sábado, 6 de fevereiro de 2010

Para se aprender, passarinho.


Ele estava novamente sozinho, imerso nos pensamentos profundos de sua inquieta cabeça. Alguns amigos se encontravam pra conversar coisas que ele não podia ouvir, outros se divertiam sem se lembrar dele. Existiam, ainda, alguns que se lembravam mas, ou desmarcavam os encontros, ou o convidava para ir a lugares que ele não queria ir.


Deitado perpendicularmente à cama, de forma que as pernas ficassem ligeiramente dobradas e o joelho ao encontro do chão, pressionei minha cabeça no colchão, como se quisesse afundar todos os meus pensamentos que despencavam dentro de mim. Olhei para o telefone na expectativa de receber um telefonema com uma notícia boa. Olhei as horas. Nada. Nada me animava. A sensação de alguma-coisa-me-perturba não parava de martelar na minha consciência. Saber que eu sinto, mas que não posso expressar o sentimento massacrava o meu coração. Viver jogado de lado, como se minha presença, minhas opniões, ou simplesmente o fato de eu existir não fizesse a menor diferença destruía a minha alma. Estava perturbado, anulado e largado. Estava feliz e triste, amando e odiando, chorando e rindo, estava paradoxal, mas estava sendo eu mesmo. E, por mais que eu me rejeitava por não ser o que eu gostaria ser, eu me amava por ser do jeito que eu sou: diferente, especial e único. Não sou perfeito, mas sou o meu melhor hoje, porque amanhã é outro dia e outro grau de aprendizagem.


Arruma, desarruma, embola e desembola. Estava tentando organizar idéias, arranjar definições, procurar soluções. Contudo, a limpeza mental foi interrompida no momento em que um filhote de rolinha pousou na minha janela, na sua primeira tentativa de alçar voo. Observei-a atentamente e percebi o quanto estava assustada. Ainda não sei se foi por causa do voo, ou por causa da minha presença, apenas sei que foi o momento epifânico que me faltava. Um ser jovem que enfrenta as dificuldades do início de uma jornada da vida, mas mesmo com todas as dificuldades do início e os riscos de falhar, persiste sem fraquejar em busca do sucesso que tanto almejou. Se um dia ele será um vencedor? Só depende dele e de mais ninguém!


O passarinho caminhou de um canto a outro da janela até arriscar finalmente uma outra tentativa de voo, e dessa vez ele conseguiu.

3 comentários:

  1. Fico feliz quando acontece coisas assim, sutilezas que nos fazem analisar, repensar sobre o que estamos vivendo. Tenho um texto parecido, mas minha analogia foi com uma lagarta-borboleta http://filleverte.blogspot.com/2009/11/hoje-sai-de-casa.html. Gosto do modo que você escreve :} :**

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  2. "pressionei minha cabeça no colchão, como se quisesse afundar todos os meus pensamentos que despencavam dentro de mim. Olhei para o telefone na expectativa de receber um telefonema com uma notícia boa."

    exatamente. Minha confusão é assim, o pior é que ao contrário de vc, eu não sei o que sinto.

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  3. Eu também May! E é o que mais acontece comigo: momentos epifânicos com pequenos gestos! É incrível! :)

    Lola, a definição pras confusões internas são sempre confusas!( clichê, não?!) Haha Enfim, sinta o momento e tente ver o que te incomoda, não pra achar um definição, mas um solução, quem sabe... Hahaha! Te amo, alma gêmea! :)

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