo de beleza!
- Mas você gosta de Química, não é?
- Gosto!
- Então!
- Você não acha que eu interpreto bem? Tenho até caras e bocas!
- Eu não gosto de teatro!
- Ah...
- Química tem tudo à ver com você!
- Mas eu também quero o Teatro!
- Humpf... Bem, faça o teatro, mas faça depois! Você tem uma vida inteira Além de que Teatro não dá futuro! Faça-o como hobby!
- Hum... Tá bom... Farei Química - Disse o garoto com um ar de desânimo-.

Química. Ele amava essa matéria. Se sentia quase um Deus ao poder estudar as propriedades das materiais que compõe todo o universo e tentar manipulá-los, mesmo sabendo que são apenas suposições, algumas das quais que não podemos ver ou comprovar que, realmente, existe. Mas, o que o fazia sentir o verdadeiro eu era o teatro. Podia fingir ser o que quisesse, fingir ser o que nunca seria ou será, desde um cachorro até um Rei. Passar por situações engraçadas, difíceis, tristes, tensas,qualquer outra, mas sempre feliz por estar ali. Seria reconhecido ou lembrado por divertir os outros, emocioná-los. Viveria paralelamente em dois mundos: o real onde tudo é mais duro, e o fantasioso, onde suas vontades não tem limites, seus desejos são alcançados.

O menino cansou! Cansou da manipulação, das escolhas insatisfeitas. A partir de agora o que importava para ele era ele mesmo. Sozinho, com ou sem ajuda, não importa, é ele quem tem que construir a própria vida. Nada e nem ninguém irá impedi-lo de lutar pelos seus sonhos! Agora ele estava reservado para si próprio...


sexta-feira, 19 de junho de 2009

Cientificismo do amor...

Sinapse é o local onde as extremidades dos neurônios se encontram - não fisicamente, pois se eles entram em contato direto há a junção das membranas plasmáticas - com o intuito de transmissão de estímulos nervosos, com o auxílio de transmissores químicos (adrenalina, por exemplo). A todo momento é realizado sinapses em nosso corpo. Desde lembrar o nosso nome, até sentir fome. Há certas estruturas neurotransmissores que ligam, nas sinapses, os elétrons entre dois neurônios. Essas estruturas são liberadas de acordo com as nossas sensações. Pensando no grande amor da minha vida, e realizando inúmeras ligações positivas no meu cérebro, meu corpo libera uma quantidade enorme de neurotransmissores do amor. O que me deixa com o coração acelerado, ondas no estômago, olhos brilhantes, e tudo o que há de bom e característico nesse sentimento.

Fecho o livro de biologia e me concentro nas sensações que meu corpo adquiria. Quanto mais eu penso em você, mais apaixonado eu fico. É inevitável...

quarta-feira, 17 de junho de 2009

[Pesa]delo...




Era um corredor escuro. Cheio de janelas e portas, mas todas fechadas. O corredor era enorme e empoeirado. Deviam fazer dias, ou mesmo meses que não ia ninguém ali. Finalmente cheguei ao seu final. Havia uma grande, longa e velha escada de madeira. Caminhei até o corrimão e passando, levemente, o dedo sobre a poeira que ali se encontrava senti um estralo na mente, e me perguntei o que fazia ali, no meio de um prédio aparentemente abandonado. Como eu havia entrado ali? Nem eu sei. Subi, então, as escadas velhas até uma janela que se encontrava no piso intermediário entre o primeiro e segundo andar. Segurei em uma das tábuas que impedia a luz solar entrar por completo naquele ambiente. Arranquei-a e senti uma intensidade enorme de luz preenchendo aquele enorme espaço. Junto com a luz me veio um esclarecimento importante: Eu já estive nesse lugar antes. Este antigo castelo abandonado nada mais é do que minha antiga escola. Um colégio que foi construído em forma de uma réplica de um castelo europeu. A escada de mandeira veio da Espanha. As janelas imitavam os formatos das janelas grega e alemães. Quem o construiu era um padre alemão. Inicialmente era um internato para homens, mas com o passar dos anos se tornou uma instiruição privada de ensino para qualquer sexo, raça ou cor. Mas, hoje a escola estava em pedaços.


