segunda-feira, 15 de junho de 2009

Chocolate quente, quente amor...


Havia uma leiteira. Ela era alaranjada do lado de fora e branca por dentro. Possuía pequenos vestígios de ferrugem no prego que segurava sua alça. Não era muito bonita. Mas, era bem útil. Um líquido estava sendo despejado dentro dela. Era leite. Junto com ele, foram adicionados uma colher de chá de café solúvel e duas colheres de sopa de chocolate em pó. Ligaram o fogão. Misturaram aquela solução e esperaram mornar. Antes de começar a ferver o leite, apagaram o fogo e, segurando a leiteira despejaram todo o seu conteúdo em uma xícara de porcelana. Caminhei até a mesa onde me servi de alguns biscoitos de fui em direção à sala. Sentei no sofá, cubri meu corpo, dos pés à cintura com o edredon que se encontrava ali. Liguei a televisão e comendo biscoitos, tomando chocolate quente, e protegido do frio comecei a passar o tempo, arranjando meios de me distrair, esquecendo as coisas ao meu redor. A distração foi maior do que o esperado. Olhando para a xícara e acompanhando o movimento da fumaça que saía do chocolate quente, comecei a pensar nas coisas que me confortavam, assim como eu estava agora. Não coisas materiais, mas lugares, situações e pessoas.
Eu tenho um jeito de ser muito bizarro. Tenho um olho a mais. Não um olho que enxerga apenas o que podemos tocar. Um natural de todo ser humano. Mas, um olho subjetivo, indiscritível, que não se encontra na testa, ou na face, nuca, etc. Um que não pode ser visto, nem mesmo tocado. É uma característica muito especial para mim. Não sei quem eu seria sem ela. Talvez, a fumaça do chocolate, que vai a cada segundo se esvaindo e misturando no meio das impurezas do ar. Enfim, este olho é o que se encontra em minha alma, que está diretamente ligado ao meu coração. É um olhar que não vê riqueza material, que não vê cor dos cabelos, cor da pele, estatura, massa corpórea, opção sexual, etc. É um olhar muito mais amplo. Que vê e analisa a verdadeira essência de cada um. A alma. O coração. E é com esse tipo de olhar que eu procuro sempre ver as pessoas. Criar laços, sentimentos. E foi, assim que me apaixonei. Me apaixonei por um coração puro. Com muitas cicatrizes. Umas novas, outras velhas, algumas abertas, outras fechadas. Um coração simples, mas muito bonito. Sua alma é pura, sensível, inocente, frágil, encantadora. Me perdi no meio de tantas qualidades. Não nego que vejo confusões, ignorâncias, precipitações, defeitos. Mas creio que são características inferiores, e compensadas pelas tantas belezas. Que não são poucas. Diria que encontrei nesse coração um tesouro, o qual não quero deixar perder. Faria e farei de tudo para proteger essa aura, que jamais deve ser tocada pelo veneno, magoada pela ignorância, machucada pela escuridão. Escuridão, esta, que não permitirei ser atingida. Na falta de luzes, brilharei intensamente, fazendo o que for preciso para trazer a alegria de volta. Amo intensamente, e me apaixono mais ainda com o passar dos dias, à medida que exploro os túneis nunca atingidos pelo amor. Te quero bem, o melhor possível. Você me traz conforto, paz. Assim como o chocolate quente em um dia frio como hoje. Assim como um chocolate quente...

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