quinta-feira, 11 de junho de 2009

O doce sabor de nosso amor...


É noite. O tempo está frio. Nenhuma estrela no céu. Deitado na cama tento, inutilmente com as mãos, esquentar os pés frios. Um frio intenso que se iniciava na ponta dos dedos, perdendo sua intensidade à medida que se aproximava do calcanhar. Ainda deitado resolvo me encolher, dobrando as pernas, segurando-as próximo aos joelhos com os braços. Inclino a cabeça lentamente para cima fitando, assim, o rádio relógio que estava posicionado em cima do meu criado mudo. Onze horas e quarenta e dois minutos, indicava. Levanto. Dou alguns passos em sentido aleatório no meu quarto. Abro a janela cuidadosamente, de forma a não fazer nenhum ruído para não correr o risco de acordar meus pais. O céu está totalmente escuro, sem nenhum ponto luminoso que o dá vida durante à noite. Não me importei. Mesmo não querendo se mostrar, eu sabia que o Cruzeiro do Sul, as Três Marias, a própria Lua, entre outras estrelas, estavam ali. No mesmo lugar de sempre. Fechei os olhos, respirei fundo, de forma a aspirar todo o ar gélido da noite possível. Parei de respirar por um instante, sentindo todo aquele ar, anteriormente absorvido, congelar cada alvéolo dos meus pulmões. Beijei o nada. Senti meu corpo rodopiar. Abri os olhos assutado e vi toda aquela imensidão escura do céu entrar pela janela e invadir o meu quarto. Senti cada pedacinho do meu corpo sendo preenchido pela escuridão da noite, me levando para outro tipo de dimensão.


Era um lugar lindo. Havia uma gigantesca plantação de morango. O cheiro dos morangos dominava o ar. Caminhei, admirado, até o pé mais próximo de mim, e arranquei, cuidadosamente, uma fruta. Ao mordê-la pude sentir seu gosto doce completando minha vida. Uma faixa do saboroso líquido armazenado na fruta escorreu pelo meu queixo, onde foi se acumulando até pingar no solo. Me sinto mais leve a cada mordida que dou no pedaço daquele suculoso vegetal que se encontrava entre meus dedos. Ainda em estado profundo de prazer percebo que não estava sozinho. Do outro lado do corredor de pés de morango, próximo a uma árvore, não muito longe de mim se encontrava uma pessoa. Uma pessoa que me admirava curiosamente. Quando ela percebeu que eu havia notado sua presença, veio andando em minha direção. A cada passo dado, meu coração pulsava intensamente, quase a explodir. Até que, finalmente, ela se enontrava ao alcance de meus braços. Admirei cada traço de seu rosto. Eu a conhecia. Era a minha doce e amável paixão. Peguei mais um morango e coloquei em minha boca, de forma a segurá-lo com os lábios. A pessoa não exitou, passou as mãos em meus cabelos, estacionando-as em minha nuca, de forma a segurá-la, e aproximando-se, mordeu o morango que se encontrava prensado em minha boca. Nossos lábios se tocaram. Passei meus braços sobre seus ombros e me deixei levar por esse beijo que tanto sonhei. O gosto de sua boca misturado ao doce do morango me levou à loucura. Estava conhecendo naquele momento um pedaço do paraíso. Não sentia mais o chão embaixo dos meus pés. Nossos lábios, enfim se separaram e eu ainda sobre o efeito do beijo agarrei seu corpo de forma a dar um longo abraço apertado. Sentindo o cheiro de seus cabelos e o seu coração pulsar sobre o meu. Inclinei, levemente, a cabeça para cima e me deparei com um Sol imenso a nos iluminar. O céu estava claro e perfeito. Mas, algo estava estranho. A estrela solar estava, a cada segundo, aumentando o seu tamanho, até que, preencheu todo o espaço da plantação. Não pude ver mais nada, a não ser um clarão que dominava todo o meu eu. O clarão estava diminuindo e, com ele o cheiro dos morangos. O sol se transformou em lua. A pessoa havia desaparecido, assim como o campo perfeito onde eu a encontrei. Estava, novamente, no meu quarto. O céu continuava nublado, mas com uma diferença: agora a lua estava visível! Fechei a janela e me deitei satisfeito na cama, indo, enfim, dormir e viver mais um doce sonho.

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