Com muita curiosidade, continuei a subir as escadas até o último andar. Como em um filme, me veio todas as lembranças das manhãs em que eu subia, devidamente uniformizado, até aquele andar e virava à esquerda, onde entrava na primeira sala, também do lado esquerdo da parede. "Número 317" - Lembrava bem!-. Caminhei até essa sala e ao abri-la, pude observar um ambiente com cadeiras amontoadas em um canto, janelas fechadas e escondidas atrás de cortinas altamente empoeiradas e velhas. O quadro estava manchado. Havia um dos quatros ventiladores jogado ao chão. O teto, que era de "isopor"- Pois era revestido de um material sintético que se assemelhava muito ao isopor, então na minha época, os meus colegas de classe usavam essa denominação-, estava destruído e sujo, dando para ver o telhado. A minha janela preferida estava ao fundo. A última. Gostava dela por, quase nunca, possuir um aluno ao seu lado. Além de que, um dos meus melhores momentos se passou ali, olhando para o céu através dela. Resolvi ter, mais uma vez, a imagem que tanto me confortava daquele ambiente. Ao chegar perto, um cheiro forte e característico dominou o ar. Senti náuseas, mas continuei em frente. Ao puxar a cortina me deparei com um corpo humano, apodrecendo, esticado sobre a carteira ao lado da janela. Senti minhas pernas bambas e um nojo enorme. Antes de virar e sair dali à procura de ar fresco pude perceber um detalhe que me paralizou. Arregalei os olhos e senti um frio interno. Caí de joelhos ao chão e com as mãos na garganta não consegui mais respirar. As lágrimas corriam pelo meu rosto, e junto a elas, mil pensamentos em minha mente. Não pude acreditar, não quis acreditar, mas eu via. Via que o defunto era eu. Eu havia morrido sobre a janela que tanto me confortava. Eu estava morto provavelmente há anos! Anos de vida dependente. Anos à procura de conforto; conforto este, que nunca procurei em mim. Talvez por não acreditar em mim. Talvez por não saber viver. Será que há alguma maneira de ser eu mesmo? Será que é tarde? Será que tenho como reparar meu erro? Nesse momento uma faixa negra se formou no chão onde pisava me circundando. Corri até a janela para fugir dessa agonia e me atirei. Não sentia dor, prazer, nada. Apenas um vazio...


Acordei. Ainda com aquele pesadelo em mente e com o cheiro podre no nariz , pensei: "Não é tarde!". Levantei e fui para o colégio...

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Chocolate quente, quente amor...


Havia uma leiteira. Ela era alaranjada do lado de fora e branca por dentro. Possuía pequenos vestígios de ferrugem no prego que segurava sua alça. Não era muito bonita. Mas, era bem útil. Um líquido estava sendo despejado dentro dela. Era leite. Junto com ele, foram adicionados uma colher de chá de café solúvel e duas colheres de sopa de chocolate em pó. Ligaram o fogão. Misturaram aquela solução e esperaram mornar. Antes de começar a ferver o leite, apagaram o fogo e, segurando a leiteira despejaram todo o seu conteúdo em uma xícara de porcelana. Caminhei até a mesa onde me servi de alguns biscoitos de fui em direção à sala. Sentei no sofá, cubri meu corpo, dos pés à cintura com o edredon que se encontrava ali. Liguei a televisão e comendo biscoitos, tomando chocolate quente, e protegido do frio comecei a passar o tempo, arranjando meios de me distrair, esquecendo as coisas ao meu redor. A distração foi maior do que o esperado. Olhando para a xícara e acompanhando o movimento da fumaça que saía do chocolate quente, comecei a pensar nas coisas que me confortavam, assim como eu estava agora. Não coisas materiais, mas lugares, situações e pessoas.
Eu tenho um jeito de ser muito bizarro. Tenho um olho a mais. Não um olho que enxerga apenas o que podemos tocar. Um natural de todo ser humano. Mas, um olho subjetivo, indiscritível, que não se encontra na testa, ou na face, nuca, etc. Um que não pode ser visto, nem mesmo tocado. É uma característica muito especial para mim. Não sei quem eu seria sem ela. Talvez, a fumaça do chocolate, que vai a cada segundo se esvaindo e misturando no meio das impurezas do ar. Enfim, este olho é o que se encontra em minha alma, que está diretamente ligado ao meu coração. É um olhar que não vê riqueza material, que não vê cor dos cabelos, cor da pele, estatura, massa corpórea, opção sexual, etc. É um olhar muito mais amplo. Que vê e analisa a verdadeira essência de cada um. A alma. O coração. E é com esse tipo de olhar que eu procuro sempre ver as pessoas. Criar laços, sentimentos. E foi, assim que me apaixonei. Me apaixonei por um coração puro. Com muitas cicatrizes. Umas novas, outras velhas, algumas abertas, outras fechadas. Um coração simples, mas muito bonito. Sua alma é pura, sensível, inocente, frágil, encantadora. Me perdi no meio de tantas qualidades. Não nego que vejo confusões, ignorâncias, precipitações, defeitos. Mas creio que são características inferiores, e compensadas pelas tantas belezas. Que não são poucas. Diria que encontrei nesse coração um tesouro, o qual não quero deixar perder. Faria e farei de tudo para proteger essa aura, que jamais deve ser tocada pelo veneno, magoada pela ignorância, machucada pela escuridão. Escuridão, esta, que não permitirei ser atingida. Na falta de luzes, brilharei intensamente, fazendo o que for preciso para trazer a alegria de volta. Amo intensamente, e me apaixono mais ainda com o passar dos dias, à medida que exploro os túneis nunca atingidos pelo amor. Te quero bem, o melhor possível. Você me traz conforto, paz. Assim como o chocolate quente em um dia frio como hoje. Assim como um chocolate quente...

