quarta-feira, 10 de junho de 2009

Quarta mais apaixonado


Hoje eu senti um desespero fora do comum. É como se conversar com você fosse essencial para mim. As coisas começam a acontecer comigo de uma maneira tão bizarra e tão inesperada que, sem jeito eu me vejo envolvido, altamente envolvido no meio de todo esse sentimento. Sentimento esse, que não busquei, mas veio até mim. Sei que posso estar pensando precipitadamente, mas é como eu disse, veio até mim. Não acho ruim essa situação, muito pelo contrário, me sinto livre, leve e muito satisfeito.

-Mas você nem conhece direito! - Indagou minha amiga preocupada-.
-Ah! Mas conversamos muito!
-Dois dias é muito?!
-Doze horas seguidas!
-Mesmo assim! Acho que você se expõe de mais!

Pode ser. Pode ser que eu me exponha de mais. Mas, ela não vai entender, assim como ninguém entenderia. Apesar da distância, a pessoa que me despertou esse sentimento é alguem com quem me identifico, de alguma forma. A sua presença me conforta, nossos assuntos me tranquilizam. Talvez, o fato de me fazer tão bem seja o principal motivo desse sentimento. Mesmo não nos conhecendo pessoalmente, sinto sua aura pura, sinto inteligência e principalmente sinto o seu coração. O mais importante eu já conheço e estou conhecendo. O físico, o corpo, a carne não importam. São todos elementos que se corroem com o tempo, que acaba um dia, ao contrário da essência, que se mantém a mesma, forte e limpa. E foi por essa essência que me apaixonei e estou me apaixonando.

Ontem, na internet digitei trechos dos livros de Caio Fernando Abreu para umas pessoas alatórias que não conheço recebendo, em troca, outros trechos. As pessoas tentaram me descrever. Descrever meus sentimentos através de fragmentos escreitos por Caio. Recebi um que dizia: "...um único homem perdido na noite, afundado nesse aquário de águas sujas refletindo o brilho de neon. Peixe cego ignorante de meu caminho inevitável em direção ao outro que contemplo de longe, olhos molhados, sem coragem de tocá-lo. Alto de noite, certa loucura, algum álcool e muita solidão.'' Refleti bastante em cima disso. Era exatamente assim que me sinto: solitário. Perdido no meio de uma solidão positiva, que me faz refletir sobre o mundo, aguentar tudo em silêncio, o silêncio que foi tema de outro trecho: "Quanta tranqüilidade, quanto silencio. Ah essa coisa sagrada, o silencio. Onde habitam os anjos. No mais perfeito e absoluto silêncio".
Mas, a solidão acabou. Talvez, por ter encontrado um semelhante. Alguém que se encontrava na mesma situação, na mesma solidão. Um outro peixe que emite luz neon no meio da água suja, que nem diria Abreu. Portanto, nós dois, juntos, podemos ajudar um ao outro. Completar um ao outro. Doce impressão, doce sonho...

Um comentário:

  1. Mas você nem conhece direito! - Indagou minha amiga preocupada-.
    -Ah! Mas conversamos muito!
    -Dois dias é muito?!
    -Doze horas seguidas!
    -Mesmo assim! Acho que você se expõe de mais!
    Eu sei quem disse isso..

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