segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Felizes para sempre( lê-se enquanto dure)

Ele estava seco, de poucas palavras. Ela estava preocupada, com o coração pulsando.

Ela: O que foi?
Ele: Nada.
Ela: Você está estranho. Aconteceu alguma coisa?
Ele: Não.
Ela: Você está triste? Eu te fiz alguma coisa?
Ele: Não, amor.

"Amor". Foi um amor tão duro e seco que trincou o coração que ela segurava nas mãos.

Ela: Você está estranho comigo!

Ele se virou pra ela sem nenhuma expressão desenhada na face. Pegou a escova de dentes e o creme dental esperando ela dar continuidade à sua insistência de que algo acontecia.

Ela continuou: Você está seco, frio!
Ele: A gente precisa conversar.

Ela se sentou na cama, próxima a porta do banheiro. Ele guardava o creme dental depois de usá-lo. Ela esperava com o coração nas mãos, mais aflito do que nunca.

Ele começou: Você é muito intensa. Você ama demais.
Ela apertou o coração entre os dedos: Isso é ruim?
Ele continuou: Amor demais é exagero. Tudo em excesso estraga.
O coração sangrava.
Ele: Não sei se eu estou certo, ou se é você quem está. Mas a gente é muito diferente. Você é muito sensível. Sente demais as coisas. Talvez eu não consiga te corresponder.
Os olhos dela enchiam de lágrimas. E ela segurava pra não chorar.

Ele: Você tem que ser forte, sabe? Parar de sonhar demais. O futuro é tão incerto. Eu acho que eu preciso...ficar sozinho, entende?
Ela abraçou as pernas, segurou as lágrimas o mais forte que pode e viu seu coração deteriorar-se em suas mãos.
Ele: Eu te amo, juro que te amo. Mas eu...eu acho que namorar não seja tão apropriado pra mim. Não que eu não queira. Mas eu preciso de um tempo sozinho...
Com os olhos turvos de lágrimas ela encarou-o. Ele continuava sem nenhuma expressão desenhada no rosto. Nem de amor, nem de pena. Expressão de nada.
Ele: O que a gente faz?
Ela sussurrou pra si mesma: desculpa coração. Desculpa por te decepcionar tanto assim. Mais uma dor, mais uma ferida, mais uma cicatriz. Desculpa, desculpa...

O coração jorrava sangue até não poder mais. As mãos dela não suportavam de tanta agonia. O sofrimento era terrível. A dor, inevitável.

Ele repetiu: O que a gente faz?
A frieza também dominava a sua voz.
Ela com muito esforço e sabendo que iria se arrepender, disse: É melhor a gente parar por aqui.
Ele nem um tanto surpreso: Você acha?
Ele se virou e voltou a escovar os dentes.
Ela disse segurando as lágrimas com toda a força que tinha: É melhor, pra eu não sofrer mais, pra você não sofrer. Pra evitar problemas posteriores, evitar que a bola de neve cresça...
Ele encarou-a, e com o rosto intacto, sem nenhuma manifestação sentimental disse: Então me abraça.
Aquilo a matou. O coração escorregou das suas mãos. Ela não tinha mais forças pra segurar as lágrimas e, chorando, rejeitou o abraço e disse: Por favor, agora não. Sério, me desculpa...
Ele sentou, calçou o tênis, olhou-a sem expressão nenhuma. Finalmente ela viu uma gota quase seca de lágrima correndo na cara intacta dele.
Ele a amava. Mas tinha medo do amor, das consequências de quem se entrega ao amor.

3 comentários:

  1. É ruim ter medo do amor, do que ele pode nos causar... mas isso nao impede de tentar, o amor só será realmente amor quando torná-lo de outro alguém! =)

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  2. E este talvez seja o pior de todos os medos.
    Parabéns! Ótimo, lindo e duro como a realidade!

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  3. Muito obrigado gente! :)
    O medo do amor é realmente um grande problema. Mas a vida ensina a melhor maneira de enfrentar isso, tanto quando se trata da primeira ou da segunda pessoa. Enfim...
    Muito obrigado :)

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