domingo, 14 de junho de 2009

Sábado e mais uma descoberta...


- Um, dois, três e...
- Xis!
- Prontinho!
- E aí? Como ficou?
- Hum... Ângulo perfeito, mas o foco...
- Tenta tirar sem o zoom! Quem saiba ajude...
- Posso tentar! Vai pegar mais cenário, você se importa?
- De maneira alguma!

Posicionei a câmera nas mãos. Focalizei, cautelosamente, a mulher ao centro. Havia uma bela e árvore atrás dela. Era uma mangueira, mas sem mangas, não era época ainda. Quando diminui o zoom a foto foi perdendo sua intensidade. A moça foi engolida pelo cenário enorme do campo que a cercava. A árvore, por exemplo, chamava muito mais a atenção do que aquela mortal que nem parecia ter importância para a foto. Respirei fundo e..."Click". Tudo congelou. Pássaros que sobrevoavam a árvore estavam imóveis no ar. Os cabelos levados pelo vento da pobre criatura da foto flutuavam, também imóveis. Algumas folhas, que instantes antes de retirar a fotografia, haviam se soltado da árvore estavam suspensas no espaço, não demonstrando nenhuma força gravitacional as atingindo. Tudo estava em perfeito equilíbrio, mas imóvel. Tudo estava em repouso, com excessão a mim, que observava, perplexo, todo o meu redor. É como se o tempo do mundo parasse e o meu não. Não entendi o que se passava. Não fiz nada de mais, apenas o meu trabalho. Que é congelar cenas para se recordar durante a vida. Lugares que fomos, pessoas que encontramos, roupas que usamos, cabelos que pintamos, comemorações que fizemos! Para se ter lembrança de como fomos um dia, mais jovens. Nada de mais. Foi aí que, sem sentir a luz solar tocar minha pele me veio uma conclusão. Minha vida estava completamente assim: parada! Me confortei com o zoom, quando, na verdade, o mundo é muito maior do que cabia na fotografia. Estou perdido, sem caminho, desamparado. Passei uma vida toda sem perceber que o mundo é muito maior do que eu imaginava. Como a árvore. Eu sabia que ela existia, mas não percebia que o seu tamanho me ocultava. Tenho que observar mais as coisas ao meu redor. Tenho que pensar mais em mim, perceber quem me faz bem e quem me influência nessa vida. Se não eu fico assim, congelado no tempo. Sem viver minha vida e viver as dos outros. Percebi. Não vou errar mais. Vou continuar sendo eu mesmo, mas não permitirei ver ninguém me fazer mal. Não mesmo!

O vento soprou forte. Levei as mãos aos olhos para me proteger dos ciscos. Não enxerguei nada.

- E aí? Ficou boa?
- An? Ah! Espera! Deixa eu ver!
Parece que tudo voltou ao normal. Peguei a câmera e analisei a foto. Como eu imaginava. O cenário realmente destacou a imagem. Mas, algo me chamou atenção. A moça estava com um lindo sorriso estampado no rosto, com uma cara limpa e pura. Sim, há como ser feliz!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Dia dos Namo... quê?

Dez e meia da manhã, indicava o relógio. Levantei, abri a janela e deixei o sol entrar no quarto. "Hoje é dia dos namorados", pensei. Não tenho com que passar esse perfeito dia. Quem seria ideal está longe. O dia passou rápido e eu nem o senti passar. Não saí de casa um minuto se quer. E não encontrei nenhuma alma viva. Acordei sozinho, tomei café-da-manhã sozinho, brinquei com os cachorros sozinho, vi televisão sozinho, entrei na internet sozinho, fiz o almoço sozinho, arrumei a casa sozinho, tomei banho sozinho, escutei música sozinho, tirei foto sozinho, olhei o céu sozinho, dançei sozinho, ri sozinho, pensei sozinho, me estressei sozinho, jantei sozinho, li um livro sozinho, desenhei sozinho, comi doce sozinho, sonhei acordado sozinho, fiz tudo sozinho. Eu e minha companhia! Foi um dia completamente excluído da sociedade! Me senti o único indivíduo da minha espécie no mundo! Muito bizarro, mas nem um pouco legal! Mas, ao final do dia, as coisas melhoraram! Encontrei quem me fazia bem do outro lado do monitor. Não era a maneira ideal que eu queria a encontrar, mas não tinha outra...Pelo menos eu a encontrei, não tinha que reclamar. Foi o melhor presente neste dia! Conversar com que me faz bem! Com quem me deixa feliz...

quinta-feira, 11 de junho de 2009

O doce sabor de nosso amor...


