sábado, 10 de março de 2012

Afável amor

Apaixonar-se é uma condição muito controvérsia. O coração se alegra infinitamente fácil com o mínimo gesto de uma pessoa apaixonante para com o apaixonado. Porém, a falta de gestos desencadeia uma angústia profunda capaz de nos tirar o sono. Apaixonar-se é cruelmente bom. É o portão de entrada para a admiração. Que é o caminho para o amor. Que, por sua vez, é o elemento chave capaz de nos fazer engolir sapos, ferir o ego, quebrar conceitos, e o que quer que seja para que aceitemos as diferenças do sujeito amado. Diferenças essas que, ora nos acrescentam, ora nos ferem. Amar é infinitamente cruel. Cruelmente bom.

Fisiologicamente amar é perder o apetite, suar frio, oscilar a pressão sanguínea entre picos elevados e quedas bruscas. Amar é sentir os batimentos cardíacos te tirar o fôlego. A respiração ofegante. As mãos trêmulas. É sorrir atoa, gaguejar, olhar pra tudo e nada ao mesmo tempo. É se desligar da realidade, cantar repetidamente o verso de uma canção. Amar é perder o foco. Andar sem rumo, suspirar pelos cantos. Fisiologicamente, amar é visível. Amar é sofrível. É angústia, ansiedade. Amar é choro escondido, orgulho ferido, sorriso dolorido. Amar machuca, emagrece, engorda. É o tapa na cara, o choque de realidade, a facada no peito. Dor insuportável, alegria incontrolável. Independentemente, amar é paradoxo.

A paixão inicia, o amor termina. A paixão ensina, o amor apóia. A paixão inova, o amor conforta. A paixão renova, o amor suporta. A paixão cega, o amor revela. A paixão e o amor intensificam. A paixão e o amor alegram. A paixão e o amor se completam. São faces de uma mesma moeda que, em conjunto, sustentam a vida. Recheiam os dias. Apaixonar é se arriscar. Amar é se entregar. Depois da paixão vem o amor. A paixão por você ainda não acabou, mas o amor já começou a brotar.

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