segunda-feira, 16 de agosto de 2010

À espera do amanhecer

Respiração, escuro, medo. O tic-tac do relógio ecoava pela cozinha e chegava até o meu quarto. A água gotejava dentro do filtro de barro emitindo um som que também era perceptível de onde eu estava. Solidão. Meu coração apertava dentro do meu pijama exigindo dos meus olhos um pouco de lágrima pra manifestar essa solitude da qual me cercava. Distraia com o som do vento empurrando a porta me causando medo. O escuro, tão inofensivo, me despertava certo receio, como se todas as coisas pudessem me cercar debaixo daqueles edredons. Eu me sentia a pessoa mais vulnerável do mundo. Meu coração, então, de apertado passava pro acelerado e essa inconstância arrancava de meus lábios uns certo sopro ofegante que se denotava na minha respiração. 'Treck': a janela estalava devido à dilatação do metal por causa da queda de temperatura durante o dia. Mesmo sabendo disso, esse estalo serviu de mais um estímulo para todo o meu medo crescente. Estava sozinho, encolhido entre as cobertas e respirando ofegantemente enquanto meu coração acelerava descompassado. Fiquei triste e a vontade de chorar não era devido, simplesmente, à toda essa sonoridade ameaçadora, mas a ausência da presença dos alguéns tão especiais que a vida me proporcionara e que ali não estavam. Tentando concentrar na minha respiração e acompanhando lentamente o som propagado por ela até finalmente dormir.

Morava sozinho, no meio de uma cidade nova onde não conhecia ninguém. Era natural que sentisse medo, solidão. E com o passar dos dias, estava ficando cada vez mais natural esse ritual antes de dormir. Toda noite lágrimas, medos, suspiros...
Adormeceu.

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