É noite. O tempo está frio. Nenhuma estrela no céu. Deitado na cama tento, inutilmente com as mãos, esquentar os pés frios. Um frio intenso que se iniciava na ponta dos dedos, perdendo sua intensidade à medida que se aproximava do calcanhar. Ainda deitado resolvo me encolher, dobrando as pernas, segurando-as próximo aos joelhos com os braços. Inclino a cabeça lentamente para cima fitando, assim, o rádio relógio que estava posicionado em cima do meu criado mudo. Onze horas e quarenta e dois minutos, indicava. Levanto. Dou alguns passos em sentido aleatório no meu quarto. Abro a janela cuidadosamente, de forma a não fazer nenhum ruído para não correr o risco de acordar meus pais. O céu está totalmente escuro, sem nenhum ponto luminoso que o dá vida durante à noite. Não me importei. Mesmo não querendo se mostrar, eu sabia que o Cruzeiro do Sul, as Três Marias, a própria Lua, entre outras estrelas, estavam ali. No mesmo lugar de sempre. Fechei os olhos, respirei fundo, de forma a aspirar todo o ar gélido da noite possível. Parei de respirar por um instante, sentindo todo aquele ar, anteriormente absorvido, congelar cada alvéolo dos meus pulmões. Beijei o nada. Senti meu corpo rodopiar. Abri os olhos assutado e vi toda aquela imensidão escura do céu entrar pela janela e invadir o meu quarto. Senti cada pedacinho do meu corpo sendo preenchido pela escuridão da noite, me levando para outro tipo de dimensão.


Era um lugar lindo. Havia uma gigantesca plantação de morango. O cheiro dos morangos dominava o ar. Caminhei, admirado, até o pé mais próximo de mim, e arranquei, cuidadosamente, uma fruta. Ao mordê-la pude sentir seu gosto doce completando minha vida. Uma faixa do saboroso líquido armazenado na fruta escorreu pelo meu queixo, onde foi se acumulando até pingar no solo. Me sinto mais leve a cada mordida que dou no pedaço daquele suculoso vegetal que se encontrava entre meus dedos. Ainda em estado profundo de prazer percebo que não estava sozinho. Do outro lado do corredor de pés de morango, próximo a uma árvore, não muito longe de mim se encontrava uma pessoa. Uma pessoa que me admirava curiosamente. Quando ela percebeu que eu havia notado sua presença, veio andando em minha direção. A cada passo dado, meu coração pulsava intensamente, quase a explodir. Até que, finalmente, ela se enontrava ao alcance de meus braços. Admirei cada traço de seu rosto. Eu a conhecia. Era a minha doce e amável paixão. Peguei mais um morango e coloquei em minha boca, de forma a segurá-lo com os lábios. A pessoa não exitou, passou as mãos em meus cabelos, estacionando-as em minha nuca, de forma a segurá-la, e aproximando-se, mordeu o morango que se encontrava prensado em minha boca. Nossos lábios se tocaram. Passei meus braços sobre seus ombros e me deixei levar por esse beijo que tanto sonhei. O gosto de sua boca misturado ao doce do morango me levou à loucura. Estava conhecendo naquele momento um pedaço do paraíso. Não sentia mais o chão embaixo dos meus pés. Nossos lábios, enfim se separaram e eu ainda sobre o efeito do beijo agarrei seu corpo de forma a dar um longo abraço apertado. Sentindo o cheiro de seus cabelos e o seu coração pulsar sobre o meu. Inclinei, levemente, a cabeça para cima e me deparei com um Sol imenso a nos iluminar. O céu estava claro e perfeito. Mas, algo estava estranho. A estrela solar estava, a cada segundo, aumentando o seu tamanho, até que, preencheu todo o espaço da plantação. Não pude ver mais nada, a não ser um clarão que dominava todo o meu eu. O clarão estava diminuindo e, com ele o cheiro dos morangos. O sol se transformou em lua. A pessoa havia desaparecido, assim como o campo perfeito onde eu a encontrei. Estava, novamente, no meu quarto. O céu continuava nublado, mas com uma diferença: agora a lua estava visível! Fechei a janela e me deitei satisfeito na cama, indo, enfim, dormir e viver mais um doce sonho.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Quarta mais apaixonado


