terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Desafiando a gravidade


Sentei em uma daquelas coisas brancas e grandes que parecem ser muito confortáveis. Afundei quatro dedos nessa coisa e vi ela fluir como se nada estivesse ali. Resolvi então pegar um bocado e, com a mão em concha, suspendi na altura dos olhos uma porção de fumaça branca que foi, aos poucos, se tornando invisível. A coisa, com o tempo ia mudando de forma, se expandindo ou encolhendo dependia do vento que vinha de um canto bem distante trazer novos ares e levar os velhos. A coisa era uma nuvem. E eu estava desafiando a gravidade sem saber como. À minha frente e dos meus lados eu só via outras nuvens e um imenso azul celeste. Em baixo eu via a cidade grande que só me alcançava através dos gases poluentes que suas máquinas e seus carros mandavam em minha direção. Mas eu não me deixava envolver e continuava puro e desafiando a gravidade.




Com uma cara de não-sei-o-que-está-acontencendo-mas-pretendo-descobrir-o-mais-rápido-possível eu me levantei da nuvem e arrisquei subir n'outra que navegava por ali perto. Uma rajada fria e forte de vento me envolveu e me lançou fora do meu único apoio. Começei a cair e a ganhar velocidade. Mesmo em queda, eu continuava a desafiar a gravidade, e desafiar é para os poucos. A harmonia estava quebrada. A velocidade no seu ápice. O choque com o solo se aproximava. Mas, mesmo assim, eu tentava me tranquilizar até, finalmente, relaxar e poder dizer que não me importava, porque eu estava sonhando. E nos sonhos a gente toma o rumo que queremos tomar. A gente vai onde o nosso coração quer nos levar. E, mesmo em queda quem arrisca sonhar, desejar, desafiar a gravidade e acreditar no que quer, tem grandes chances de alcançar! A vida tem que ser recheada de sonhos. Além de ser um motivo pra dar mais prazer e graça, os sonhos são a inspiração da vida, o que preenche, colore e intensifica estes prazeres. "Poder" não é "querer", mas "querer" é acreditar no "poder". E, quem quer sonhar, pode realizá-lo.

Continuava a cair, e segundos antes de tocar o solo, acordei.



3 comentários:

  1. Que lindo, Carlo!
    Aplausos (mais uma vez) pra você, meu querido poeta! :)

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  2. Carlo.
    Eu rogo ao meu repouso que me leve a esse sonho.
    Sonhar com essas palavras que além de elaboradas traduzem sentidos e nos concedem momentos.

    Parabéns pelo blog.

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