sábado, 8 de maio de 2010

Inusitado verdadeiro

Era noite. Faltavam exatos dez minutos para completar meia-noite. Ele cheirava a sabonete de lavanda e alecrim. Abriu a janela do quarto por onde observou o céu. Pensou se estavam pensando nele. O coração apertava. Uma onda de sensações se desprendia do seu corpo. Estava leve. Deu vontade de sorrir e ele sorriu, logo depois mordeu o lábio inferior como sempre fez inconscientemente. Os olhos brilhavam e refletiam quase com perfeição a luz da lua e das estrelas que se encontravam ali, naquele pequeno portal pra alma. Sorriu mais uma vez. Levou a mão ao peito e sentiu um misto de prazer e dor. Estava alegre. Tinha vontade de correr, de voar. Largou o céu por uns instantes, pegou o computador e sentou novamente perto da janela. Antes de voltar a olhar a noite, abriu a foto de quem despertava toda essa sensação no seu corpo, alma e coração. Seus olhos vibraram. Seus lábios sussuraram um nome, provavelmente o nome de quem ele começava a amar. Um nome forte, um nome bonito, um nome que possuía total harmonia entre as vogais e consoantes, um som que ecoava dentro dos seus ouvidos, mas principalmente dentro de seu espírito. Um nome que designa uma pessoa, mas que pra ele representa uma alma, de alguém incomum que conseguiu a permissão de se aventurar por entre as portas ocultas do seu coração, alguém que conseguia lê-lo, alguém que o completava. Estendeu uma das mãos e passou com compaixão e carinho no rosto da foto. Sorriu mais uma vez. Não cansava de sorrir. Estava feliz. Estava completo. O amor nasce assim: nos momentos secretos e inconfundíveis de si mesmo. Nas diferenças e semelhanças de duas pessoas que se completam, preenchem. A alma fica serena e em paz. O sorriso é maior do que a boca consegue mostrar. O coração diz que ainda está vivo, e a cada batida, mais forte e intenso. Os olhos enxergam mais cores e brilhos e transcendem para o intrínseco de cada ser no mundo. Ali, naquelas sensações silenciosas, naquele sentimento que começava a se tornar grande, o menino se apaixonava. E ninguém no mundo, além de mim sabe como aquele garoto na janela em plena virada de noite estava se sentindo. Voltar a sentir o que ele achava que nunca mais sentiria: o amor.

Era o fim de sábado dia 08 e início de domingo dia 09. Mas todo esse sentimento começou com uma inusitada conversa que aconteceu à duas semanas atrás, exatamente na segunda-feira dia 26 do mês anterior. E agora não tem mais fim...

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