Hoje eu senti um desespero fora do comum. É como se conversar com você fosse essencial para mim. As coisas começam a acontecer comigo de uma maneira tão bizarra e tão inesperada que, sem jeito eu me vejo envolvido, altamente envolvido no meio de todo esse sentimento. Sentimento esse, que não busquei, mas veio até mim. Sei que posso estar pensando precipitadamente, mas é como eu disse, veio até mim. Não acho ruim essa situação, muito pelo contrário, me sinto livre, leve e muito satisfeito.

-Mas você nem conhece direito! - Indagou minha amiga preocupada-.
-Ah! Mas conversamos muito!
-Dois dias é muito?!
-Doze horas seguidas!
-Mesmo assim! Acho que você se expõe de mais!

Pode ser. Pode ser que eu me exponha de mais. Mas, ela não vai entender, assim como ninguém entenderia. Apesar da distância, a pessoa que me despertou esse sentimento é alguem com quem me identifico, de alguma forma. A sua presença me conforta, nossos assuntos me tranquilizam. Talvez, o fato de me fazer tão bem seja o principal motivo desse sentimento. Mesmo não nos conhecendo pessoalmente, sinto sua aura pura, sinto inteligência e principalmente sinto o seu coração. O mais importante eu já conheço e estou conhecendo. O físico, o corpo, a carne não importam. São todos elementos que se corroem com o tempo, que acaba um dia, ao contrário da essência, que se mantém a mesma, forte e limpa. E foi por essa essência que me apaixonei e estou me apaixonando.

Ontem, na internet digitei trechos dos livros de Caio Fernando Abreu para umas pessoas alatórias que não conheço recebendo, em troca, outros trechos. As pessoas tentaram me descrever. Descrever meus sentimentos através de fragmentos escreitos por Caio. Recebi um que dizia: "...um único homem perdido na noite, afundado nesse aquário de águas sujas refletindo o brilho de neon. Peixe cego ignorante de meu caminho inevitável em direção ao outro que contemplo de longe, olhos molhados, sem coragem de tocá-lo. Alto de noite, certa loucura, algum álcool e muita solidão.'' Refleti bastante em cima disso. Era exatamente assim que me sinto: solitário. Perdido no meio de uma solidão positiva, que me faz refletir sobre o mundo, aguentar tudo em silêncio, o silêncio que foi tema de outro trecho: "Quanta tranqüilidade, quanto silencio. Ah essa coisa sagrada, o silencio. Onde habitam os anjos. No mais perfeito e absoluto silêncio".
Mas, a solidão acabou. Talvez, por ter encontrado um semelhante. Alguém que se encontrava na mesma situação, na mesma solidão. Um outro peixe que emite luz neon no meio da água suja, que nem diria Abreu. Portanto, nós dois, juntos, podemos ajudar um ao outro. Completar um ao outro. Doce impressão, doce sonho...

terça-feira, 9 de junho de 2009

Terça apaixonante...


A felicidade dominava todo o meu ser quando acordei. Não pensava em nada a não ser no motivo o qual me deixava assim! Sentia tremores na barriga, ondas no peito, o corpo leve como se pudesse levitar e um enorme prazer em sentir aquilo tudo.

- Bela! Tenho que te contar!
- Contar o que?
- Isso! - Disse apontando para meu lado esquerdo do peito, indicando meu coração que pulsava incasavelmente, agora dominado pela sensação da paixão-.
- Ahh!! Eu quero saber! Vamos lá para o fundo! - Disse ela, ao mesmo tempo em que levantava da carteira e me puxava pelo braço, até um dos cantos não movimentados da sala -Pronto, agora conta!
- Você já viu o céu hoje? Olha como está perfeito!
- Está bem bonito!
- Eu preciso tirar uma foto disso! - Disse pegando o celular do bolso e fotografando a janela e a paisagem que mais me impressionava-.
- ...
- O céu nos aproxima. Nós dois, cada um em sua cidade, admira essa imensidão lembrando um do outro. De vez em quando, eu peço para as nuvens madarem um recado carinhoso. Peço para o sol iluminar o seu caminho e imploro que o vento beije suas faces e toque o seu cabelo por mim...
- Que graçinha!
- Eu estou completamente apaixonado, fato.
- Que fofo!

