domingo, 28 de junho de 2009

No balanço Dó Ré Mi...

Hoje ela sentia-se leve. Leve como as notas de uma melodia. Às vezes, inclinava o corpo seguindo o ritmo doce da música. Estava sozinha. Ela e o seu eu interior em perfeita sintonia. A calmaria da música misturava aos movimentos suaves que seu corpo fazia. Retorcia a cintura vagarosamente ao mesmo tempo em que, com os braços suspensos no ar, fingia tocar alguma coisa. Como se a música entrasse na pontas de seus dedos e percorresse todo o seu corpo. Estava equilibrada. Havia espaço suficiente para dançar, mas seus passos eram tímidos e leves.

Em certo momento daquela dança o estilo da música mudou. Passou a ser bem mais rápida e menos suave. As batidas eram fortes, exageradas. A moça colocou as mãos nos joelhos e requebrou conforme a música. Estava muito mais solta. Fazia movimentos extravagantes. Seu corpo continuava em sintonia, mas muito perturbado. Dançava bem. O espaço parecia ser insuficiente. Estava bem atraente. A moça gostava da nova mudança. Balançava a cabeça para os lados de modo a volver o cabelo ao seu redor. Requebrava o quadril de maneira violenta e nem um pouco tímida. Ia até o chão. Dava pulos com o ritmo. Sentia a respiração ofegante, mas não tinha vontade de parar. Se arremessou ao chão. Recuperou os sentidos e começou a chorar. Estava confusa. Mudar o ritmo da música é como mudar o ritmo da vida. Saiu da calmaria e timidez para entrar no arriscado, mas diferente. Gostava dos dois. Na vida calma ela tinha conforto, mas na vida arriscada ela tinha a independencia. Descobriu que devia viver no meio termo. Sem muita monotonia, mas sem muita ousadia. Sacou que o certo era, independentemente da música, nunca perder o ritmo. Levantou-se e continuou a dançar...

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