É muito bom sentir o que sinto por alguém assim. Cheguei em casa desesperado. Almoçei rapidamente e sem nem pensar duas vezes peguei o telefone e liguei para a pessoa que me causava todas essas emoções. Conclui: Vou aproveitar o feriado que se aproxima e viajarei para a cidade que abriga meu doce amor. Luz, é o nome da cidade. Talvez nesse lugar, não muito falado, eu encontre um brilho a mais em minha vida. O nome já sugere isso. Conforto de espírito e amor dilacerante. Vamos com calma! Mal abri a porta do coração, e esse sentimento já circula por todo o meu corpo, como o sangue nas veias.

- Como não?! - Disse indgnado -
- Desculpe meu filho, mas o preço não compensa! É muito caro para passar apenas um dia!
- Tem razão mãe! Desculpa...

Reformulando: Viajar não vai dar certo. Mas não tem importância. A distância só servirá para aumentar esse sentimento. Não sei quanto tempo aguentarei sem poder ver ou sentir a presença dessa pessoa, mas em breve chego em minha maior idade, e com a licensa para dirigir, não terá distância que nos separe nesse país imenso. Enquanto isso, é só esperar. Esperar e sonhar com um doce e carinhoso beijo teu.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Segunda entre as nuvens...


Um dia, aparentemente, normal. Levantei da cama com um belo ar de satisfação e alegria. Estava atrasado, mas não me importava. Tomei banho e fui, já de uniforme, até a cozinha onde tomei meu café da manhã. Logo após, já satisfeito, escovei os dentes e caminhei em direção ao portão. Ao abrir a porta do jardim deparei com um dia nublado, um céu completamente acinzentado. Não desanimei, apesar de não gostar de dias assim. Nada, absolutamente nada seria capaz de tirar essa doce sensação do meu corpo. Abondonei este devaneio quando senti algo se movendo por cima dos meus pés. Abaixei a cabeça e observei uma miniatura de um animal, bem semelhante a um urso polar, em cima dos meus pés. Aquela bola de pêlos viva estava arranhando minhas calças jeans, pedindo minha atenção. Acariciei sorridente meu pequeno cachorrinho e fui, mais satisfeito ainda para a escola. Nada vai dar errado!

- Você está bem?
- Sim, estou ótimo!
- Mesmo?
- Sim! Por que?
- Você está muito pensativo!
- Não consigo parar de pensar em alguém...
- Quem?
- Ah...Um alguém aí!
- Deve ser coisa boa, você está muito sorridente
- Realmente! É uma coisa muito boa!

Passei a manhã inteira contando as horas para poder pegar no telefone e ligar para esse "alguém"! Liguei! E depois de pouco conversar fiquei mais ansioso e mais feliz ainda! Sem contar na satisfação que foi enorme! Voltei à sala de aula, e sentado perto da janela, que me fazia refletir, coloquei meus fones de ouvido e procurei uma música linda para tocar. Como estava confuso, como estava perdido. Afinal, o que é isso que estou sentindo? Por que não passa? Olhei para as pessoas no pátio e, derrepente, aquela visão somada com as notas musicais da canção que eu ouvia me gerou um prazer enorme! Foi um dos meus melhores momentos! Como eu estava satisfeito!

- Tem certeza que você está bem? - Interrompeu minha amiga que surgiu do nada perto de mim.
- Nossa! Que susto! Nem vi você chegando!
- Ainda pensando no "alguém"?
- Por que? Está tão óbvio?
- Bem, eu acabo de chegar e me deparo com você, sentado na última carteira da sala. Vejo que está olhando fixamente para fora da janela, mas me surpreendo com seu doce sorriso direcionado ao nada. Decidi vim ver o que está acontecendo!
- Não é nada de mais! Estava olhando o céu!
- Mas ele está nublado!
- Não perto de mim! Olha que bizarro: este pedaço, bem em cima da janela, está sem nuvens. Está azul. Um azul celeste tão intenso que me contagia!
- Nossa! É verdade!
- Não é lindo?!
- O que você está sentindo afinal?
- Por que?
- Você está tão bobo e tão fofinho!
- Não sei o que estou sentindo ao certo, mas creio que o céu me dirá! Ele me diz muitas coisas! Olha, ele já disse que tenho esperanças!
- Disse?
- Esqueceu do azul brotando do cinza?!
- É verdade!

Senti uma brisa fria e gostosa que veio da janela e passou por entre meus cabelos, contornando toda a minha cabeça. Senti como se o céu quisesse me beijar! Descobri! Descobri o que sentia!

- Acho que estou...
- Está?
- Acho que estou me apaixonando!
- Sério?!
- Sim!
-...!
- Vê aquele pássaro voando bem alto, entre as nuvens?
- Sim. O que tem ele?
- Assim que estou agora! E assim que vou ficar! Voar alto! Viver esse sonho! Deixar esse sentimento me levar aonde ele for parar...

sábado, 6 de junho de 2009

Sábado e uma supresa.com.br

-Pai, mãe, estou saindo!
-Aonde você vai a essa hora da manhã, meu filho? - Perguntou minha mãe com a voz rouca de sono-.
-Para a aula mãe! Já são 6:30!
-Mas, hoje é sábado!
-Pois é! Tenho simulado, esqueceu?
-Ah! Então tá! Boa prova pra você!
-Obrigado! Beijo!
-Tchau!

E assim foi. Cheguei ao colégio, fiz a prova e quando estava voltando para casa lembrei que, como de costume, o destino sempre me reservava pessoas novas em dias de simulado. Pode parecer mentira, mas eu acreditava nessa superstição. Sempre acontecia comigo. Talvez, por acreditar nisso, eu acabe procurando meios para o tornar realidade. É, com certeza é isso...

As horas se passaram e navegando na internet, encontrei uma pessoa -na verdade, encontrei várias, mas apenas uma me interessou-. Começamos a conversar e nos conhecer...Poxa, foi a melhor coisa que me aconteceu na internet. Nunca acreditei que dava para fazer amigos nisso, sempre suspeitei. Mas, fiz. E o meu novo amigo era agora um cúmplice, talvez por saber o meu maior segredo, talvez por que, agora, eu gostava dele. Pode parecer imaturidade pensar assim, eu sei. Imaturidade sentir alguma coisa em relação à um recém conhecido, nem tão conhecido assim. Mas, eu sinto. E gosto de sentir. Sinto um carinho enorme por esse amigo, sou assim. É inevitável. Talvez por isso minhas amigas me chamam de "fofinho". Confio nas pessoas e sou muito sensível em relação aos sentimentos. Não tenho medo nem vergonha de assumir isso. Sentimentos fazem parte da vida humana. A amizade está nascendo entre a gente, e não será o medo e as incertezas que a alimentará, mas sim os sentimentos verdadeiros que adquirimos conhecendo a verdadeira essência um do outro. E isso, só com diálogos, convivências... Não custa tentar! Não vou desistir! É, a supertição funcionou, melhor do que o esperado...

-Oi!
-Oi! E ai? Como você está?
-Muito bem, e você?
-Também!
-Quero muito ser seu amigo!
-Eu já te considero um amigo!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Quarta e um pouco de expressão...


O tempo corria. E os minutos de prova iam se esgotando.


- Se o trânsito foi hierarquizado, significa que alguém tem certa superioridade, então, sabendo que os que dirigem se sentem superior aos que andam à pé, podemos afirmar que o texto faz uma reflexão sobre a ação da sociedade como interferência no trânsito. Então vai dar letra "a"!


O tempo continua correndo e eu continuo concentrado nas minhas provas.


- Se a coluna 6A contém os elementos Halogênios, então a 7A só pode ser os Calcogênios! Ah! Ficou fácil! Eles são elementos representativos, que é a resposta da letra "c". E pra responder a letra "d" basta olharmos a massa atômica, juntamente com o período e coluna para conseguirmos fazer a distribuição eletrônica.


Concentração. É a principal ajuda. Mas, há algo errado. Apesar de concentrado agora, não me foco durante os estudos. Tarde de mais, já estou nas provas. Estudar para mim era tão fácil, o que será que vem acontecendo? Por que será que não consigo mais? Desestímulo, talvez. Droga. Não gosto disso! Se eu quero um futuro brilhante para mim, eu tenho que estudar! Ser o diferencial. Enquanto ainda me falta esse estímulo, vou continuar tentando sair dessa penumbra. Vou voltar a ser o que eu era. Eu quero isso.


-1s² 2s² 2p³ = Carbono (C)... a) Oração coordenada sindética conclusiva... De acordo com o modelo atômico de Böhr... O menino não comia, pois já tinha almoçado...Então, os alcalinos terrosos representam...O fato de uma mosca ora pousar na mesa, ora pousar na pia... O que não condiz com Dalton, que acreditava que... A morte foi causada porque a menina comeu maionese com salmonela...Com isso, Rutherford descobriu o verdadeiro significado das... Orações subordinadas!...Justificando, assim, a importância da química...no português!


"Quatro e meia", dizia a mulher, indicando o final de mais uma tarde de prova. Lá estava eu, confuso com minhas respostas, mas certo de que não deixarei a chama do conhecimento se apagar de minha vida. Não mesmo!

terça-feira, 2 de junho de 2009

Terça e mais uma reflexão...


Observo atentamente ao meu redor. Alunos, amigos, colegas...Pessoas que viveram boa parte vida junto a mim. Olho pela janela e vejo as crianças do ensino fundamental nas filas esperando a professora vir apanhá-las. As mesmas filas de quando eu estagiava ali. Lembro da minha infância. Tenho saudade, mas não tenho vontade de voltar aquela idade. Era ingênuo, imaturo, mas feliz. Não que hoje eu não seja, mas jutamente por desconhecer a verdadeira realidade eu me sentia muito melhor. Volto a olhar a minha sala. Estou no meu último ano escolar. É engraçado pensar em uma vida depois da escola, ao mesmo tempo em que tenta lembrar o início nesse ambiente. Minha vida começa agora e não sei se estou preparado o suficiente para enfrentar esse mundo. Sair da teoria e começar na prática. Observo as pessoas mais velhas. Quantas decepções, quantos sonhos arruinados, quantas vitórias, quantas alegrias. Que medo de enfrentar a vida. Sei que consigo. Olho para o céu. O tão famoso sonho de andar com as próprias pernas me aflige tanto que nem a imensidão azul me conforma. Volto o olhar para as pessoas. Muitas não me fazem falta. Outras são altamente necessárias em minha vida. Quantas ainda virão? Quantas serão indispensáveis? Droga. Não gosto de pensar no meu futuro. Me imagino um homem estranho, inteligente. Um homem que apesar do sucesso se sente fracassado. Fracassado porque tentou, inutilmente mudar o mundo, e tentou mais inutilmente ainda tentar não se importar com isso. Apesar disso, sinto um grande conforto em me imaginar vivendo sozinho. Sendo auto-suficiente. E vou fazer de tudo para que esse lado do meu devaneio aconteça. Sonhos. Possuo muitos sonhos. Quem não possui? O maior desafio é realizá-los. Acredito que começar direcionando um foco é o principal. Cansei. Levantei da carteira e andei em direção à porta da sala. Comprimentei, com um sorriso e uma cara amassada de sono, umas pessoas que cruzaram meu caminho. O sinal tocou, indicando que era hora de voltar, para a sala e para a vida de sempre...

sábado, 30 de maio de 2009

Um terço de sábado...


Acordei. Não levantei da cama. Preferi imaginar o meu dia já planejado. Um dia perfeito. Havia esquematizado cada momento daquele sábado. Me sentia bem. Ia ser maravilhoso. Pensava em cada segundo de pura felicidade. Levantei, por fim. Andei, quase que pulando, até a cozinha e me servi de um lindo café da manhã. O tempo estava frio, do jeito que eu queria que estivesse. Achei mais perfeito ainda. Corri até o jardim e afundei meus pés descalços na grama macia. Olhei para cima, apesar de frio, o céu estava limpo. Respirei fundo. Senti o ar puro da manhã purificar toda a minha alma. Como estava feliz. Voltei para meu quarto com um lindo sorriso estampado no rosto. Resolvi tomar um banho. Acariciei os cachos do meu cabelos carinhosamente debaixo da água morna do chuveiro. Relaxei. Estava em paz. Paz de espírito, tudo porque o dia havia chegado. Ao sair do banho me vesti com muito cuidado, combinando cores e estampas. Escolhi um roupa clara, com cores não muito fortes. Me senti purificado. Me senti leve. Enquanto esperava o telefonema, resolvi assistir um filme. Horas se passaram. Comecei a ficar ansioso. Meus pais começaram a brigar. Comecei a me estressar. Fui incluído na discussão. Brigamos. Voltei para o meu quarto logo em seguida, não tão feliz como antes. Respirei fundo e resolvi me distrair na internet. Horas se passaram. Almoçei. Nada do telefonema. Resolvi ligar. Não me atenderam. Perdi o brilho do olhar. Comecei a perder, também, as esperanças. Passei a tarde inteira na frente do computador. Meu dia perfeito não tinha nada de perfeito. Não estava mais feliz. Nem me importava mais com os raios solares que entravam na minha janela. Deu tudo errado, por fim. Nada do que havia programado aconteceu. Me entristeci.

Refleti: Valia a pena? Valia a pena ficar triste porque não deu certo o programado? Pensei no quão estava feliz mais cedo, e conclui que não valia a pena. As coisas acontecem porquê tem que acontecer. Não devemos nos prender nas ilusões de programações imprecisas. Se há saída, saia. Se há volta, volte. Se há caminho, siga. Mas, nunca pare no meio. Voltei a sorrir. Levantei da cadeira e fui fazer valer a pena aquele resto de sábado. Um resto que, apesar de pequeno, me deu muita felicidade.